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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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APORIA 75 APRENDIZADO ou APRENDIZAGEM<br />

APORIA (gr. àrcopía; in. Aporia; fr. Aporie,<br />

ai. Aporie, it. Aporia). Esse termo é usado no<br />

sentido <strong>de</strong> dúvida racional, isto é, <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

inerente a um raciocínio, e não no <strong>de</strong><br />

estado subjetivo <strong>de</strong> incerteza. É, portanto, a<br />

dúvida objetiva, a dificulda<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> um<br />

raciocínio ou da conclusão a que leva um raciocínio.<br />

P. ex., "As A. <strong>de</strong> Zenão <strong>de</strong> Eléia sobre o<br />

movimento", "As A. do infinito", etc.<br />

A POSTERIORI. V A PRIORI.<br />

APREENSÃO (lat. Apprehensio; in. Apprehension;<br />

fr. Appréhension; ai. Apprehenzion,<br />

it. Appreensíone). Termo introduzido pela Escolástica<br />

do séc. XIV para <strong>de</strong>signar o ato com que<br />

se apreen<strong>de</strong> ou se toma como objeto um termo<br />

qualquer (conceito, proposição ou qualida<strong>de</strong><br />

sensível), distinguindo-se <strong>de</strong> assentimento(y~),<br />

com que se julga a seu respeito, isto é, afirmase<br />

ou nega-se. Ockham diz: "Entre os atos do<br />

intelecto, um é o apreensivo, que se refere a<br />

tudo o que é promovido pelo ato da potência<br />

intelectiva, e o outro po<strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong><br />

judicativo, pois com ele o intelecto não somente<br />

apreen<strong>de</strong> o objeto, mas também assente nele<br />

ou dissente <strong>de</strong>le" (In Sent., prol., q. 1, 0). O ato<br />

apreensivo po<strong>de</strong> consistir na formação <strong>de</strong> uma<br />

proposição ou no conhecimento <strong>de</strong> um complexo<br />

já formado (Quodl., V, q. 6). Essa palavra<br />

também é empregada por Wolff (Log., § 33) e<br />

Kant a utilizou na primeira edição da Crítica da<br />

Razão Pura (Dedução dos conceitos puros do<br />

intelecto), ao falar <strong>de</strong> uma "síntese da A.", que<br />

consistiria em recolher o múltiplo da representação<br />

<strong>de</strong> tal modo que <strong>de</strong>le surja "a unida<strong>de</strong> da intuição".<br />

Às vezes, no uso mo<strong>de</strong>rno, A. vem<br />

contraposto à compreensão como conhecimento<br />

primitivo ou simples que não contém nenhuma<br />

explicação ou valorização do objeto apreendido.<br />

APRENDIZADO ou APRENDIZAGEM (gr<br />

Há0T]cn.ç; in. Learning; fr. Apprendre, al. Erlernung;<br />

it. Apprendimento). Aquisição <strong>de</strong> uma<br />

técnica qualquer, simbólica, emotiva ou <strong>de</strong><br />

comportamento, ou seja, mudança nas respostas<br />

<strong>de</strong> um organismo ao ambiente, que melhore<br />

tais respostas com vistas à conservação e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do próprio organismo. Esse<br />

é o conceito que a psicologia mo<strong>de</strong>rna dá <strong>de</strong><br />

A., apesar da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> teorias que apresenta.<br />

Esse conceito, além disso, não é senão a<br />

generalização <strong>de</strong> uma noção antiqüíssima <strong>de</strong><br />

A., consi<strong>de</strong>rado como forma <strong>de</strong> associação. Foi<br />

Platão o primeiro a ilustrar essa noção com sua<br />

teoria da anamnese: "Sendo toda a natureza<br />

congênita e tendo a alma aprendido tudo, nada<br />

impe<strong>de</strong> que quem se lembre <strong>de</strong> uma só coisa<br />

— que é o que se chama apren<strong>de</strong>r — encontre<br />

em si mesmo todo o resto, se tiver constância e<br />

não <strong>de</strong>sistir da procura, porque procurar e apren<strong>de</strong>r<br />

nada mais são do que reminiscência" (Men.,<br />

81 d). O A. é, segundo Platão, <strong>de</strong>vido à associação<br />

das coisas entre si, pela qual a alma po<strong>de</strong>,<br />

após haver captado uma coisa, captar também<br />

a outra que a esta se encontra vinculada. Não<br />

foi substancialmente diferente a teoria proposta<br />

por Herbart: o A. é apercepção (v.). A<br />

apercepção, para Herbart, é o fenômeno pelo<br />

qual uma "massa <strong>de</strong> representações" acolhe em<br />

si uma nova representação que po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> algum<br />

modo, ligar-se àquelas (Psychol. ais Wissenschaft,<br />

1824, II, 125 ss.). Teoria semelhante foi exposta<br />

e ilustrada porWundt (Grundriss<strong>de</strong>rPsychologie,<br />

1896, p. 249 ss.), e <strong>de</strong> Wundt passou a toda a<br />

psicologia psicofísica.<br />

Na psicologia contemporânea, o mesmo<br />

conceito <strong>de</strong> A. como associação foi ilustrado e<br />

posto em novas bases por Thorndike, que formulou<br />

sua doutrina com base na observação<br />

<strong>de</strong> organismos animais, mas cujas conclusões<br />

logo foram estendidas ao homem. Segundo<br />

Thorndike, o A. é um processo <strong>de</strong> tentativas e<br />

erros (Trial and Error), guiado pela operação<br />

<strong>de</strong> prêmio e punição. As primeiras reações a<br />

uma situação problemática são dadas ao acaso.<br />

Quando uma <strong>de</strong>ssas reações obtém êxito, é<br />

escolhida nas tentativas seguintes, logrando<br />

enfim eliminar as outras. Thorndike formulou a<br />

chamada lei do efeito, segundo a qual a resposta<br />

a um estímulo é reforçada se seguida por um<br />

prêmio. Segundo Thorndike, esses dois fatores,<br />

a repetição da reação adivinhada e o prêmio,<br />

bastam para explicar todos os processos do A.<br />

e, portanto, toda a conduta do homem (cf.<br />

AnimalIntelligence. ExperimentalStudíes, 1911;<br />

The Psychology ofWants, Interests andAltitu<strong>de</strong>s,<br />

1935, esp. p. 24). Mais recentemente, as mesmas<br />

idéias foram generalizadas por Hull, que<br />

insistiu nos móveis do A., vendo neles um estado<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>. Um estímulo condicionado<br />

po<strong>de</strong> permanecer ligado a uma resposta que<br />

o segue só se esta produzir uma diminuição da<br />

necessida<strong>de</strong> (Principies ofBehavior, 1943).<br />

Se essa doutrina é ou não suficiente para<br />

explicar o A. humano, é coisa em que os psicólogos<br />

não estão <strong>de</strong> acordo (cf. a discussão respectiva<br />

em E. R. HILGARD, Theoriesof Learning,<br />

1948). A dúvida diz respeito ao problema <strong>de</strong><br />

saber se o A. consiste simplesmente em dar<br />

respostas adivinhadas ou se também implica a

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