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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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INCONSCIENTE 551 INDEMONSTRÁVEL<br />

seja, a corrente da consciência que é o próprio<br />

elã vital.<br />

Mas enquanto o I. era assim utilizado pela<br />

metafísica e enquanto a psicologia o admitia,<br />

mesmo a contragosto, como um dado <strong>de</strong> fato,<br />

seu conteúdo era completamente renovado por<br />

Freud, que apresentava as duas teses fundamentais<br />

da psicanálise da seguinte forma: "A<br />

primeira <strong>de</strong>ssas premissas é que os processos<br />

psíquicos são em si mesmos inconscientes e<br />

que os processos conscientes são apenas atos<br />

isolados, frações da vida psíquica total." A segunda<br />

proposição que a psicanálise proclama<br />

como uma <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scobertas é a afirmação<br />

<strong>de</strong> que "tendências que po<strong>de</strong>m ser classificadas<br />

apenas como sexuais, em sentido estrito<br />

ou amplo da palavra, agem como causas <strong>de</strong>terminantes<br />

<strong>de</strong> doenças nervosas ou psíquicas e<br />

que essas emoções sexuais <strong>de</strong>sempenham papel<br />

importante nas criações do espírito humano<br />

nos campos da cultura, da arte e da vida<br />

social" {Einführung in die Psychoanalyse, 1917,<br />

Intr., trad. fr., pp. 32-33). Desta forma, na psicanálise<br />

o I. <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ter o caráter in<strong>de</strong>terminado<br />

ou amorfo que tivera até aquele momento<br />

nas interpretações dos filósofos e dos<br />

psicólogos, para adquirir um conteúdo preciso<br />

e i<strong>de</strong>ntificar-se com as tendências sexuais inibidas,<br />

negadas, camufladas ou ocultas. O gran<strong>de</strong><br />

sucesso inicial da psicanálise e a importância<br />

científica <strong>de</strong> que ela se revestiu no mundo contemporâneo<br />

(v. PSICANÁLISE) relegaram para segundo<br />

plano a dificulda<strong>de</strong> teórica associada ao<br />

próprio reconhecimento da existência do inconsciente.<br />

Obviamente, a objeção <strong>de</strong> Locke,<br />

tantas vezes repetida, <strong>de</strong> que "existir", para um<br />

estado mental, significa "ser percebido" ou "ser<br />

objeto <strong>de</strong> consciência", e que portanto um estado<br />

mental inconsciente é uma contradição em seus<br />

próprios termos, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ter valor. Um estado<br />

mental (p. ex. uma emoção, uma tendência,<br />

uma volição) po<strong>de</strong> "existir" mesmo sem ser<br />

"percebido ", no sentido <strong>de</strong> que oportunamente<br />

po<strong>de</strong> ser evi<strong>de</strong>nciado e reconhecido,<br />

com procedimentos apropriados (que são os<br />

empregados pela psicanálise), como condição<br />

<strong>de</strong> uma situação psíquica normal ou patológica.<br />

O próprio Freud insistiu na noção <strong>de</strong> sintoma:<br />

"Um sintoma forma-se para substituir<br />

alguma coisa que não conseguiu manifestar-se<br />

exteriormente. Certos processos psíquicos, não<br />

po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>senvolver-se normalmente, e chegar<br />

até a consciência, dão origem a um sintoma<br />

neurótico" (Ibid., trad. fr., p. 303). Portanto, o I.<br />

existe em primeiro lugar como sintoma. Tratase<br />

da mesma solução teórica que Kant vira ao<br />

dizer que o I., mesmo não sendo percebido<br />

imediatamente, po<strong>de</strong> ser percebido mediatamente,<br />

mas esta solução teórica foi bem melhorada,<br />

pois em Freud o I., como sintoma,<br />

nem precisa ser "percebido": é um fato que a<br />

observação clínica po<strong>de</strong> constatar.<br />

INCONSEQÜÊNCIA (in. Inconsistency; fr.<br />

Inconséquence, ai. Folgewidrigkeit.; it. Inconseguenza).<br />

Ausência <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong> (v.)<br />

das proposições que constituem um sistema<br />

simbólico. P. ex., um conjunto <strong>de</strong> proposições<br />

é inconseqüente quando implica uma contradição,<br />

quando <strong>de</strong>le <strong>de</strong>riva formalmente certa<br />

proposição p ou a negação <strong>de</strong> p. Em geral,<br />

po<strong>de</strong>-se dizer que a I. <strong>de</strong> um sistema qualquer<br />

é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contradição no próprio<br />

sistema.<br />

INCONSISTÊNCIA. V. COMPATIBILIDADE.<br />

INDAGAÇÃO. V. INVESTIGAÇÃO.<br />

INDEFINIDO (in. In<strong>de</strong>finite; fr. Indéfini; ai.<br />

Unbegrenzi; it. In<strong>de</strong>finito). Aquilo que não tem<br />

limite no espaço ou no tempo, que portanto é<br />

infinito no sentido negativo do termo. Este pelo<br />

menos é o significado da palavra estabelecido<br />

por Descartes, que assim fazia a distinção<br />

entre a in<strong>de</strong>finição das coisas e a infinida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, que "não tem limites em suas perfeições"<br />

e é por isso o único ser infinito (Princ.<br />

phii, I, 27; IRésp., § X). Portanto, essa palavra<br />

eqüivale a ilimitado (v.), mas não é usada com<br />

o sentido <strong>de</strong> "não <strong>de</strong>finido", ou seja, não expresso<br />

por uma <strong>de</strong>finição.<br />

INDEMONSTRÁVEL (in. Un<strong>de</strong>monstrable,<br />

fr. Indémontrable^A. Unerweislich). it. Indimostrabile).<br />

Aquilo que não necessita <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração<br />

porque sua verda<strong>de</strong> é evi<strong>de</strong>nte. Neste<br />

sentido, são I. os primeiros princípios da lógica<br />

<strong>de</strong> Aristóteles (v. AXIOMAS) e os anapoditicos<br />

dos estóicos (v. ANAPODÍTICO).<br />

2. As proposições primitivas ou em geral os<br />

antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um sistema simbólico qualquer<br />

que sirvam <strong>de</strong> fundamento das regras <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstração próprias do sistema. Neste sentido,<br />

são in<strong>de</strong>monstráveis os axiomas, as <strong>de</strong>finições<br />

e as regras <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> todo<br />

sistema simbólico.<br />

3. As proposições in<strong>de</strong>cidíveis, isto é, as<br />

proposições que não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas<br />

verda<strong>de</strong>iras ou falsas em dado sistema simbólico,<br />

mas que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>cididas num sistema<br />

mais amplo, on<strong>de</strong> porém se apresentam com<br />

outra forma. Neste sentido, são in<strong>de</strong>monstrá-

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