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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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BEM SUPREMO ou SUMO BEM 110 BIOLOGISMO<br />

isto é, <strong>de</strong> Deus e dos anjos. "Na vida contemplativa,<br />

o homem comunica-se com as realida<strong>de</strong>s<br />

superiores, ou seja, com Deus e com os<br />

anjos, às quais se assemelha também na B."<br />

Portanto, o homem só obterá a B. perfeita na<br />

vida futura, que será inteiramente contemplativa.<br />

Na vida terrena, ele po<strong>de</strong> obter uma B. imperfeita,<br />

em primeiro lugar por meio da contemplação<br />

e em segundo lugar por meio da ativida<strong>de</strong><br />

do intelecto prático que organiza as ações<br />

e as paixões humanas, isto é, com a virtu<strong>de</strong> (S.<br />

Th., II, I, q. 3, a. 5). Na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, o conceito<br />

<strong>de</strong> B. e o <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> foram-se distinguindo<br />

cada vez mais, referindo-se o primeiro<br />

à esfera religiosa e contemplativa e o segundo à<br />

esfera moral e prática. Po<strong>de</strong>-se dizer que o único<br />

filósofo que não une os dois significados<br />

por simples confusão é Spinoza, para quem a<br />

B. "é a satisfação íntima que nasce da cognição<br />

intuitiva <strong>de</strong> Deus" (Et., IV, ap. 4), i<strong>de</strong>ntificando-a<br />

com a liberda<strong>de</strong> e com o amor do homem por<br />

Deus, que é o mesmo amor com que Deus se<br />

ama a si mesmo (ibid., V, 36, escól.). Mas como<br />

a intuição <strong>de</strong> Deus ou o amor por Deus significam,<br />

para Spinoza, o conhecimento da or<strong>de</strong>m<br />

necessária das coisas do mundo (ibid., V, 31-<br />

33), o caráter místico-religioso ou contemplativo<br />

da B. i<strong>de</strong>ntifica-se com o caráter mundano e<br />

prático da felicida<strong>de</strong>. O mesmo significado está<br />

na obra <strong>de</strong> Fichte, Introdução à vida bem-aventurada(1806).<br />

Aqui a B. é <strong>de</strong>finida, tradicionalmente,<br />

como a união com Deus: mas Fichte<br />

preocupa-se em abolir o significado contemplativo<br />

tradicional, não a consi<strong>de</strong>rando resultado<br />

<strong>de</strong> um "sonho <strong>de</strong>voto", mas da própria moralida<strong>de</strong><br />

operante (Werke, V, p. 474).<br />

No pensamento mo<strong>de</strong>rno, essa noção e as<br />

palavras beatitu<strong>de</strong> e beato <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ter um<br />

uso propriamente filosófico. Além <strong>de</strong> ter acepções<br />

religiosas pejorativas, é consi<strong>de</strong>rada útil<br />

por alguns psicólogos, que a empregam para<br />

indicar certos estados patológicos <strong>de</strong> alegria,<br />

caracterizados pelo completo esquecimento da<br />

realida<strong>de</strong>(PIERREJANET, DeVangoisseâl'êxtase,<br />

III, cap. II).<br />

BEM SUPREMO ou SUMO BEM (gr xàya<br />

8óv; lat. Summum honum; in. Supreme good;<br />

fr. Souverain bien; ai. Das hóchste Gut; it. Bene<br />

sommó). Noção introduzida por Aristóteles, para<br />

indicar o que é <strong>de</strong>sejado por si mesmo e não<br />

em vista <strong>de</strong> outro B. É necessário que haja um<br />

B. supremo para evitar o processo ao infinito<br />

(Et. nic, I, 2, 1.094 a 18). Para Aristóteles, o B.<br />

supremo é a felicida<strong>de</strong>. Os escolásticos em-<br />

pregam essa expressão para indicar Deus mesmo<br />

(S. TOMÁS, S. Th., I, q. 6, a. 1). Kant consi<strong>de</strong>rou<br />

o adjetivo "sumo" equívoco, pois ele po<strong>de</strong><br />

significar tanto supremo (supremum) como perfeito<br />

(consummatum). O B. supremo é a condição<br />

primeira e originária <strong>de</strong> todo B.: é, por isso,<br />

a virtu<strong>de</strong>. Mas o B. perfeito é o que não é parte<br />

<strong>de</strong> um B. maior da mesma espécie; nesse sentido,<br />

a virtu<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> ser chamada <strong>de</strong> "B.<br />

perfeito", que é a união <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> e felicida<strong>de</strong><br />

(Crit. R. Pratica, Dialética, cap. II).<br />

BENEVOLÊNCIA. V. BONDADE.<br />

BENTHAMISMO. V. UTILITARISMO.<br />

BERGSONISMO. V. ESPIRITUALISMO.<br />

BERKELIANISMO. V. IMATERIALISMO.<br />

BICONDICIONAL (in. Biconditional; fr.<br />

Bíconditionnel; it. Bicondizionale). Por esse<br />

nome ou pelo <strong>de</strong> "equivalência material" enten<strong>de</strong>-se<br />

comumente, na lógica contemporânea,<br />

o conectivo "se e somente se", simbolizado<br />

às vezes com o sinal = (cf. QUINE, Methods<br />

of Logic, § 3). B. eqüivale, obviamente, à conjunção<br />

das duas condicionais: "se p, então d" e<br />

"se q, então p".<br />

BIOGÉNETICA, LEI (ai. Biogenetisches<br />

Grundgesetz). Foi assim que o biólogo alemão<br />

Ernst Haeckel (1834-1919) chamou ao paralelismo<br />

entre o <strong>de</strong>senvolvimento do embrião<br />

individual e o <strong>de</strong>senvolvimento da espécie a<br />

que ele pertence. No que tange ao homem, "a<br />

ontogênese, ou seja, o <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo,<br />

é uma breve e rápida repetição (recapitulação)<br />

da filogênese ou evolução da espécie<br />

a que ele pertence" (Natürliche Schôpfungsgeschichte,<br />

1868; trad. it., pp. 178-189).<br />

BIOLOGISMO (in. Biologism; fr. Biologisme,<br />

ai. Biologismus; it. Biologismó). 1. Interpretação<br />

do mundo físico ou do mundo humano<br />

por analogia com o organismo (v. ORGANICISMO).<br />

2. O mesmo que vitalismo (v.).<br />

3. A metafísica <strong>de</strong> Hans Driesch (1867-1941),<br />

enquanto "<strong>filosofia</strong> do orgânico". Driesch divi<strong>de</strong><br />

a <strong>filosofia</strong> em "doutrina da or<strong>de</strong>m", que tem<br />

por objeto todo o mundo inorgânico, e "doutrina<br />

da vida", que tem por objeto o mundo orgânico.<br />

O pressuposto <strong>de</strong>ssa subdivisão é que o<br />

organismo não é redutível às formas ou manifestações<br />

da or<strong>de</strong>m inorgânica; ou, em outras<br />

palavras, não é uma máquina. O que ele tem a<br />

mais em relação à máquina é a enteléquia,<br />

concebida por Driesch como uma espécie <strong>de</strong><br />

mônada no sentido leibniziano, que <strong>de</strong>termina<br />

todo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um ser vivo. A<br />

enteléquia é supra-individual e supra pessoal: o

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