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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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AGOSTINISMO ou AUGUSTINISMO 23 ALEGORIA<br />

tantaneo, sem duração, que serve <strong>de</strong> limite móvel<br />

entre o passado e o futuro (Fís., IV, 11, 219 a<br />

25). Essa noção reaparece com freqüência nas<br />

especulações medievais sobre o tempo. Algumas<br />

vezes, o A. foi concebido como uma res fluens<br />

que logo se corrompe falha, sendo suplantada<br />

por outra (cf. PEDRO AURÉOLO, In Sent, II, d. 2, q.<br />

1, a. 3). Essa concepção foi combatida por<br />

Ockham, que i<strong>de</strong>ntificou o A. com a posição do<br />

móvel cujo movimento é tomado como medida<br />

do tempo (Summulae in librospbysicorum, IV,<br />

8). Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, esse termo foi<br />

empregado por Husserl para indicar o horizonte<br />

temporal da vivência. Como nenhuma experiência<br />

po<strong>de</strong> cessar sem a consciência <strong>de</strong> cessar<br />

ou <strong>de</strong> ser cessada, essa consciência é um novo<br />

instante presente ou agora. "Isto significa que<br />

cada A. <strong>de</strong> uma experiência tem um horizonte<br />

<strong>de</strong> experiências que, também estas, têm a forma<br />

originária do A. e, como tais, constituem o horizonte<br />

originário do eu puro, o seu A. <strong>de</strong> consciência,<br />

abrangente e originário (I<strong>de</strong>en, I, § 82).<br />

AGOSTINISMO ou AUGUSTINISMO (in<br />

Augustínianism; fr. Augustinism; ai. Augustinismus;<br />

it. Agostinismo). Enten<strong>de</strong>-se por esse termo,<br />

mais do que a doutrina original <strong>de</strong> S. Agostinho,<br />

o conjunto <strong>de</strong> caracteres doutrinários que<br />

caracterizaram uma das tendências da Fscolãstica<br />

(v.), seguida predominantemente pelos doutores<br />

franciscanos, em oposição à tendência<br />

aristotélico-tomista dos doutores dominicanos.<br />

A fisionomia geral do A. medieval po<strong>de</strong><br />

ser expressa com os seguintes pontos (cf.<br />

MANDONNET, Siger<strong>de</strong>Brabant, 2 a ed., 1911,1, pp.<br />

55 ss.): a) falta <strong>de</strong> distinção precisa entre o domínio<br />

da <strong>filosofia</strong> e o da teologia, isto é, entre a<br />

or<strong>de</strong>m das verda<strong>de</strong>s racionais e a das verda<strong>de</strong>s<br />

reveladas; b) teoria da iluminação divina, segundo<br />

a qual a inteligência humana não po<strong>de</strong> funcionar<br />

senão pela ação iluminadora e imediata <strong>de</strong><br />

Deus e não po<strong>de</strong> encontrar a certeza do seu conhecimento<br />

fora das regras eternas e imutáveis<br />

da ciência divina; c) primazia da noção <strong>de</strong> bem<br />

sobre a <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iro e, portanto, da vonta<strong>de</strong><br />

sobre a inteligência, tanto em Deus quanto<br />

no homem; d) atribuição <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> positiva<br />

à matéria, ao contrário <strong>de</strong> Aristóteles, que<br />

nela vê pura potencialida<strong>de</strong>; do que <strong>de</strong>riva, p.<br />

ex., que o corpo humano possui realida<strong>de</strong> ou<br />

atualida<strong>de</strong> próprias, isto é, uma forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da alma e que a alma é, portanto, uma<br />

forma ulterior que se acrescenta ao composto<br />

vivente e animal; daí, a chamada pluralida<strong>de</strong><br />

das formas substanciais no composto.<br />

Essas características aproximam os gran<strong>de</strong>s<br />

mestres da Escolástica franciscana como Alexandre<br />

<strong>de</strong> Hales (aprox. 1200), Robert Grossetete,<br />

S. Boaventura, Roger Bacon, Duns Scot<br />

e muitos outros menores. Algumas <strong>de</strong>ssas características<br />

também po<strong>de</strong>m ser encontradas<br />

em doutrinas filosóficas mo<strong>de</strong>rnas e contemporâneas,<br />

às quais chegam através da tradição<br />

medieval ou, diretamente, da obra <strong>de</strong> S. Agostinho.<br />

AGREGADO (in. Aggregate, fr. Agrégat; ai.<br />

Aggregat; it. Aggregató). Em geral, uma coleção,<br />

um aglomerado, um agrupamento, uma soma<br />

ou uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coisas que, apesar disso,<br />

conservam a individualida<strong>de</strong>. Esse termo é muito<br />

usado em matemática e lógica matemática<br />

contemporânea (v. CONJUNTO) e, em geral, nas<br />

ciências naturais, que o empregam para indicar<br />

massas ou agrupamentos <strong>de</strong> elementos que,<br />

apesar <strong>de</strong> estarem juntos, conservam as proprieda<strong>de</strong>s<br />

que têm separadamente.<br />

AGRESSÃO, INSTINTO DE. V. INSTINTO.<br />

ALEGORIA (gr. àXkrxyopia; lat. Allegoria; in.<br />

Allegory, fr. Allégorie, ai. Allegorie, it. Allegoria).<br />

No seu primeiro significado específico, essa<br />

palavra indica um modo <strong>de</strong> interpretar as Sagradas<br />

Escrituras e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir, além das coisas,<br />

dos fatos e das pessoas <strong>de</strong> que elas tratam,<br />

verda<strong>de</strong>s permanentes <strong>de</strong> natureza religiosa ou<br />

moral. A primeira aplicação importante do<br />

método alegórico é o comentário ao Gêneses<br />

<strong>de</strong> Fílon <strong>de</strong> Alexandria (séc. I). Fílon não hesita<br />

em contrapor o sentido alegórico ao sentido<br />

literal e em qualificar <strong>de</strong> "tolo" (eür|0r|c;) este<br />

último. Eis um exemplo: '"E Deus acabou no<br />

sétimo dia as obras que Ele criou' (Gên., II, 2).<br />

É absolutamente tolo crer que o mundo nasceu<br />

em seis dias ou, em geral, no tempo. Por quê?<br />

Porque todo tempo é um conjunto <strong>de</strong> dias e <strong>de</strong><br />

noites necessariamente produzidos pelo movimento<br />

do sol que vai para cima e para baixo da<br />

terra; mas o sol é uma parte do céu, <strong>de</strong> tal<br />

modo que se conclui que o tempo é mais recente<br />

do que o mundo" (AH. leg., I, 2). Por sua<br />

vez, Orígenes, que é o primeiro autor <strong>de</strong> um<br />

gran<strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> cristã, distinguia nos<br />

textos bíblicos três significados: o somático, o<br />

psíquico e o espiritual, que estão entre si como<br />

as três partes do homem: o corpo, a alma e o<br />

espírito (Deprinc, IV, 11). Na prática, porém,<br />

contrapunha o significado espiritual ou alegórico<br />

ao corpóreo ou literal e sacrificava <strong>de</strong>cididamente<br />

este último em favor do primeiro, já que<br />

só o significado alegórico constitui a verda<strong>de</strong>

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