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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SER 886 SER<br />

ao S. o significado <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> significa<br />

abrir caminho a indagações específicas, <strong>de</strong>stinadas<br />

a <strong>de</strong>terminar, em cada caso, <strong>de</strong> que possibilida<strong>de</strong><br />

se trata. Com fundamento na concepção<br />

a, mesmo que as <strong>de</strong>terminações do S.<br />

mu<strong>de</strong>m, é necessário que mu<strong>de</strong>m, pois a mudança<br />

6 <strong>de</strong>terminada por princípio e absolutamente<br />

previsível. Quanto à concepção p\ ao<br />

contrário, toda <strong>de</strong>terminação, porquanto possível,<br />

só po<strong>de</strong> ser confirmada por investigação<br />

ad hoc.<br />

Sabemos que para os estóicos o significado<br />

do S. estava na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> praticar ou <strong>de</strong><br />

sofrer uma ação; por isso, chamavam <strong>de</strong> entes<br />

apenas os corpos (PLUTARCO, Comm. Not., 30.<br />

2, 1073; DIÓCI. L, VII, 56); mas, apesar <strong>de</strong> tê-los<br />

encaminhado para o materiaVismo, esse princípio<br />

não constituiu a base <strong>de</strong> um empirismo<br />

coerente. O empirismo, ao contrário, surge<br />

sempre que se nega a tese fundamental da<br />

concepção oposta, que é a redutibilida<strong>de</strong> do S.<br />

a predicado. Tal negação po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

uma tese típica <strong>de</strong>ssa concepção, assim como 6<br />

típica da outra a i<strong>de</strong>ntificação entre S. e racionalida<strong>de</strong>.<br />

No fim da Escolástica, Ockham formulava<br />

a tese <strong>de</strong> que o S. ou o não-S. <strong>de</strong> uma<br />

coisa só po<strong>de</strong> ser alcançado pelo ''conhecimento<br />

intuitivo", que é a própria experiência (In<br />

Sent., II, q. 15 H; Ibicl., Prol., q. 1 Z); <strong>de</strong> tal<br />

modo, podia afirmar a irredutibilida<strong>de</strong> do S. a<br />

uma <strong>de</strong>terminação conceituai e o seu significado<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>. E diz: "À pergunta a coisa<br />

existe?' só se po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r quando se sabe<br />

se a coisa existe: isso acontece quando se conhece<br />

uma proposição na qual o S. existencial<br />

é predicado do sujeito. Ora, uma proposição<br />

assim discutível (...) <strong>de</strong> nenhum modo po<strong>de</strong><br />

ser conhecida com evidência, se a coisa significada<br />

pelo sujeito não for conhecida intuitivamente<br />

e em si: p. ex., se ela não for percebida<br />

por um sentido particular ou se não for um<br />

inteligível não sensível que seja visto pelo intelecto<br />

cie modo análogo àquele pelo qual a faculda<strong>de</strong><br />

visual externa vê o objeto visível.<br />

Assim, ninguém po<strong>de</strong> saber com evidência que<br />

o branco éou po<strong>de</strong> .serse não viu algum objeto<br />

branco; e embora eu possa acreditar nas pessoas<br />

que me falam da existência do leão, do<br />

leopardo e assim por diante, não conheço com<br />

evidência essas coisas" (Summa log., III 2).<br />

Aqui o sentido primário do S. é posto na possibilida<strong>de</strong><br />

da experiência. Conseqüentemente,<br />

Ockham atribui necessida<strong>de</strong> apenas às proposições<br />

condicionais ("Se o homem é, o homem<br />

é um animal racional"), enquanto nega que<br />

unia proposição afirmativa qualquer possa ser<br />

necessária. Todas as proposições afirmativas<br />

sãc> contingentes porque a proposição "O homcm<br />

é animal racional" seria falsa por falsa implicação,<br />

se o homem não existisse (Quodl., V.<br />

q. 15). Esses reparos implicam duas tese fundamentais:<br />

1-' o S. não é redutível a um predicado;<br />

2 e o S. 6 uma possibilida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong><br />

ser" expressa só por uma proposição contingente.<br />

Esta última tese revela a modalida<strong>de</strong> primária<br />

que as observações <strong>de</strong> Ockham atribuem ao<br />

S.: essa modalida<strong>de</strong> é a possibilida<strong>de</strong>. O empirismo<br />

clássico do séc. XVII-XVIII atém-se a essa<br />

modalida<strong>de</strong>. Locke contrapõe a certeza das<br />

proposições universais, que não dizem respeito<br />

à realida<strong>de</strong>, à contingência das proposições<br />

particulares, que dizem respeito à existência.<br />

"As proposições universais, <strong>de</strong> cuja verda<strong>de</strong> ou<br />

falsida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos ter conhecimento seguro.<br />

não dizem respeito à existência; as afirmações<br />

ou negações particulares, que não seriam certas<br />

se transformadas em gerais, referem-se apenas<br />

à existência, pois <strong>de</strong>claram somente a<br />

união ou a separação aci<strong>de</strong>ntais das idéias em<br />

coisas existentes, idéias que. em sua natureza<br />

abstrata, po<strong>de</strong>m não ter entre si nenhuma ligação<br />

ou rejeição conhecida" {Ensaio, IV, 9, 1).<br />

Portanto, com exceção apenas da existência <strong>de</strong><br />

Deus, conhecida por meio da <strong>de</strong>monstração,<br />

ou seja, por meio da relação que ela tem com<br />

outras existências, segundo Locke a existência<br />

é conhecida <strong>de</strong> modo contingente e imediato,<br />

através <strong>de</strong> uma relação direta com o objeto:<br />

relação que é intuição no caso da existência<br />

do eu e sensação no caso da existência das<br />

coisas. Isso exclui que a existência seja um<br />

predicado ou que <strong>de</strong> qualquer maneira possa<br />

sei' reduzida a uma <strong>de</strong>terminação conceptual.<br />

Locke diz: "Como, com exceção da existência<br />

<strong>de</strong> Deus. não existe nenhuma conexão necessária<br />

cie qualquer existência com a existência<br />

<strong>de</strong> algum homem em particular, segue-se que<br />

ninguém em particular po<strong>de</strong> conhecer a existência<br />

<strong>de</strong> outro ser senão quando este, atuando<br />

sobre ele. passa a ser percebido. O fato <strong>de</strong> se<br />

ter a idéia <strong>de</strong> uma coisa em mente não <strong>de</strong>monstra<br />

a existência <strong>de</strong>ssa coisa, tanto quanto<br />

o retrato <strong>de</strong> um homem não serve <strong>de</strong> testemunho<br />

<strong>de</strong> sua existência no mundo, ou tanto<br />

quanto as visões <strong>de</strong> sonho não constituem, por<br />

si, uma história verídica" (Jbid., IV, II, I). Esse<br />

conceito da sensação como órgào <strong>de</strong> conhecimento<br />

do que existe nada mais é que o antigo

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