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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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A<br />

MUNDO DA VIDA 689 MUSICA<br />

técnicas da investigação historiográfica, etc."<br />

(AHRAGNANO, Possibilita e liberta, 1956, pp.<br />

154-55).<br />

A esta mesma noção está ligada a <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger,<br />

aceita pela <strong>filosofia</strong> existencialista, <strong>de</strong><br />

M. como campo constituído pelas relações do<br />

homem com as coisas e com os outros homens.<br />

Hei<strong>de</strong>gger diz: "É tão errôneo utilizar a<br />

palavra M. para <strong>de</strong>signar a totalida<strong>de</strong> das coisas<br />

naturais (conceito cio M. naturalista) quanto para<br />

indicar a comunida<strong>de</strong> dos homens (conceito<br />

personalista). O que <strong>de</strong> metafisicamente essencial<br />

contém o significado mais ou menos claro<br />

<strong>de</strong> M. é que este visa à interpretação do Daseiu<br />

humano em sen relacionar-se com o ente em<br />

seu conjunto" (Vom Wesen <strong>de</strong>s Gnineles, 1929,<br />

I: trad. it.. p. 53). Obviamente, <strong>de</strong>sse ponto cie<br />

vista, a palavra M. faz parte integrante da expressão<br />

"ser-no-M", que <strong>de</strong>signa o modo <strong>de</strong><br />

ser do homem "situado no meio do ente e relacionando-se<br />

com ele", ou seja, em relação<br />

essencial com as coisas e com os outros homens.<br />

Nesse caso, M. significa o conjunto <strong>de</strong><br />

relações entre o homem e os outros seres: a<br />

totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> relações (v. TODO;<br />

UNIVERSO).<br />

MUNDO DA VIDA (ai. Lebensivelt). Termo<br />

introduzido por Husserl em Krísis, para <strong>de</strong>signar<br />

"o mundo em que vivemos intuitivamente,<br />

com suas realida<strong>de</strong>s, do modo como se dão.<br />

primeiramente na experiência simples e <strong>de</strong>pois<br />

também nos modos em que sua valida<strong>de</strong><br />

se torna oscilante (oscilante entre ser e aparência,<br />

etc.)" (Krísis, § 44). Husserl contrapõe esse<br />

mundo ao mundo da ciência, consi<strong>de</strong>rado<br />

como um "hábito simbólico" que "representa"<br />

o mundo da vicia, mas encontra lugar nele. que<br />

é "um mundo para todos" (Ibid.. Beilage. XIX).<br />

MUNDO EXTERIOR. V. Ri AI 1DADI<br />

MUNDO MORAL (ai. Moralische Welt).<br />

Esse é o nome dado por Kant á "simples idéia"<br />

(que, como tal. é <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>) <strong>de</strong><br />

"um mundo conforme a todas as leis morais",<br />

idéia que só tem significado prático como guia<br />

da ação humana (Crít. R. Pura, Doutrina do<br />

método, cap. 2, seç. 2).<br />

MÚSICA (gr. uo-uoiKri TE^vn.; lat. Musica;<br />

in. Music; fr. Musique; ai. Musik it. Musica).<br />

Duas são as <strong>de</strong>finições filosóficas fundamentais<br />

dadas da M. A primeira consi<strong>de</strong>ra-a como<br />

revelação <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> privilegiada e divina<br />

ao homem: revelação que po<strong>de</strong> assumir a<br />

forma do conhecimento ou do sentimento. A<br />

segunda consi<strong>de</strong>ra-a como uma técnica ou um<br />

conjunto <strong>de</strong> técnicas expressivas que concernem<br />

à sintaxe dos sons.<br />

I a A primeira concepção, que passa por ser<br />

a única "filosófica", mas que na verda<strong>de</strong> é metafísica<br />

ou teologizante, consiste em consi<strong>de</strong>rar a<br />

M. como ciência ou arte privilegiada, porquanto<br />

seu objeto é a realida<strong>de</strong> suprema, divina, ou<br />

alguma <strong>de</strong> suas características fundamentais.<br />

Nessa concepção é possível distinguir duas fases:<br />

a) para a primeira, o objeto cia M. é a<br />

harmonia como característica divina do universo;<br />

portanto, consi<strong>de</strong>ra a M. como uma cias<br />

ciências supremas; b) para a segunda, o objeto<br />

da M. é o princípio cósmico (Deus, Razão Autoconsciente<br />

ou Vonta<strong>de</strong> Infinita, etc), e a M. é a<br />

auto-revelação <strong>de</strong>sse princípio na forma <strong>de</strong><br />

sentimento. Ambas as concepções têm uma característica<br />

fundamental em comum: a separação<br />

entre M, como arte "pura", e as técnicas<br />

em que esta se realiza. Platão reprova os músicos<br />

que procuram novos acor<strong>de</strong>s nos instrumentos<br />

(Rep.. VII, 531 b); o mesmo faz Plotino.<br />

Schopenhauer e Hegel falam em "essência" da<br />

M.. <strong>de</strong> sua natureza universal e eterna, porquanto<br />

é separável cios meios expressivos nos<br />

quais ganha corpo como fenômeno artístico.<br />

a) A doutrina da M. como ciência da harmonia<br />

e <strong>de</strong> harmonia como or<strong>de</strong>m divina do cosmos<br />

nasceu com os pitagóricos. "Os pitagóricos,<br />

que Platão freqüentemente segue, dizem<br />

que a M. é harmonia dos contrários, unificação<br />

cios muitos e acordo dos discordantes" (Fll.o-<br />

I.Al . Fr. 10, Diels). A função e os caracteres cia<br />

harmonia musical são idênticos á função e aos<br />

caracteres cia harmonia cósmica: a M. é, portanto,<br />

o meio direto para elevar-se ao conhecimento<br />

<strong>de</strong>ssa harmonia. Kntre as ciências propedêuticas,<br />

Platão punha a M. em quarto lugar<br />

(<strong>de</strong>pois da aritmética, da geometria plana e sólida<br />

e da astronomia), consi<strong>de</strong>rando-a a mais<br />

próxima da dialética e a mais filosófica (Fetl,<br />

61 a). Contudo, para Platão, como ciência autêntica,<br />

a M. não consiste em procurar com o<br />

ouvido novos acor<strong>de</strong>s nos instrumentos: <strong>de</strong>sse<br />

modo, as orelhas seriam mais importantes que<br />

a inteligência (Rep., VII, 531 a).As pessoas que<br />

agem <strong>de</strong>sse modo "comportam-se como os astrônomos,<br />

pois procuram os números nos acor<strong>de</strong>s<br />

acessíveis ao ouvido, mas não chegam até<br />

os problemas, não indagam quais números<br />

são harmoniosos, quais não são e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem<br />

sua diferença" (Ibid.. VII, 531 b-c). Por essa<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar dos ritmos sensíveis ã<br />

harmonia inteligível, Plotino consi<strong>de</strong>ra a M.

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