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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EXPLICAÇÃO 2 416 EXPLICAÇÃO 2<br />

afirmava que a ciência não procura só a previsão,<br />

mas a E. dos fenômenos, estava reduzindo<br />

a E. à i<strong>de</strong>ntificação, porque só a i<strong>de</strong>ntificação<br />

permite a <strong>de</strong>dução do fenômeno. E diz: "Em<br />

virtu<strong>de</strong> da causa ou da razão e com a ajuda <strong>de</strong><br />

operação pura <strong>de</strong> raciocínio, <strong>de</strong>vemos po<strong>de</strong>r<br />

concluir no fenômeno. É o que se chama uma<br />

<strong>de</strong>dução. A causa, então, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida<br />

como ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>dução <strong>de</strong><br />

que o fenômeno é o ponto <strong>de</strong> chegada" {De<br />

Vexplication dans les sciences, 1927, p. 66; cf.<br />

I<strong>de</strong>ntité et réalité, 1908). Por outro lado, o próprio<br />

positivismo remetera a E. ao domínio da<br />

<strong>de</strong>dução. Stuart Mill escreve: "Diz-se que <strong>de</strong>terminado<br />

fato está explicado quando se indica a<br />

sua causa, ou seja, a lei ou as leis <strong>de</strong> causação<br />

cujo exemplo é sua produção... De modo semelhante,<br />

diz-se que uma lei ou uniformida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> natureza está explicada quando se indica<br />

outra lei, ou outras leis, <strong>de</strong> que aquela lei é um<br />

caso e das quais ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida" {Logic,<br />

III, 12, 1). Além disso, uma das tentativas mais<br />

conhecidas da "lógica da E.", no âmbito do<br />

positivismo lógico, que é a <strong>de</strong> C. G. Hempel e<br />

P. Oppenheim, obe<strong>de</strong>ce à mesma inspiração.<br />

Dando o nome <strong>de</strong> explanandum ao enunciado<br />

que <strong>de</strong>screve o fenômeno a ser explicado e <strong>de</strong><br />

explanans à classe dos enunciados aduzidos<br />

na consi<strong>de</strong>ração do fenômeno (a preferência<br />

dada ao termo explanation e seus <strong>de</strong>rivados,<br />

na literatura anglo-saxônica atual, é <strong>de</strong>terminada<br />

pela exigência <strong>de</strong> reservar o termo explication<br />

à análise dos enunciados), Hempel e<br />

Oppenheim assim <strong>de</strong>screvem as "condições lógicas<br />

da a<strong>de</strong>quação": "(R 1) O explanandum<br />

<strong>de</strong>ve ser conseqüência lógica do explanans,<br />

em outras palavras, <strong>de</strong>ve ser logicamente <strong>de</strong>dutível<br />

da informação contida no explanans,<br />

senão este não constituirá o fundamento a<strong>de</strong>quado<br />

para o explanandum. (R 2) O explanans<br />

<strong>de</strong>ve conter leis gerais, e estas <strong>de</strong>vem<br />

ser realmente necessárias à <strong>de</strong>rivação do explanandum.<br />

(R 3) O explanans <strong>de</strong>ve ter um conteúdo<br />

empírico, ou seja, pelo menos em princípio,<br />

<strong>de</strong>ve ser suscetível <strong>de</strong> comprovação<br />

por experimento ou observação". A essas condições<br />

lógicas Hempel e Oppenheim acrescentam<br />

uma "condição empírica", que é a seguinte:<br />

"(R 4) Os enunciados que constituem o<br />

explanans <strong>de</strong>vem ser verda<strong>de</strong>iros" ("The Logic<br />

of Explanation", 1948, em Readings in the<br />

Philosophy of Science, ed. Feigl e Brodbek,<br />

1953, pp. 321-22). Essa doutrina da E. está em<br />

oposição à concepção que reduz a E. a prin-<br />

cípios ou elementos familiares, à qual recorrem<br />

os a<strong>de</strong>ptos do segundo tipo <strong>de</strong> E. causai<br />

(Jbid,, p. 330). Essa mesma doutrina foi estendida<br />

por Hempel ao campo da história ("The<br />

Function of General La ws in History", era Journal<br />

of Philosophy, 1942, pp. 35-48), com a exigência<br />

<strong>de</strong> que a E. causai seja acompanhada<br />

pelo prognóstico infalível do fenômeno explicado<br />

ilbid., p. 38). Observou-se com justiça<br />

que toda a sua teoria da E. po<strong>de</strong> ser adaptada à<br />

física newtoniana, mas é completamente incapaz<br />

<strong>de</strong> dar conta daquilo que se <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r<br />

por E. na física quântica (N. R. HANSON, "On the<br />

Symmetry between Explanation and Prediction",<br />

em The Philosophical Review, 1959, pp-<br />

349-58). Com maior razão, esse tipo <strong>de</strong> E. não<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado a<strong>de</strong>quado no domínio<br />

da história e, em geral, das ciências (v. mais<br />

adiante).<br />

b) O segundo tipo <strong>de</strong> E. causai é o que recorre<br />

ao conceito <strong>de</strong> causa como uniformida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> interconexão dos fenômenos. Esse é o<br />

conceito introduzido por Hume e utilizado por<br />

Comte como fundamento da E. "positiva" dos<br />

fenômenos. Comte contrapôs à tentativa metafísica<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir "os modos essenciais <strong>de</strong><br />

produção" dos fenômenos a tarefa puramente<br />

<strong>de</strong>scritiva da ciência positiva, que se limita a<br />

<strong>de</strong>scobrir as leis dos fenômenos, ou seja, suas<br />

relações constantes (Cours <strong>de</strong>phü. positive, 4ed.,<br />

1887, II, pp. 169, 268, 312, etc). No estágio<br />

positivo, dizia Comte, "a E. dos fatos, reduzida<br />

aos seus termos reais, não é mais do que o<br />

nexo estabelecido entre os diversos fenômenos<br />

particulares e alguns fatos gerais cujo número o<br />

progresso da ciência ten<strong>de</strong> cada vez mais a diminuir"<br />

{Jbid., I, p. 5). Esse ponto <strong>de</strong> vista herdava<br />

a contraposição estabelecida pelos iluministas,<br />

especialmente D'Alembert, entre o<br />

espírito <strong>de</strong> sistema e a <strong>de</strong>scrição científica da<br />

natureza. Este é muito menos ambicioso do<br />

que o outro, pois não lança mão da <strong>de</strong>dutibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um fenômeno (ou da sua <strong>de</strong>scrição)<br />

a partir <strong>de</strong> sua causa (ou <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> leis gerais), mas recorre à uniformida<strong>de</strong> ou<br />

constância das relações entre fenômenos e,<br />

portanto, à redução do fenômeno a ser explicado<br />

a tais relações constantes. É esse o valor<br />

dado, p. ex., à técnica explicativa causai porP.<br />

W. Bridgman: "A essência <strong>de</strong> uma E. causai<br />

consiste em reduzir uma situação a elementos<br />

<strong>de</strong> tal modo familiares que possamos aceitá-los<br />

como coisa óbvia e satisfazer a nossa curiosida<strong>de</strong>.<br />

Reduzir uma situação a elementos significa,

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