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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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LÍNGUA 615 LINGUAGEM<br />

seres extensos, L. sempre pressupõe um espaço<br />

que está além <strong>de</strong> certa superfície <strong>de</strong>terminada<br />

e que a inclui em si; a fronteira, porém,<br />

não precisa disso, mas é a negação pura<br />

que qualifica uma gran<strong>de</strong>za, porquanto não é<br />

uma totalida<strong>de</strong> absoluta e perfeita. Ora, <strong>de</strong> algum<br />

modo nossa razão vê em torno <strong>de</strong> si um<br />

espaço para o conhecimento das coisas em si,<br />

ainda que nunca possa ter conceitos <strong>de</strong>terminados<br />

sobre elas e se limite puramente aos fenômenos"<br />

(Prol., § 57). Neste sentido, Kani <strong>de</strong>nominou<br />

conceito-limite o conceito <strong>de</strong> númeno,<br />

que serve "para circunscrever as pretensões<br />

da sensibilida<strong>de</strong>, sendo, pois, <strong>de</strong> emprego<br />

puramente negativo" (Crít. R. Pura; Anal. dos<br />

princ, cap. 3; cf. COISA EM SI). O que possui L,<br />

nesse sentido, é finito no significado 4 do<br />

termo.<br />

LÍNGUA (lat. Língua; in. Language, Tongue;<br />

fr. I.angue; ai. Sprache; it. Língua). Um<br />

conjunto organizado <strong>de</strong> signos lingüísticos. A<br />

distinção entre L. e linguagem foi estabelecida<br />

por Saussure, que <strong>de</strong>finiu a L como "conjunto<br />

dos costumes lingüísticos que permitem a um<br />

sujeito compreen<strong>de</strong>r e fazer-se compreen<strong>de</strong>r"<br />

(Cours <strong>de</strong> linguistiqitegénérale, 1916, p. 114).<br />

Neste sentido, L, por um lado, é sistema ou estrutura<br />

(v.) e, por outro, supõe uma "massa falante"<br />

que a constitui como realida<strong>de</strong> social.<br />

Po<strong>de</strong>m-se distinguir duas espécies <strong>de</strong> L: I a históricas,<br />

cuja massa falante é uma comunida<strong>de</strong><br />

histórica: p. ex. italiano, inglês, francês, etc; 2 a<br />

artificiais, cuja massa falante é um grupo que<br />

se distingue por uma competência específica;<br />

são as L. das técnicas específicas (às vezes chamadas<br />

impropriamente <strong>de</strong> linguagens); p. ex.:<br />

L. matemática, L. jurídica, etc.<br />

LINGUAGEM (gr. kóyoç; lat. Sermo; in.<br />

Lunguage, Speech; fr. Language; ai. Sprache, it.<br />

Linguaggio). Em geral, o uso <strong>de</strong> signos intersubjetivos,<br />

que são os que possibilitam a comunicação.<br />

Por uso enten<strong>de</strong>-se: l y possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escolha (instituição, mutação, correção)<br />

dos signos; 2 Q possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinação <strong>de</strong><br />

tais signos <strong>de</strong> maneiras limitadas e repetíveis.<br />

Este .segundo aspecto diz respeito às estruturas<br />

sintáticas da L., enquanto o primeiro se refere<br />

ao dicionário da L. A mo<strong>de</strong>rna ciência da L.<br />

tem cada vez mais insistido (como veremos) na<br />

importância das estruturas lingüísticas, ou seja,<br />

das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong>limitadas<br />

pela L. Elementos como "Sócrates", "homem",<br />

"é", "e", "todos", "não", etc, são todos palavras,<br />

isto é, signos intersubjetivos, mas só po<strong>de</strong>m fa-<br />

zer parte <strong>de</strong> um discurso com uma fLinçào <strong>de</strong>terminada:<br />

só po<strong>de</strong>m combinar-se com os<br />

outros signos em modos limitados e reconhecíveis.<br />

A L. distingue-se da língua, que é um conjunto<br />

particular organizado <strong>de</strong> signos intersubjetivos.<br />

A distinção entre L. e língua foi estabelecida<br />

por Ferdinand <strong>de</strong> Saussure, que a <strong>de</strong>finia<br />

da seguinte forma: "A língua é um produto social<br />

da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> L. e ao mesmo tempo um<br />

conjunto <strong>de</strong> convenções necessárias adotadas<br />

pelo corpo social para permitir o exercício <strong>de</strong>ssa<br />

faculda<strong>de</strong> nos indivíduos. Tomada em conjunto,<br />

a L. é multiforme e heteróelita; sobreposta<br />

a domínios diversos — físico, fisiológico e<br />

psíquico — também pertence ao domínio individual<br />

e ao domínio social; não se <strong>de</strong>ixa classificar<br />

em categoria alguma <strong>de</strong> fatos humanos<br />

porque não se sabe como <strong>de</strong>terminar a unida<strong>de</strong>"<br />

(Cours <strong>de</strong> linguistíque générale, 1916, p,<br />

15). Do ponto <strong>de</strong> vista geral ou filosófico, o problema<br />

da L. é o problema da intersubjetivida<strong>de</strong><br />

dos signos, do fundamento <strong>de</strong>sta intersubjetivida<strong>de</strong>.<br />

O problema da "origem" da L, discutido<br />

nos sécs. XVII e XIX, é uma <strong>de</strong> suas formas; as<br />

duas soluções típicas são apenas dois modos<br />

<strong>de</strong> garantir a intersubjetivida<strong>de</strong> dos signos<br />

lingüísticos. Dizer que a L. tem origem em convenções<br />

significa simplesmente que essa intersubjetivida<strong>de</strong><br />

é fruto <strong>de</strong> um acordo, <strong>de</strong> um<br />

contrato entre homens, e dizer que a L. se origina<br />

da natureza significa simplesmente que<br />

essa intersubjetivida<strong>de</strong> é garantida pela relação<br />

entre o signo lingüístico e a coisa ou com o<br />

estado subjetivo a que ele se refere. É possível<br />

distinguir quatro soluções fundamentais para o<br />

problema da intersubjetivida<strong>de</strong> da L. e, portanto,<br />

quatro interpretações <strong>de</strong> L: I a L. como convenção;<br />

2- L. como natureza; 3 a L- como escolha-,<br />

4- L. como acaso. As três primeiras interpretações<br />

já haviam sido distinguidas e caracterizadas<br />

por Platão.<br />

As primeiras duas têm em comum a afirmação<br />

do caráter necessário da relação entre o<br />

signo lingüístico e seu objeto (qualquer que<br />

seja). A tese convencionalista, ao afirmar a perfeita<br />

arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os usos lingüísticos,<br />

portanto a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confrontálos<br />

e corrigi-los, reconhece em todos a mesma<br />

valida<strong>de</strong>. A tese do caráter natural da L. é levada,<br />

por outro lado, a admitir as mesmas conclusões.<br />

Uma vez que todos os signos lingüísticos<br />

são tais por natureza e cada um é suscitado ou<br />

produzido pelo objeto que expressa, todos são

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