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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PERSUASÃO 760 PESSIMISMO<br />

A distinção entre persuasão e ensinamento racional<br />

já foi estabelecida por Platão, que dizia:<br />

"O pensamento é gerado em nós por via <strong>de</strong><br />

ensinamento; a opinião, por via da persuasão.<br />

O primeiro baseia-se sempre num raciocínio<br />

verda<strong>de</strong>iro; a outra carece <strong>de</strong>sse fundamento.<br />

O primeiro continua firme em face da P.; a outra<br />

<strong>de</strong>ixa-se modificar" ('fim., 51, e). Kant expôs<br />

claramente este mesmo conceito; "A crença<br />

que tem fundamento na natureza particular do<br />

sujeito chama-se persuasão. É simples aparência<br />

porque o fundamento do juízo, que está<br />

unicamente no sujeito, é consi<strong>de</strong>rado como objetivo.<br />

Portanto, esse juízo só tem valida<strong>de</strong> pessoal<br />

e a crença não po<strong>de</strong> ser comunicada"<br />

(C.rít. R. Pura, Doutrina do método, cap. II. seç.<br />

3). Deste ponto <strong>de</strong> vista, a pedra <strong>de</strong> toque que<br />

permite distinguir P e convicçüo(\.) é "a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comunicar a crença e reconhecê-la<br />

válida para a razão <strong>de</strong> qualquer homem"<br />

(IbicL); a convicção é comunicável; a P. não 6.<br />

A distinção kantiana foi aceita e simplificada<br />

por C. Perelmann e por L. Olbrechts-Tyteca:<br />

"Propomos chamar <strong>de</strong> persuasiva a argumentação<br />

que pretenda servir apenas a um auditório<br />

particular, e chamar <strong>de</strong> cotwincentej. que acredita<br />

po<strong>de</strong>r obter a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> qualquer ser racional"<br />

(Traité <strong>de</strong> l'argunientath»i, 1958, § 6).<br />

Às vezes, P. foi cli.stinguida <strong>de</strong> convicção por,<br />

supostamente, envolver o sentimento além da<br />

razão e, portanto, só ela ser capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar<br />

o que Pascal chamava <strong>de</strong> "autômato", que são<br />

os comportamentos afetivos e habituais do homem.<br />

Pascal dizia: "Somos autômatos tanto<br />

quanto espírito; disso resulta que o instrumento<br />

<strong>de</strong> que se constitui a P. não é apenas a <strong>de</strong>monstração"<br />

(Pensões. 252). D'Alembert expressou<br />

muito liem esse ponto <strong>de</strong> vista: "A<br />

convicção tem mais a ver com o espírito; a P..<br />

com o coração. Diz-se que o orador não <strong>de</strong>ve<br />

apenas convencer, ou seja, provar o que enuncia,<br />

mas também persuadir, ou seja, impressionar<br />

e comover. A convicção supõe alguma prova;<br />

a P., nem sempre. (...) Persuadimo-nos<br />

facilmente do que nos agrada; ficamos ás ve7.es<br />

entristecidos ao nos convencermos daquilo em<br />

que não queríamos crer" (ÍEuvres posthumes,<br />

1799, II. p. 89). Outras vezes a P. foi consi<strong>de</strong>rada<br />

a forma superior da certeza por estar ligada<br />

á verda<strong>de</strong> objetiva. Foi o que fez Hei<strong>de</strong>gger,<br />

que a enten<strong>de</strong>u como "um modo <strong>de</strong> ser da certeza",<br />

mais precisamente o que se funda testemunho<br />

da "coisa <strong>de</strong>scoberta", que é verda<strong>de</strong>ira<br />

(Seiu und Zeit, § 52). Analogamente, [a.spers<br />

pôs a P. acima da "confirmação pragmática" e<br />

da "evidência coercitiva", como o terceiro e<br />

último grau da verda<strong>de</strong> objetiva (Vernunft und<br />

Existenz, 1935, III, § 3)- Por outro lado, insistiuse<br />

sobre o caráter "emocional" da P.. no sentido<br />

<strong>de</strong> que ela apelaria para motivos "não racionais"'<br />

(C. L. STEVENSON, Ethics and Language,<br />

1944. cap. 6). O que emerge <strong>de</strong>ssas indicações<br />

é o caráter pessoal e, em certa medida, incomunicável<br />

da P., ou melhor, dos motivos que<br />

fundamentam a crença na qual ela consiste.<br />

2. Ato ou procedimento <strong>de</strong> persuadir, <strong>de</strong><br />

induzir à persuasão.<br />

PERSUASIVO (gr. TtiGavóv; lat. Persuasihle.<br />

in. Persuasive, ir. Persuasif, ai. [íberzeugend;<br />

it. Persuasivo). Critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>fendido<br />

pelos céticos da Nova Aca<strong>de</strong>mia, em primeiro<br />

lugar por Carnéacles. Persuasiva é a representação<br />

que se mostra verda<strong>de</strong>ira, que po<strong>de</strong> ser falsa,<br />

mas que na maioria das vezes é verda<strong>de</strong>ira.<br />

Carnéa<strong>de</strong>s dizia: "Visto que raramente topamos<br />

com uma representação verda<strong>de</strong>ira, não <strong>de</strong>vemos<br />

recusar-nos a crer na representação que<br />

na maioria das vezes diz a verda<strong>de</strong>: com efeito,<br />

juízos e ações são regulados pela maior ou<br />

menor freqüência" (SI:XTO EMPÍRICO, Adv. inath.,<br />

VII, 175). A representação persuasiva, segundo<br />

os discípulos cie Carnéa<strong>de</strong>s, também <strong>de</strong>ve ser<br />

coerenteepon<strong>de</strong>rada, ainda que essas características<br />

nada acrescentem à sua capacida<strong>de</strong><br />

persuasiva (Ibid., VII. 184).<br />

PESQUISA. V. INVESTIGAÇÃO.<br />

PESSIMISMO (in. Pessimism-, fr. Pessimismo-,<br />

ai. Pessimismns; it. Pessimismo). Km geral,<br />

crença <strong>de</strong> que o estado das coisas, em alguma<br />

parte do mundo ou em sua totalida<strong>de</strong>, é o<br />

pior possível. Esse termo começou a ser empregado<br />

na Inglaterra, no início do séc. XIX,<br />

como antítese do otimismo. Portanto, a tese do<br />

P. po<strong>de</strong>ria ser expressa como a inversão da tese<br />

do otimismo, com a asserçáo <strong>de</strong> que nosso<br />

mundo é o pior dos mundos possíveis. Mas expresso<br />

<strong>de</strong>sta forma o P. é uma metafísica, e<br />

po<strong>de</strong>-se falar em P. só a propósito da <strong>filosofia</strong><br />

<strong>de</strong> Schopenhauer e <strong>de</strong> seus seguidores. Comumente,<br />

porém, fala-se em P. também em sentido<br />

mais limitado e parcial, quando ocorre pelo<br />

menos uma das teses seguintes:<br />

I a Na vida humana as dores superam os prazeres,<br />

e a felicida<strong>de</strong> é inatingível. Desta forma, o<br />

P. foi <strong>de</strong>fendido pelo cirenaico Egesias, chamado<br />

<strong>de</strong> "persuasor da morte" (DlOG. L, II. 8, 94).<br />

2 J Na vida humana os males superam os<br />

bens, <strong>de</strong> tal modo que ela é uni complexo <strong>de</strong>

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