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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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VALOR 990 VALOR<br />

estendido o significado do termo que fundamentava<br />

então as ciências econômicas (v. ECO-<br />

NOMIA POLÍTICA). Kant i<strong>de</strong>ntificara o bem com o<br />

V. em geral: "Cada um chama <strong>de</strong> bem aquilo<br />

que aprecia e aprova, isto é, aquilo em que há<br />

um V. objetivo"; e acrescentava que nesse sentido<br />

o bem é bem para todos os seres racionais<br />

(Crít. do Juízo, § 5). No entanto, limitava-se a<br />

<strong>de</strong>signar com a palavra V. o bem objetivo, excluindo<br />

o agradável e o belo. A extensão do termo<br />

para indicar não só o bem, mas também o<br />

verda<strong>de</strong>iro e o belo, se <strong>de</strong>ve aos Kantianos, principalmente<br />

à corrente psicologista do Kantismo.<br />

Polemizando contra o próprio Kant, Beneke<br />

afirmava que a moralida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

uma lei universal da conduta, mas po<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>terminar a or<strong>de</strong>m dos V. que <strong>de</strong>vem<br />

ser preferidos nas escolhas individuais; os<br />

próprios V. são <strong>de</strong>terminados pelo sentimento<br />

(Grundlinien <strong>de</strong>r Síttenlehre, 1837, I, pp. 231<br />

ss; Grundlinien <strong>de</strong>s Naturrechtes, 1838, I, pp.<br />

41 ss.). Essa orientação da ética para os V., em<br />

filósofos que se inspiravam em Kant, sem dúvida<br />

é <strong>de</strong>vida à tendência psicologizante, que<br />

tem como corolário a noção subjetivista do<br />

bem. Mas foi principalmente Win<strong>de</strong>lband quem<br />

falou, nos ensaios <strong>de</strong>pois reunidos em Prelúdíos<br />

(1884), <strong>de</strong> um "V. <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>" e <strong>de</strong> um "V.<br />

<strong>de</strong> beleza", além <strong>de</strong> um "V. <strong>de</strong> bem". Para a difusão<br />

<strong>de</strong>sse conceito e do termo V., Nietzsche<br />

contribuiu muito com suas obras fundamentais<br />

Jenseítsvon Gut undBóse(1886) e ZurGenealogie<br />

<strong>de</strong>r Moral (1887). Foi mais ou menos a<br />

partir <strong>de</strong>ssa época que o conceito <strong>de</strong> V. passa<br />

a ser fundamental em <strong>filosofia</strong>, e as discussões<br />

em torno <strong>de</strong>le esgotam quase totalmente o campo<br />

dos problemas morais.<br />

É também a partir da mesma época que<br />

ten<strong>de</strong> a reproduzir-se, no campo da teoria dos<br />

V., uma divisão análoga à que caracterizara a<br />

teoria do bem: entre um conceito metafísico ou<br />

absolutista e um conceito empirista ou subjetívisla<br />

do V. O primeiro atribui ao V. um status<br />

metafísico, que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> completamente das<br />

suas relações com o homem. O segundo consi<strong>de</strong>ra<br />

o modo <strong>de</strong> ser do V. em estreita relação com<br />

o homem ou com as ativida<strong>de</strong>s humanas. A primeira<br />

concepção é motivada pela intenção <strong>de</strong><br />

subtrair o V., ou melhor, <strong>de</strong>terminados valores<br />

e modos <strong>de</strong> vida neles fundados, à dúvida, à<br />

crítica e à negação: essa intenção parece pueril,<br />

se pensarmos que o v. mais solidamente ancorado<br />

na consciência dos homens e que mais<br />

paixões provoca também é o v. mais mutável e<br />

relativo, a tal ponto que às vezes os filósofos<br />

se recusam pudicamente a consi<strong>de</strong>rá-lo autêntico:<br />

o V.-dinheiro.<br />

1 Q A primeira concepção <strong>de</strong>ve, por um lado,<br />

insistir na ligação do V. com o homem e<br />

por outro na in<strong>de</strong>pendência do V. A primeira<br />

<strong>de</strong>terminação é, <strong>de</strong> fato, constitutiva do V. e<br />

marca a característica que o distingue do bem,<br />

como é tradicionalmente entendido. A segunda<br />

<strong>de</strong>terminação visa a conferir caráter absoluto<br />

ao V. O conceito Kantiano do apriori parecia<br />

conter ambas as <strong>de</strong>terminações; por isso, com<br />

Win<strong>de</strong>lband e Rickent o conceito <strong>de</strong> V. foi elaborado<br />

em relação com o <strong>de</strong> apriori. Para Win<strong>de</strong>lband,<br />

o V. é o <strong>de</strong>ver-ser <strong>de</strong> uma norma que também<br />

po<strong>de</strong> não se realizar <strong>de</strong> fato, mas que é a<br />

única capaz <strong>de</strong> conferir verda<strong>de</strong>, bonda<strong>de</strong> e beleza<br />

às coisas julgaveis (Prãludien, 4. ã ed., 1911,<br />

II, pp. 69 ss.). Nesse sentido, os V. não são coisas<br />

ou supra-coisas, não têm realida<strong>de</strong> ou ser,<br />

mas seu modo <strong>de</strong> ser é o <strong>de</strong>ver-ser(sollen). Rickert<br />

repete esse ponto <strong>de</strong> vista e reitera que o ser<br />

dos V. não consiste na sua realida<strong>de</strong>, mas em<br />

seu <strong>de</strong>ver-ser. Contudo, em Rickert os V. se<br />

transformam em realida<strong>de</strong>s transcen<strong>de</strong>ntes.<br />

Rickert distingue seis domínios do V.: lógica,<br />

estética, mística (que é o domínio da santida<strong>de</strong><br />

impessoal), ética, erótica (que é o domínio da<br />

felicida<strong>de</strong>) e <strong>filosofia</strong> religiosa. A cada um <strong>de</strong>sses<br />

domínios correspon<strong>de</strong> um bem (ciência,<br />

arte, uno-todo, comunida<strong>de</strong> livre, comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> amor, mundo divino); uma relação com o<br />

sujeito (juízo, intuição, adoração, ação autônoma,<br />

unificação, <strong>de</strong>voção); e <strong>de</strong>terminada intuição<br />

do mundo (intelectualismo, esteticismo,<br />

misticismo, moralismo, eu<strong>de</strong>monismo, teísmo<br />

ou politeísmo) (System <strong>de</strong>r Phüosophie, 1921).<br />

A mediação entre a realida<strong>de</strong> e os V. é esclarecida<br />

por Rickert com o conceito <strong>de</strong> sentido<br />

(Sinri): sentido é a referência da realida<strong>de</strong>,<br />

ou <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>la, ao mundo dos V., por meio<br />

da qual os V. ingressam na história e são realizados<br />

pelo homem {System <strong>de</strong>r Phüosophie, I,<br />

pp. 319 ss.). Teorias dos V. muito semelhantes<br />

a esta foram elaboradas pelo teuto-americano<br />

Ugo Münsterberg em Philosophie <strong>de</strong>r Werte,<br />

<strong>de</strong> 1908, pelo americano W. M. Urban<br />

( Valuations: its Nature and Laws, 1919; The<br />

Intellegihle World, 1920), pelo italiano Guido<br />

<strong>de</strong>lia Valle (Teoria generale eformule <strong>de</strong>i V.,<br />

1916) e por numerosos outros escritores. Todas<br />

essas teorias omitem o problema que está<br />

por trás <strong>de</strong> sua formulação ou lhe dào soluções<br />

ilusórias. Por um lado, reconhecem que o V.

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