22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

INTELECTO ATIVO 574 INTELECTO ATIVO<br />

tudo o que po<strong>de</strong> ser dito <strong>de</strong>sse ponto é que o<br />

entendimento <strong>de</strong>signa certa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

inserir-se no contexto <strong>de</strong> tais situações e <strong>de</strong><br />

orientar-se nele.<br />

P) Um significado mais restrito e específico,<br />

no qual entendimento significa a compreensão<br />

<strong>de</strong> certo tipo <strong>de</strong> objetos, como p. ex. <strong>de</strong> um homem<br />

ou <strong>de</strong> uma situação histórica. Para tal<br />

significado do termo, v. COMPREENDER.<br />

INTELECTO ATIVO (gr. voüÇTtouiTtxóç; lat.<br />

Intellectus agens; in. Active intellect; fr. Intellect<br />

actif\ú. ActiveIntellekt; it. Intellettoattivó). Noção<br />

<strong>de</strong> origem aristotélica que <strong>de</strong>u lugar a um<br />

problema longamente <strong>de</strong>batido pelos antigos<br />

comentadores <strong>de</strong> Aristóteles, pela escolástica<br />

árabe, pela escolástica cristã e pelo aristotelismo<br />

renascentista. O problema nasce da distinção<br />

feita entre I. potencial e I. atual. "Assim<br />

como, em toda a natureza" — diz Aristóteles —,<br />

"existe alguma coisa que serve <strong>de</strong> matéria a<br />

cada gênero e alguma coisa que é causalida<strong>de</strong><br />

e ativida<strong>de</strong>, também na alma <strong>de</strong>ve necessariamente<br />

haver estas duas coisas diferentes.<br />

De fato, <strong>de</strong> um lado está o I. que tem a potencialida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser todos os objetos e do outro<br />

lado está o I. que os produz, que se comporta<br />

como a luz: esta também permite que passem<br />

ao ato as cores que estão apenas em potência.<br />

Esse I. é isolado, impassível e sem mescla, pois<br />

sua substância é a própria ação" (Dean., III, 5,<br />

430 a 10). Aristóteles acrescenta que só este I.<br />

atual e ativo é "imortal e eterno". Don<strong>de</strong> o problema:<br />

ele pertenceria à alma humana ou, graças<br />

à sua incorruptibilida<strong>de</strong>, faria parte da eternida<strong>de</strong><br />

e da atualida<strong>de</strong> perfeita, da divinda<strong>de</strong>?<br />

Foram três as principais soluções para esse problema:<br />

I a Separação entre I. ativo e alma humana.<br />

Esta é a solução <strong>de</strong>fendida na Antigüida<strong>de</strong> pelo<br />

comentador <strong>de</strong> Aristóteles, Alexandre <strong>de</strong> Afrodísia<br />

(séc. II), que i<strong>de</strong>ntificou o I. ativo com a<br />

causa primeira, com Deus. Assim, pertenceriam<br />

à alma humana: d) I. físico ou material (ílicó),<br />

que é o I. potencial, semelhante ao homem<br />

que é capaz <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r uma arte mas que<br />

ainda não a domina; b) I. adquirido (é7iiK-<br />

XT\XVIÓÇ, a<strong>de</strong>ptus), que é o aperfeiçoamento ou<br />

a completitu<strong>de</strong> do anterior, o conjunto das habilida<strong>de</strong>s<br />

próprias no homem educado, semelhante<br />

ao artista que chegou a dominar sua arte<br />

(Dean., I, ed. Bruns., p. 138-39). Essa solução,<br />

negando à alma humana o único I. imortal e<br />

eterno que é o ativo, por um lado nega a imortalida<strong>de</strong><br />

da alma e por outro acentua a <strong>de</strong>pen-<br />

dência da ativida<strong>de</strong> intelectual humana em relação<br />

aos sentidos. Reaparece com freqüência<br />

na história da <strong>filosofia</strong>. É retomada pelo neoplatonismo<br />

árabe, com Al Kindi (séc. IX), Al<br />

Farabi (séc. IX) e Avicena (séc. XI); este último,<br />

todavia, não achava que essa solução contrariasse<br />

a imortalida<strong>de</strong> da alma, pois admitia que<br />

a <strong>de</strong>pendência da alma em relação ao I. ativo,<br />

logo em relação a Deus, se mantivesse mesmo<br />

<strong>de</strong>pois da separação entre alma e corpo, bastando<br />

isso para conferir a imortalida<strong>de</strong> à alma<br />

(De an., 10). Essa doutrina também era aceita<br />

por Ib Bagia (séc. XII), Moisés Ben Maimon<br />

(Maimôni<strong>de</strong>s, séc. XII), o mais famoso dos filósofos<br />

judaicos da Ida<strong>de</strong> Média (Cui<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<br />

égarés, I, 50-52) e por Roger Bacon (Opus<br />

maius, ed. Bridges, p. 143). No Renascimento,<br />

essa solução foi <strong>de</strong>fendida por Pietro Pomponazzi,<br />

que insistia nas condições sensíveis do<br />

funcionamento do I. humano e consi<strong>de</strong>rava<br />

impossível a <strong>de</strong>monstração da imortalida<strong>de</strong> (De<br />

immortalitate animae, 9).<br />

2- A separação entre I. ativo e I. passivo na<br />

alma humana. Esta foi a solução proposta por<br />

Averróis. O I. material ou ílíco, que os <strong>de</strong>fensores<br />

da solução anterior atribuíam ao homem,<br />

também é consi<strong>de</strong>rado por Averróis separado<br />

da alma humana. Na alma humana, o I. material<br />

nada mais é que uma simples disposição<br />

transmitida pelo I. ativo, e mais exatamente uma<br />

disposição a abstrair conceitos e verda<strong>de</strong>s universais<br />

<strong>de</strong> imagens sensíveis. Portanto, ao homem<br />

só resta o I. adquirido, que Averróis <strong>de</strong>nomina<br />

também especulativo e que consiste no<br />

conhecimento das verda<strong>de</strong>s universais (Dean.,<br />

foi. l65a). Essa doutrina é típica do averroísmo<br />

medieval: foi <strong>de</strong>fendida por Siger <strong>de</strong> Brabante<br />

(séc. XIII) na obra De anima intellectíva (editado<br />

em Mandonnet, Siger <strong>de</strong> Brabant etVaverroisme<br />

latin au XIII" síècle, II, Lovaina, 1908).<br />

Essa solução teve numerosos seguidores no<br />

aristotelismo do Renascimento (cf. BRUNO NAR-<br />

DI, Sigieri di Brabante nelpensiero <strong>de</strong>i Rinascimento<br />

italiano, 1945).<br />

3 a Unida<strong>de</strong> do I. ativo e passivo com a alma<br />

humana. Esta tese foi sustentada no séc. IV<br />

pelo comentador <strong>de</strong> Aristóteles Temísio (De<br />

an., 103, 6; trad. it. p. 233), em polêmica com<br />

Alexandre, e mais tar<strong>de</strong> (séc. IV) pelo outro<br />

comentador Simplício, também neoplatônico.<br />

Foi retomada no séc. XIII, durante a polêmica<br />

contra o averroísmo que se <strong>de</strong>u na escolástica<br />

latina daquele tempo. Alberto Magno e S. Tomás<br />

opõem-se à separação entre I. <strong>de</strong> alma,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!