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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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CARÁTER 117 CARDEAIS, VIRTUDES<br />

si mesma; mas como limite é algo <strong>de</strong> congênito<br />

e, em si mesmo, <strong>de</strong> imutável. Portanto, para Le<br />

Senne, a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>vida ao C. não é<br />

necessitante, apesar <strong>de</strong> originária e relativamente<br />

imutável. Embora nesse ponto Le Senne<br />

se apoie num fundamento estabelecido por<br />

Adler (<strong>de</strong> que falaremos adiante), para ele a<br />

noção <strong>de</strong> C, é uma <strong>de</strong>terminação ou complexo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações originárias e imodificáveis,<br />

isto é, continua presa a um significado que não<br />

distingue C. <strong>de</strong> temperamento (v.). Esse conceito<br />

<strong>de</strong> C. faz da liberda<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>terminismo na<br />

personalida<strong>de</strong> humana duas forças distintas e<br />

reciprocamente autônomas: uma resi<strong>de</strong> no eu<br />

e a outra no C. (ou no temperamento), reproduzindo,<br />

em linguagem diferente, o dualismo<br />

kantiano <strong>de</strong> C. inteligível e C. empírico.<br />

A doutrina <strong>de</strong> Adler, porém, fugiu a esse<br />

dualismo. Para Adler, o C. é a manifestação<br />

objetiva, verificável através da experiência social,<br />

da própria personalida<strong>de</strong> humana. Não só<br />

o C. é um "conceito social", no sentido <strong>de</strong> que<br />

só se po<strong>de</strong> falar <strong>de</strong> C. referindo-se à conexão<br />

<strong>de</strong> um homem com o seu ambiente, mas também<br />

os traços ou as disposições que constituem<br />

o C. são verificáveis apenas socialmente.<br />

As manifestações do C. "são semelhantes a<br />

uma linha diretiva que a<strong>de</strong>re ao homem como<br />

um esquema e lhe permite, sem muita reflexão,<br />

exprimir a sua personalida<strong>de</strong> original em<br />

cada situação" (Menscbenkenntniss, 1926, II, 1;<br />

trad. it., pp. 150 ss.). Essas manifestações não<br />

exprimem nenhuma força ou substrato inato,<br />

mas são adquiridas, ainda que muito cedo.<br />

Substancialmente, o C. é o modo como o homem<br />

toma posição diante do mundo natural e<br />

social; e Adler baseia sua avaliação em dois<br />

pontos <strong>de</strong> referência: a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e o<br />

sentimento social, que, com sua ação recíproca,<br />

constituiriam os aspectos básicos do caráter.<br />

"Trata-se", diz ele, "<strong>de</strong> um jogo <strong>de</strong> forças, cuja<br />

forma <strong>de</strong> manifestação exterior caracteriza o<br />

que nós chamamos <strong>de</strong> C." (Ibid., 1926, II, 1;<br />

trad. it., p. 176). Scheler, por sua vez, faz uma<br />

distinção radical entre pessoa e C. A pessoa é<br />

o sujeito dos atos intencionais e, portanto, é o<br />

correlato <strong>de</strong> um mundo, mais precisamente do<br />

mundo em que ela vive. O C, ao contrário, é a<br />

constante hipotética x que se assume para explicar<br />

as ações particulares <strong>de</strong> uma pessoa. Portanto,<br />

se um homem age <strong>de</strong> forma não correspon<strong>de</strong>nte<br />

às <strong>de</strong>duções que tínhamos extraído<br />

da imagem hipoteticamente assumida do seu<br />

caráter, <strong>de</strong>vemos estar dispostos a mudar essa<br />

imagem. Mas a pessoa não po<strong>de</strong> mudar.- portanto,<br />

não po<strong>de</strong> ser afetada pelas mudanças <strong>de</strong><br />

C, assim como não é afetada pela doença psíquica<br />

que somente a oculta (Formalismus, pp.<br />

501 ss.). Essa separação nítida entre C. e pessoa,<br />

que, em Scheler, se <strong>de</strong>ve ao primado<br />

metafísico que ele atribui à pessoa, não encontra<br />

equivalência na antropologia contemporânea,<br />

cujos traços, mais comuns e importantes<br />

no que se refere à doutrina do C, po<strong>de</strong>m ser<br />

assim recapitulados: I a o C. é a manifestação<br />

objetiva da personalida<strong>de</strong> humana ou é essa<br />

mesma personalida<strong>de</strong> no seu aspecto objetivo,<br />

da forma como é apreendida pela experiência<br />

humana comum ou pelas técnicas <strong>de</strong> investigação<br />

da personalida<strong>de</strong> (v. PERSONALIDADE); 2o<br />

C. distingue-se do temperamento (v.) porque<br />

não é um dado puramente orgânico como este<br />

último e porque não é um elemento imutável<br />

e necessitante, mas resultado das opções feitas<br />

por um indivíduo, consistindo nas constantes<br />

observáveis das suas opções; 3 Q tais opções<br />

não são absolutamente livres nem necessárias,<br />

mas condicionadas por elementos orgânicos,<br />

ambientais, sociais etc; e, em suas constantes<br />

observáveis, <strong>de</strong>lineiam um projeto <strong>de</strong> comportamento<br />

no qual coinci<strong>de</strong>m oC.ea personalida<strong>de</strong><br />

do homem.<br />

CARÁTER POÉTICO (it. Carattere poético).<br />

Segundo Viço, os primeiros homens conceberam<br />

as coisas inicialmente mediante "C. fantásticos<br />

<strong>de</strong> substâncias animadas e mudas", isto<br />

é, atos ou corpos que tivessem alguma relação<br />

com as idéias, e <strong>de</strong>pois com "C. divinos e heróicos",<br />

mais tar<strong>de</strong> explicados com palavras<br />

vulgares (Scienza nuova, YlAA, passim): nessas<br />

locuções obviamente a palavra "caráter" está<br />

por sinal ou símbolo.<br />

CARDEAIS, VIRTUDES (lat. Cardinales<br />

virtu<strong>de</strong>s-, in. Cardinal virtues; fr. Vertues cardinales-,<br />

ai. Kardinaltugen<strong>de</strong>n; it. Virtú cardinalt).<br />

Assim foram chamadas por Sto. Ambrósio<br />

(Deoff. ministr., I, 34; De Par., III, 18; De<br />

sacr, III, 2) as quatro virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que fala<br />

Platão em República e que estão entre as que<br />

Aristóteles chamava <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s morais ou<br />

éticas, a saber: prudência, justiça, temperança<br />

e fortaleza. S. Tomás procurou mostrar a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sse qualificativo, <strong>de</strong>monstrando<br />

que só as virtu<strong>de</strong>s morais po<strong>de</strong>m ser chamadas<br />

<strong>de</strong> C. ou principais, pois só elas exigem a disciplina<br />

dos <strong>de</strong>sejos (rectitudo appetitus), na qual<br />

consiste a virtu<strong>de</strong> perfeita; por isso, <strong>de</strong>vem ser<br />

assim <strong>de</strong>nominadas as virtu<strong>de</strong>s morais às quais

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