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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EMPIRISMO 328 EMPIRISMO LÓGICO<br />

que satisfaçam à tradicional exigência empirista<br />

<strong>de</strong> verificação e comprovação e a <strong>de</strong>clarar<br />

"<strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> sentido" todos os outros. No<br />

que concerne ao pensamento antigo e medieval,<br />

não se po<strong>de</strong> dizer que apresente formas<br />

completas <strong>de</strong> empirismo. Nele po<strong>de</strong>m ser facilmente<br />

encontrados aspectos ou tendências<br />

<strong>de</strong> E., mas não se observa o conhecimento<br />

nem a aceitação da exigência fundamental <strong>de</strong><br />

que qualquer verda<strong>de</strong> seja verificada ou comprovada<br />

por um método a<strong>de</strong>quado. Mas encontra-se<br />

freqüentemente a característica 2-, o<br />

sensacionismo, que foi <strong>de</strong> fato compartilhado<br />

por cirenaicos, estóicos e epicuristas. Entre<br />

Platão e Aristóteles, o mais próximo do E.<br />

é Platão, apesar do interesse que Aristóteles<br />

<strong>de</strong>monstrou pelo mundo natural e da extensão<br />

<strong>de</strong> suas pesquisas nesse campo. De fato, o que<br />

Aristóteles consi<strong>de</strong>rava como objeto <strong>de</strong> investigação<br />

em qualquer campo é a substância, a razão<br />

<strong>de</strong> ser das coisas, da qual são <strong>de</strong>dutíveis,<br />

por via silogística, todas as proprieda<strong>de</strong>s da<br />

coisa, e a substância, embora empiricamente<br />

seja aquilo que se apresenta sempre do mesmo<br />

modo, não é suscetível <strong>de</strong> verificação ou comprovação<br />

pela experiência, mas a ela se chega<br />

por meio da <strong>de</strong>dução dos princípios evi<strong>de</strong>ntes<br />

comuns a todas as ciências e dos princípios<br />

próprios <strong>de</strong> cada ciência (v. SUBSTÂNCIA). O método<br />

dialético <strong>de</strong> Platão (v. DIALÉTICA), no entanto,<br />

parece consistir justamente na verificação<br />

e na comprovação das <strong>de</strong>terminações atribuídas<br />

a <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong>; assim, essas <strong>de</strong>terminações<br />

po<strong>de</strong>m ser abandonadas, corrigidas<br />

ou modificadas pelos empregos sucessivos do<br />

método. Mas o E. <strong>de</strong> Platão só po<strong>de</strong> ser reconhecido<br />

pelos mo<strong>de</strong>rnos, já que Platão contrapunha<br />

o seu método precisamente à experiência<br />

e nele evi<strong>de</strong>nciava as características<br />

contrárias: como aparece claramente no trecho<br />

<strong>de</strong> Leis (citado no verbete EXPERIÊNCIA) em<br />

que à experiência do médico <strong>de</strong> escravos contrapõe<br />

o procedimento racional do médico <strong>de</strong><br />

homens livres (Leis, IV, 720 c-d). Na Ida<strong>de</strong> Média,<br />

a tendência empirista manifesta-se na negação<br />

freqüente da realida<strong>de</strong> do universal, que<br />

sempre implica o recurso à experiência, e no<br />

reconhecimento da experiência como processo<br />

que permite verificar e comprovar a realida<strong>de</strong><br />

atual das coisas; p. ex., como conhecimento<br />

intuitivo. Nesse sentido, a doutrina <strong>de</strong> Ockham<br />

é a principal manifestação do E. medieval. Finalmente,<br />

a antítese estabelecida por Francis Bacon<br />

entre a antecipação da natureza, que, sem veri-<br />

ficação nem comprovação, salta dos casos particulares<br />

para os axiomas generalíssimos, e a interpretação<br />

àa. natureza, que consiste em ir, "sem<br />

saltos e por graus", das coisas particulares aos<br />

axiomas (Nov. Org., I, 24), representa a certidão<br />

<strong>de</strong> nascimento do E. mo<strong>de</strong>rno e <strong>de</strong> sua oposição<br />

a qualquer forma <strong>de</strong> racionalismo dogmático.<br />

EMPIMSMO LÓGICO (in. Logical empiricism;<br />

fr. Empirisme logique, ai. Logischer Empirismus;<br />

it. Empirismo lógico). Com esse nome<br />

ou com o nome <strong>de</strong> positivismo lógico indica-se<br />

a orientação instaurada pelo Círculo <strong>de</strong><br />

Viena (v.) e <strong>de</strong>pois seguida e <strong>de</strong>senvolvida<br />

por outros pensadores, especialmente na América<br />

do Norte e na Inglaterra. A característica<br />

fundamental <strong>de</strong>ssa corrente é a redução da <strong>filosofia</strong><br />

à análise da linguagem. Nela, porém,<br />

po<strong>de</strong>m ser distinguidas duas tendências fundamentais,<br />

segundo se entenda linguagem como<br />

linguagem científica ou linguagem comum.<br />

Essas duas tendências têm em comum um arsenal<br />

negativo e polêmico (a negação <strong>de</strong> qualquer<br />

"metafísica") que elas compartilham com<br />

todo o E. mo<strong>de</strong>rno e que justificam com a tese<br />

<strong>de</strong> que todos os enunciados metafísicos são <strong>de</strong>sprovidos<br />

<strong>de</strong> sentido, porque não verificáveis<br />

empiricamente. Têm também em comum as<br />

duas teses propostas pela primeira vez por<br />

Ludwig Wittgenstein, em seu Tratado lógicofilosófico<br />

(1922): 1- os enunciados factuais, isto<br />

é, que se referem a coisas existentes, só têm<br />

significado se forem empiricamente verificáveis;<br />

2- existem enunciados não verificáveis, mas<br />

verda<strong>de</strong>iros com base nos próprios termos<br />

que os compõem; tais enunciados são tautologias,<br />

ou seja, não afirmam nada a respeito da<br />

realida<strong>de</strong>; a matemática e a lógica são conjuntos<br />

<strong>de</strong> tautologias.<br />

A) A tendência que atribui à <strong>filosofia</strong> a função<br />

<strong>de</strong> analisar a linguagem científica conta sobretudo<br />

com os nomes <strong>de</strong> Rudolf Carnap e<br />

Hans Reichenbach. As obras <strong>de</strong>ste último pertencem<br />

à metodologia da ciência. Ele estudou<br />

os Fundamentos filosóficos da mecânica<br />

quântica (1944) e a Teoria da probabilida<strong>de</strong><br />

(1949) como fundamento da indução, consi<strong>de</strong>rando<br />

que a própria probabilida<strong>de</strong> baseia-se exclusivamente<br />

na freqüência estatística. Por sua<br />

vez, Rudolf Carnap <strong>de</strong>u mais atenção à matemática<br />

e à física (A visão lógica do mundo, 1928; A<br />

sintaxe lógica da linguagem, 1934; Fundamentos<br />

da lógica e da matemática, 1939; Introdução<br />

à semântica, 1942; Formalização da lógica,<br />

1943; Significado e necessida<strong>de</strong>, 1947;

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