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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SÍNTESE 906 SÍNTESE<br />

oposição a análise), a síntese po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

como o método que vai do simples ao<br />

composto, dos elementos às suas combinações,<br />

nos objetos cuja natureza se preten<strong>de</strong> explicar.<br />

A oposição dos dois métodos foi expressa pela<br />

primeira vez por Descartes (Rép. au.x II ob/ections;<br />

v. ANÁI.ISK); l.eibniz assim a expressava:<br />

"Chega-se muitas vezes a belas verda<strong>de</strong>s por<br />

meio da S., indo do simples ao composto, mas<br />

quando é preciso encontrar o meio <strong>de</strong> tazer aquilo<br />

que se propõe, a S, normalmente não basta<br />

(...) e cabe à análise ciar-nos o tio condutor,<br />

quando isso é possível, porque há casos em<br />

que a natureza do problema exige que se proceda<br />

tateando, e nem sempre é possível cortar<br />

caminho" (Nouv. ess., IV. 2, 7). Segundo Kant.<br />

o método sintético é "progressivo", ao passo<br />

que o analítico é "regressivo", vai do objeto às<br />

condições que o possibilitam (Prol., § 5, nota).<br />

Segundo Kant. o procedimento da <strong>filosofia</strong> é<br />

analítico, enquanto o da matemática é sintético,<br />

mas neste caso os dois termos não têm<br />

nenhuma relação com a classificação dos juízos<br />

em analíticos e sintéticos. Em geral, assim como<br />

o procedimento analítico é caracterizado pela<br />

presença <strong>de</strong> dados (inerentes ao objeto ou à<br />

situação a ser resolvida) que o guiam e controlam,<br />

o procedimento sintético po<strong>de</strong> ser caracterizado<br />

pela ausência <strong>de</strong> tais dados e pela pretensão,<br />

inerente a ele. <strong>de</strong> produzir por si mesmo<br />

os elementos <strong>de</strong> suas construções (v. FILOSOFIA).<br />

2" No segundo significado, o termo <strong>de</strong>signa<br />

a união do sujeito e do predicado na proposição,<br />

portanto o ato ou a ativida<strong>de</strong> intelectual<br />

que realiza tal união. Foi neste sentido que<br />

Aristóteles utilizou o termo, ao dizer que "on<strong>de</strong><br />

está o verda<strong>de</strong>iro e o falso está também certa S.<br />

<strong>de</strong> pensamento semelhante à S. que há nas<br />

coisas" (Dean., III. 6, 430 a 27), e "o que cria<br />

essa unida<strong>de</strong> é o intelecto" (Ibíci.. 430b 5). Mas<br />

foi Kant quem mais utilizou o conceito <strong>de</strong> S.,<br />

reduzindo a ela todas as espécies <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

intelectual. Definiu a S. em geral como "o ato<br />

<strong>de</strong> unir diferentes representações e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

essa unida<strong>de</strong> num único conhecimento"<br />

(Crít. R. Pura, § 10), e distinguiu numerosas<br />

espécies <strong>de</strong> S. com base nos elementos que<br />

nela se encontram. Km primeiro lugar, fez a<br />

distinção entre S.pura, na qual a multiplicida<strong>de</strong><br />

não é dada empiricamente, mas apriori(como<br />

a do espaço e do tempo), e a S. empírica, em<br />

que a multiplicida<strong>de</strong> é dada empiricamente. A<br />

S. pura é "o ato originário do conhecimento, o<br />

primeiro fato ao qual <strong>de</strong>vemos dar atenção se<br />

quisermos <strong>de</strong>scobrir a origem primeira <strong>de</strong> nosso<br />

conhecimento" (IbicL). Portanto, a S. pura<br />

prece<strong>de</strong> qualquer análise, pois só se po<strong>de</strong><br />

analisar o que já se <strong>de</strong>u unido num ato cognoscitivo.<br />

A S. pura, que é possível a priori,<br />

po<strong>de</strong> ser distinguida da S. figurada (Synthesis<br />

speciosa) e da síntese intelectual (Synthesis intellectualis):<br />

ambas são transcen<strong>de</strong>ntais porque<br />

constituem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer conhecimento,<br />

mas enquanto a segunda unifica<br />

uma multiplicida<strong>de</strong> puramente pensada, a figurada<br />

é uma S. da multiplicida<strong>de</strong> cia intuição<br />

sensível, ou melhor, é uma S. da imaginação<br />

entendida como "faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminai a<br />

priori a .sensibilida<strong>de</strong>" (Ihid.. § 24). É nessa S.<br />

transcen<strong>de</strong>ntal da imaginação que se baseia o<br />

cogito, ou apercepçào originária (v.). Mas.<br />

como todo conhecimento é síntese e o conhecimento<br />

efetivo, segundo Kant, é a experiência,<br />

Kant chama a experiência <strong>de</strong> "síntese, segundo<br />

conceitos, do objeto dos fenômenos em geral"<br />

(Crít. R. Pura, Anal. dos princ, cap. 11. seç.<br />

II). Na primeira edição, Kant falara em três<br />

espécies <strong>de</strong> S.: I a S. cia apreensão ra intuição; 2 a<br />

S. da reprodução na imaginação; 3 J S. da<br />

recognição no conceito (Crít. R. Pura, 1- ecl.,<br />

An. transe. I Livro, cap. 2, seç. 2). Mas tanto<br />

na primeira quanto na segunda edição Kant reduziu<br />

qualquer espécie ou grau <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

cognitiva a S. Fsse foi um dos aspectos mais<br />

evi<strong>de</strong>nciados e discutidos cie sua obra. Enquanto<br />

a noção <strong>de</strong> S. mudava <strong>de</strong> natureza no i<strong>de</strong>alismo<br />

(v. mais adiante), era retomada e adaptada por<br />

outros filósofos <strong>de</strong> maneiras diferentes. Galluppi<br />

inverteu o ponto <strong>de</strong> vista kantiano, pondo a<br />

análise antes cia síntese. "A S. é a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reunir as percepções separadas pela análise. A<br />

análise é, pois. uma condição essencial para a<br />

síntese" (Saggiofil. sulla critica <strong>de</strong>lia conoscenza,<br />

1831, II, § 146). Além disso, fez a distinção<br />

entre a S. i<strong>de</strong>al objetiva, que consiste em<br />

reconhecer as relações objetivas que existem<br />

entre as coisas, S. imaginativa civil, que consiste<br />

em reunir numa representação complexa,<br />

que não correspon<strong>de</strong> a nenhum objeto, diferentes<br />

representações, cada uma das quais tem<br />

um objeto, e S. imaginativa poética, que é<br />

uma espécie da prece<strong>de</strong>nte (Ibid.. III, §§ 147-<br />

149). Por sua vez, Rosmini chamava S. primitiveis<br />

sua "percepção intelectiva" (Nuovosaggio,<br />

§ 46: § 528, etc). Em geral, o conceito <strong>de</strong> S.<br />

continuou expressando em <strong>filosofia</strong> a ativida<strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>nadora. organizadora e sístematízadora<br />

do intelecto. Os neokantianos fizeram amplo

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