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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SOLIPSISMO 919 SONHO<br />

1943, p. 284). Na realida<strong>de</strong>, o S. só é irrefutável<br />

do ponto <strong>de</strong> vista i<strong>de</strong>alista (com o qual coinci<strong>de</strong>),<br />

segundo o qual os atos ou as ações cio sujeito<br />

são conhecidos <strong>de</strong> maneira imediata, privilegiada<br />

e absolutamente segura.<br />

Foi a aceitação (explícita ou implícita)<br />

<strong>de</strong>ssa tese que por vezes levou a adotar o S.<br />

como ponto <strong>de</strong> partida obrigatório da teoria<br />

do conhecimento (cf., p. ex., DRIKSCH, Op. cit.,<br />

p. 23) ou como procedimento metodológico<br />

(ScHnsKRT-Soi.DKRN, Op. cit., pp. 65 ss.). Este<br />

último ponto <strong>de</strong> vista foi adotado pelo positivismo<br />

lógico, especialmente por Wittgenstcin<br />

e Carnap. O primeiro, tendo observado que<br />

"os limites <strong>de</strong> minha linguagem constituem os<br />

limites <strong>de</strong> meu mundo" ('1'rcictatiis, 5, 6), concluiu<br />

"ser absolutamente correto o significado<br />

do S., que, apesar <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r ser dito. manifesta-se.<br />

O lato <strong>de</strong> os limites da linguagem (da<br />

linguagem que só eu entendo) constituírem os<br />

limites do meu mundo revela que o mundo é<br />

o meu mundo" (Ibid., 5.62) e que, portanto,<br />

"eu sou o meu mundo" (Ibid., 5.63). Mas. assim<br />

entendido, o S. transforma-se imediatamente<br />

em realismo: "O S. rigorosamente <strong>de</strong>senvolvido<br />

coinci<strong>de</strong> com o realismo puro. O eu do positivismo<br />

reduz-se a um ponto inextenso, e a<br />

realida<strong>de</strong> a ele se coor<strong>de</strong>na" (Ibid., 5.64). O<br />

pressuposto <strong>de</strong>sse discurso é a teoria segundo<br />

a qual a correspondência entre os elementos<br />

cia linguagem e os cia realida<strong>de</strong> se dá termo a<br />

termo, e os elementos da realida<strong>de</strong> se reduzem<br />

a fatos <strong>de</strong> experiência imediata, sendo, pois,<br />

apenas meus. Quando faltam tais fatos, falta o<br />

significado (o objeto) da palavra, e eu não a<br />

entendo: portanto, Wittgenstein diz que os<br />

limites <strong>de</strong> minha linguagem são os limites do<br />

mundo. O mesmo pressuposto leva Carnap a<br />

falar <strong>de</strong> S. melódico. Com muita razão Carnap<br />

fala <strong>de</strong> S. a propósito da escolha dos elementos<br />

básicos (Grun <strong>de</strong>lem ente), porque, como através<br />

<strong>de</strong> tais elementos (que servem <strong>de</strong> base para<br />

a construção lógica do mundo) Carnap escolhe<br />

(assim como Wittgenstein) os fatos imediatos<br />

da experiência, ou, como diz ele, "a base psíquica<br />

própria", seu procedimento é solipsista<br />

(DerlogischeAufbau <strong>de</strong>r Weil, 1928, § 64). J. R.<br />

Weinberg já observava que no positivismo lógico<br />

o S. lingüístico é inevitável; por isso, uma<br />

vez que 6 necessário superá-lo para atingir a<br />

objetivida<strong>de</strong> científica, "ou se alteram necessariamente<br />

alguns postulados do sistema para<br />

isentar o positivismo das idéias metafísicas, ou<br />

— se esse método falhar — será preciso aban-<br />

donar todo o sistema do positivismo lógico"<br />

(An Examination of Lógica! Pusilivism, cap.<br />

VII; trad. it., pp. 235 ss.). Na realida<strong>de</strong>, o pressuposto<br />

do positivismo qtie dá origem ao S. é<br />

reflexo cia tese i<strong>de</strong>alista na teoria da linguagem:<br />

os elementos da linguagem sào signos <strong>de</strong><br />

experiências imediatas, porque as experiências<br />

imediatas são a única realida<strong>de</strong> (v. EXI>I-:RIKN-<br />

CIA; LlNGUAGKM).<br />

SOMA LÓGICA (in. Lógica! sum; fr. Som me<br />

logique, ai. Logísche Summe; it. Somma lógica).<br />

É a figura (a + b) resultante <strong>de</strong> uma adição lógica<br />

(w). G.P.<br />

SOMÁTICO (in. Somatic fr. Somalíque, ai.<br />

Somatisch; it. Somático). Corpóreo (v. CORPO).<br />

SOMATOLOGIAün. Somatolog)-, fr. Somatulogie-,<br />

ai. Somatologie-, it. Sotnatologia). Parte<br />

da antropologia que consi<strong>de</strong>ra os aspectos tísicos<br />

do homem (V. ANTROPOLOGIA).<br />

SOMBREAMENTO (ai. Abschaitung). Termo<br />

empregado por Husserl para indicar o<br />

modo parcial e aproximativo com que a coisa<br />

externa é ciada à consciência perceptiva. P.<br />

ex.: "A mesma cor aparece em seqüências contínuas<br />

cie sombreamentos <strong>de</strong> cores. O mesmo<br />

vale para qualquer qualida<strong>de</strong> sensível e para<br />

qualquer figura parcial. Uma única e mesma figura,<br />

dada em carne e osso como sempre a<br />

mesma, aparece continuamente '<strong>de</strong> modo diferente',<br />

em sombreamentos sempre diferentes<br />

<strong>de</strong> figura. Essa é a situação necessária das coisas,<br />

que tem valida<strong>de</strong> universal" (Icleeii, I, § 4).<br />

SONHO (gr. èvÚ7txiov; lat. Somnium; in.<br />

Dream; fr. Rêve, ai. Traum; it. Sogno). Ação da<br />

imaginação durante o sono. Esta é a <strong>de</strong>finição<br />

já proposta por Platão (Tini., 45 e) e Aristóteles<br />

(De sonmiis, 1, 459 a 15), sendo também adotada<br />

pela psicologia mo<strong>de</strong>rna; nesta, dá origem<br />

a uma série <strong>de</strong> problemas que escapam completamente<br />

á alçada da <strong>filosofia</strong> (cf. a propósito<br />

<strong>de</strong>sses problemas E. SKRVADIO, IIsogno, 1955).<br />

Freud e os psicanalistas interpretaram o S. <strong>de</strong><br />

modo funcionalista, ao tentarem <strong>de</strong>terminar<br />

sua função na vida do homem. Segundo Freud,<br />

o S. "é um meio <strong>de</strong> suprimir as excitaçòes (psíquicas)<br />

que perturbem o sono, supressão essa<br />

realizada através <strong>de</strong> satisfações alucinatórias"<br />

(Intr. à Ia psycbanalyse, 1932, p. 151). O que<br />

encontra realização simbólica no S. na maioria<br />

das vezes são <strong>de</strong>sejos proibidos, inibidos pela<br />

censura, que, portanto, sofrem uma elaboração<br />

radical, cabendo ao psicólogo interpretá-la.<br />

(Ibid., pp. 189, 234). Essa teoria <strong>de</strong> Freud foi<br />

muito discutida, e não parece apta a explicar

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