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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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REALIDADE PRESUNTFVA 83 i REALISMO<br />

bora os filósofos nem sempre se atenham<br />

estritamente a essa distinção. Nesse sentido, a<br />

palavra <strong>de</strong>signa uma das categorias tia lógica<br />

tle Hegel. "A R. é a unida<strong>de</strong> imediata, que se<br />

produziu, da essência e tia existência, ou do<br />

interno e tio externo" (F.nc, § 1-42): com isso.<br />

1 legel preten<strong>de</strong> tli/er que a R. ê a essência que<br />

se atualizou como existência, ou o interno que<br />

se manifestou efetivamente no externo. Quem<br />

insistiu na distinção entre Wirklicbkcit e<br />

Rea/itat i\n Lotze (Mikrokosmos. III. p. S3^). X.<br />

Hartmann, por sua vez. utilizou a distinção,<br />

<strong>de</strong>scobrindo na efetivida<strong>de</strong> ( Wirklicbkcit) o<br />

sentido primário do ser (Mõglicbkcit mui Wirklicbkcit.<br />

1938) (v. SHR).<br />

REALIDADE PRESUNTIVA (ai. Prasitm/)tirc<br />

Wirklicbkcit). Foi assim que Husserl chamou<br />

a R. das coisas em relação á "R. absoluta",<br />

necessária, tia consciência (Iclccn. 1, § 46).<br />

REALISMO (lat. Realismus. in. Recilisni, fr.<br />

Réalismc. ai. Rcalisiuus. it. Realismo). Fsta palavra<br />

começou a ser usada em fins do séc. XV.<br />

<strong>de</strong>signando a corrente mais antiga cia F.scolástica.<br />

em oposição ã chamada corrente "mo<strong>de</strong>rna"<br />

tios nominalistas ou terministas. O primeiro<br />

a usá-la foi provavelmente Silvestro<br />

Mazolino <strong>de</strong> Prieria. em Conipcndiuni dialccticcic.<br />

<strong>de</strong> 1 t96(ef. PKAML, Gcscbicblc <strong>de</strong>r I.ogik.<br />

IV. p. 292). O R. afirmava a realida<strong>de</strong> dos universais<br />

(gêneros e espécies), enten<strong>de</strong>ndo contudo<br />

tle maneiras diferentes essa mesma realida<strong>de</strong><br />

(V. rMVI-RSAl.).<br />

No sentido mais genil e mo<strong>de</strong>rno, esse termo<br />

foi retomado por Kant na primeira edição<br />

tle Crítica da Razão Pura. para indicar, por um<br />

lado, a doutrina (oposta à que ele <strong>de</strong>fendia)<br />

segundo a qual < > espaço e o tempo são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

tle nossa sensibilida<strong>de</strong>, que é o R.<br />

transcen<strong>de</strong>ntal, e por outro lado uma doutrina<br />

sua, que admite a realida<strong>de</strong> exterior das coisas<br />

e que ê o R. empírico. Kant dizia: "O i<strong>de</strong>alista<br />

transcen<strong>de</strong>ntal ê um realista empírico que<br />

atribui à matéria, como fenômeno, uma realida<strong>de</strong><br />

que nào precisa ser <strong>de</strong>duzida, mas é<br />

imediatamente percebida" ( Crít. R. Pura. l- ed.,<br />

Dialética transcen<strong>de</strong>ntal, Crítica do quarto<br />

paralogismo da psicologia transcen<strong>de</strong>ntal). Com<br />

Kant, esse termo entrou em <strong>filosofia</strong>, <strong>de</strong>signando<br />

doutrinas tle interesse atual, e não simplesmente<br />

histórico. Fichte afirmava que "a doutrina<br />

da ciência é realista" porque "mostra que é<br />

absolutamente impossível explicar a consciência<br />

das naturezas finitas se não se admitir a<br />

existência cie Lima força in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>las.<br />

oposta a elas. tia qual elas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m em sua<br />

existência empírica" ( Wisseiischa/tslehre. 1794,<br />

§ V. II; trad. it., 231). Schelling falava cie um i<strong>de</strong>alismo<br />

realista {Rcal-idcalismus) ou tle um R.<br />

i<strong>de</strong>alista (I<strong>de</strong>al-tvalismus) (Wcrkc. 1. X. p. 107)<br />

no mesmo sentido que Fichte. A partir tle então,<br />

o R. foi qualificado e <strong>de</strong>finido das maneiras<br />

mais diferentes, e quase sempre as doutrinas<br />

que o adotaram como insígnia qualificaram também<br />

como realistas as doutrinas do passado<br />

que coincidiam com seu ponto <strong>de</strong> vista. Assim.<br />

p. ex.. Platão foi consi<strong>de</strong>rado realista porque<br />

admitia a realida<strong>de</strong> tias idéias (seja qual tora<br />

significação disto), mas também loi <strong>de</strong>finido<br />

como i<strong>de</strong>alista porque tratava tle idéias. Semelhantes<br />

análises (e as controvérsias que provocam)<br />

não passam <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> tempo. Menos<br />

inútil talvez, seja esclarecer o significado das<br />

formas mais conhecidas que o R. assumiu na<br />

<strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna. Nesse caso, além das já citadas,<br />

po<strong>de</strong>m ser lembradas as seguintes:<br />

ei) O R. empírico tle Kant assumiu vários<br />

nomes, permanecendo substancialmente o mesmo:<br />

in<strong>de</strong>pendência tia existência tias coisas em<br />

relação ao ato <strong>de</strong> conhecer. \Y\ Hamilton chamou<br />

esse ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> R. natural ou presciitacioiiismo.<br />

consi<strong>de</strong>rando-o típico da escola<br />

escocesa, tia qual <strong>de</strong>rivava sua <strong>filosofia</strong> (v.<br />

PRRSKNTAQOMSMO). C) famoso artigo tle G. E.<br />

Moore. publicado em Minddc 1903. "Rcfuiacáo<br />

do i<strong>de</strong>alismo", inspira-se num ponto <strong>de</strong><br />

vista análogo: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência do<br />

objeto conhecido em relação ao ato psíquico<br />

com que é conhecido. Fssa in<strong>de</strong>pendência era<br />

chamada <strong>de</strong> tese tio R. ingênuo (ai. Scüven<br />

Realismus) por G. Schuppe (Gruudriss <strong>de</strong>r<br />

F.rkciiiilnistbcoric uud I.ogik. 1910. pp. 1-2).<br />

O. Külpe dava a esse mesmo ponto <strong>de</strong> vista o<br />

nome <strong>de</strong> R. científico (I)ie Realisieriuig. 11.<br />

1920. p. l-l8), enquanto J. Maritain, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />

a mesma forma tle realismo porque, segundo<br />

ele. correspondia mais á tradição tomista,<br />

chamou-o <strong>de</strong> R. crítico (JJistiiiguerpoiir<br />

unir. 1932. p. 149). Finalmente, o mesmo tipo<br />

cie R. é chamado tle mcilcricilisniop^as <strong>de</strong>fensores<br />

cio malerialismo dialético: é o que faz. p.<br />

ex.. Lenin (Matcrialismo c cmpiriochlicismo.<br />

1909, trad. it., p. ^5). Fssa mesma forma tle R..<br />

sem adjetivos ou com adjetivos vários, é freqüente<br />

na <strong>filosofia</strong> contemporânea: po<strong>de</strong> ser<br />

facilmente encontrada no existencialismo, no<br />

instrumentalismo. no empirismo lógico e em<br />

todas as correntes filosóficas que adotam o<br />

pensamento científico como ponto cie partida.

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