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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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AMAB1MUS 36 AMBIVALÊNCIA<br />

o colóquio consigo mesmo, são coisas que nada<br />

têm a ver com o amor". Na realida<strong>de</strong>, a máxima<br />

do A., "viver para os outros", se tomada literalmente,<br />

faria <strong>de</strong> todos os homens meios para<br />

um fim que não existe; por isso, é contrária a<br />

um dos teoremas mais bem estabelecidos da<br />

ética mo<strong>de</strong>rna (e da ética em geral), isto é,<br />

aquele segundo o qual o homem nunca <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rado um simples meio, mas <strong>de</strong>ve ter<br />

sempre, também, valor <strong>de</strong> fim.<br />

AMABIMUS. V. PURPÚREA.<br />

AMBIENTE (in. Environment; fr. Milieu; ai.<br />

Mittel; it. Ambiente). No significado corrente,<br />

um complexo <strong>de</strong> relações entre mundo natural<br />

e ser vivo, que influem na vida e no comportamento<br />

do mesmo ser vivo. Nesse sentido, essa<br />

palavra (milieu ambiani) foi provavelmente<br />

introduzida pelo biólogo Geoffroy St.-Hilaire<br />

(Étu<strong>de</strong>s progressives d'un naturaliste, 1835),<br />

sendo retomada e empregada por Comte (Cours<br />

<strong>de</strong>philosophiepositive, liç. 40, § 13 ss.). Observações<br />

sobre a influência das condições físicas,<br />

especialmente do clima, sobre a vida dos animais,<br />

em geral, e do homem em particular, e<br />

até sobre a vida política do homem, encontram-se<br />

freqüentemente nos escritores antigos<br />

(cf., p. ex., ARISTÓTELES, Pol., VII, 4, 7), sendo<br />

<strong>de</strong>pois repetidas <strong>de</strong> várias formas. No mundo<br />

mo<strong>de</strong>rno, <strong>de</strong>ve-se a Montesquieu (Livro XIV<br />

<strong>de</strong> Lesprit <strong>de</strong>s lois, 1648) o princípio, por ele<br />

sistematicamente <strong>de</strong>senvolvido, <strong>de</strong> que "o caráter<br />

do espírito e as paixões do coração são<br />

extremamente diferentes nos diversos climas"<br />

e por isso "as leis <strong>de</strong>vem ser relativas à diferença<br />

<strong>de</strong>ssas paixões e à diferença <strong>de</strong>sses caracteres".<br />

O positivismo oitocentista atribuiu ao<br />

A. físico e biológico valor <strong>de</strong> causa <strong>de</strong>terminante<br />

<strong>de</strong> todos os fenômenos propriamente humanos,<br />

da literatura à política. A obra literária e<br />

filosófica <strong>de</strong> Taine contribuiu para a difusão<br />

<strong>de</strong>ssa tese, segundo a qual o ambiente físico,<br />

biológico e social <strong>de</strong>termina necessariamente<br />

todos os produtos e valores humanos, bastando<br />

para explicá-los. Em Filosofia da arte (1865),<br />

Taine afirmou que a obra <strong>de</strong> arte é produto<br />

necessário do ambiente e que, por isso, se po<strong>de</strong><br />

inferir <strong>de</strong>le não só o <strong>de</strong>senvolvimento das formas<br />

gerais da imaginação humana, como também<br />

a explicação para as variações <strong>de</strong> estilos,<br />

as diferenças <strong>de</strong> escolas nacionais, e até mesmo<br />

os caracteres gerais das obras individuais.<br />

No mundo contemporâneo, a noção <strong>de</strong> A. continuou<br />

sendo fundamental nas ciências biológicas,<br />

antropológicas e sociológicas, mas foi se<br />

transformando gradualmente, já que a relação<br />

entre o A. e o organismo, ou entre o homem e<br />

o grupo social <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser entendida segundo<br />

um esquema mecânico, isto é, como uma<br />

relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminismo causai absoluto. A ação<br />

seletiva que o ser, sobre o qual o A. age, exerce<br />

em face do próprio A. foi amplamente sublinhada.<br />

"O A. <strong>de</strong> um organismo", disse Goldstein,<br />

"não é algo acabado, mas vai-se formando continuamente,<br />

à medida que o organismo vive e<br />

age. Po<strong>de</strong>r-se-ia dizer que o A. é extraído do<br />

mundo pela existência do organismo, ou, mais<br />

objetivamente, que um organismo não po<strong>de</strong><br />

existir se não conseguir encontrar no mundo,<br />

talhar nele, para si, um A. a<strong>de</strong>quado, contanto,<br />

naturalmente, que o mundo lhe ofereça essa<br />

possibilida<strong>de</strong>" (Aufbau <strong>de</strong>s Organismus, 1934,<br />

p. 58). Analogamente, a propósito do A. histórico-social,<br />

Toynbee disse: "O A. total, geográfico<br />

e social, em que está compreendido tanto<br />

o elemento humano quanto o nâo-humano,<br />

não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um fator positivo a<br />

partir do qual as civilizações foram geradas. É<br />

claro que uma combinação virtualmente idêntica<br />

dos dois elementos do A. po<strong>de</strong> originar<br />

uma civilização num caso e <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> originála<br />

em outro, sem que seja possível, <strong>de</strong> nossa<br />

parte, explicar essa diferença absoluta em seu<br />

surgimento com alguma diferença substancial<br />

nas circunstâncias, por mais exatos que tenham<br />

sido os termos da comparação" (A Study<br />

ofHistory, I, p. 269). Isto, obviamente, não significa<br />

que o A. não aja <strong>de</strong> nenhum modo sobre<br />

a vida e sobre as criações dos homens, mas<br />

apenas que é mais condição do que causa. Os<br />

filósofos sublinharam esse novo significado <strong>de</strong><br />

ambiente. Mead disse: "O A. é uma seleção<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma viva" {Phil. oftheAct, p.<br />

164). Por outro lado, Hei<strong>de</strong>gger preten<strong>de</strong>u<br />

analisar o ser no mundo (que é <strong>de</strong>terminação<br />

essencial da existência) como um questionamento<br />

e uma discussão da noção <strong>de</strong> A. que a<br />

biologia apenas pressupõe (Sein und Zeit,<br />

§ 12).<br />

AMBIGÜIDADE (in. Ambiguity- fr. Ambiguité.<br />

ai. Ambiguitàt; it. Ambiguitã). 1. O mesmo<br />

que equivocação (v.).<br />

2. Referindo-se a estados <strong>de</strong> fato ou situações:<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretações diversas<br />

ou presença <strong>de</strong> alternativas que se excluem.<br />

AMBIVALÊNCIA (in. Ambivalence, fr. Ambivalence,<br />

ai. Ambivalenz; it. Ambivalenzd).<br />

Estado caracterizado pela presença simultânea <strong>de</strong><br />

valorizações ou <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s contrastantes ou

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