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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ASPIRAÇÃO 84 ASSERÇÃO<br />

ASPIRAÇÃO (in. Aspiration; fr. Aspiration;<br />

ai. Sehnsucht; it. Aspirazione). Atitu<strong>de</strong> que se<br />

assume em face do i<strong>de</strong>al(v.), isto é, em face <strong>de</strong><br />

uma perfeição em cuja realização não se tem<br />

confiança. A A. não é <strong>de</strong> per si ativa e operante<br />

e po<strong>de</strong> permanecer no estado <strong>de</strong> veleida<strong>de</strong><br />

suspirosa.<br />

ASSENTIMENTO (gr. o-uyKaxá9eovç; lat.<br />

Assensus-, in. Assent; fr. Assentiment; ai. Beifall<br />

ou Zustimmung; it. Assensó). Termo correlativo<br />

<strong>de</strong> apreensão (v.), que <strong>de</strong>signa o ato com que<br />

se julga do objeto apreendido, isto é, assentese<br />

a ele, dissente-se <strong>de</strong>le ou duvida-se <strong>de</strong>le. Os<br />

primeiros a elaborar a teoria do A. foram os<br />

estóicos. O A. é a reação da alma à ação da<br />

coisa externa, que lhe é imprimida pela representação.<br />

"Assim como é necessário que o prato<br />

da balança se abaixe quando sobre ele são<br />

colocados pesos, também é necessário que a<br />

alma adira à evidência" (CÍCERO, Acad, III, 12,<br />

37). Receber a representação é coisa involuntária,<br />

já que ver branco <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da cor branca que<br />

se tem à frente, e assim por diante. Mas assentir<br />

à representação está naquele que acolhe a representação.<br />

O A. é, pois, voluntário. É parte<br />

integrante da representação cataléptica (v. CATA-<br />

LÉFTICA, REPRESENTAÇÃO), segundo a qual "on<strong>de</strong><br />

se tira o A., tira-se também a compreensão"<br />

(SEXTO EMPÍRICO, Adv. math., VIII, 397-398). Na<br />

<strong>filosofia</strong> cristã, a noção <strong>de</strong> A. serviu para <strong>de</strong>finir<br />

a fé. João Damasceno <strong>de</strong>finiu a fé como<br />

"A. não acompanhado por indagação" (non<br />

inquisitivus assensus, De fi<strong>de</strong> ortb., IV, 12).<br />

Referindo-se a esse conceito, S. Tomás <strong>de</strong>fine<br />

a fé como "pensar com assentimento". Diz: "O<br />

intelecto po<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir a uma coisa <strong>de</strong> dois modos.<br />

No primeiro modo, porque ,é movido a<br />

assentir pelo próprio objeto, porque é conhecido<br />

por si mesmo, como ocorre com os primeiros<br />

princípios <strong>de</strong> que temos inteligência, ou<br />

porque é conhecido através <strong>de</strong> outro, como<br />

ocorre com as conclusões <strong>de</strong> que temos ciência.<br />

No segundo modo, o intelecto a<strong>de</strong>re a alguma<br />

coisa não porque tenha sido suficientemente<br />

movido pelo próprio objeto, mas por<br />

escolha voluntária que o inclina mais para um<br />

lado do que para outro. Ora, se isso acontecer<br />

juntamente com a dúvida e com o temor <strong>de</strong><br />

que o outro lado seja verda<strong>de</strong>iro, ter-se-á a opinião;<br />

se acontecer, porém, com certeza e sem<br />

aquele temor, ter-se-á a fé" (S. Th., II, 2, q. 1, a. 4).<br />

Na última fase da Escolástica, a doutrina do A.<br />

foi elaborada por Ockham. Segundo ele, o ato<br />

do A. acompanha o ato do aprendizado. "Quem<br />

quer que aprenda uma proposição (In Sent.,<br />

prol., q. 1, 55) assente, dissente ou duvida." A<br />

teoria do A. é, substancialmente, a teoria do<br />

erro. Segundo Ockham, quando uma proposição<br />

é empírica ou racionalmente evi<strong>de</strong>nte, o A.<br />

é garantido pela sua evidência, ao passo que,<br />

quando falta essa evidência, o A. é mais ou<br />

menos voluntário e vê-se diante da possibilida<strong>de</strong><br />

do erro (Md., II. q. 25). Doutrina análoga<br />

encontra-se em Descartes. Para julgar, requerse,<br />

em primeiro lugar, o intelecto, já que não se<br />

po<strong>de</strong> julgar sobre aquilo <strong>de</strong> que não se tem<br />

apreensão; em segundo lugar, a vonta<strong>de</strong>, pela<br />

qual se a<strong>de</strong>re ao que foi percebido (Princ.phü.,<br />

I, § 34). E na maior amplitu<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong>, isto<br />

é, na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o A. também seja<br />

dado ao que não é apreendido <strong>de</strong> modo evi<strong>de</strong>nte,<br />

baseia-se a possibilida<strong>de</strong> do erro (ibid,<br />

§ 35). Locke elabora a doutrina do A. relacionando-a<br />

com os graus <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>. "A crença,<br />

A. ou opinião consiste em admitir ou aceitar<br />

como verda<strong>de</strong>ira uma proposição com base<br />

em argumentos ou provas que nos convencem<br />

sem nos dar conhecimento certo da sua verda<strong>de</strong>"<br />

(Ensaio, IV, 15, 3). A própria fé é uma espécie<br />

<strong>de</strong> A., aliás "um A. fundado na razão mais<br />

alta" (ibid., 14). De modo semelhante, Rosmini<br />

consi<strong>de</strong>rou o A. como um ato livre, que se<br />

segue ao conhecimento, isto é, à simples apreensão<br />

da coisa (Ciência moral, ed. nac. 1941,<br />

p. 109). A Gramática do assentimento (1870)<br />

<strong>de</strong> Newmann distinguiu o A. real, <strong>de</strong>stinado às<br />

coisas, do A. nocional, <strong>de</strong>stinado às proposições.<br />

O A. nocional é o que se chama <strong>de</strong> profissão,<br />

opinião, presunção, especulação; o A.<br />

real é a crença. O A. nocional a uma proposição<br />

dogmática é um ato teológico; o A. real à<br />

mesma proposição é um ato religioso. As duas<br />

coisas não se contradizem, mas só o A. real<br />

leva ao credo dogmático os sentimentos e as<br />

imaginações que condicionam a sua valida<strong>de</strong><br />

religiosa. Essas idéias <strong>de</strong> Newmann, retomadas<br />

e <strong>de</strong>senvolvidas por Ollé-Laprune e por Blon<strong>de</strong>l,<br />

<strong>de</strong>ram à <strong>filosofia</strong> da ação (v.).<br />

ASSERÇÃO (gr. ÒTtcxpccvcnç, A.óyo à7io-<br />

(pavxiKÓç; lat. Oratio enunciativa; in. Statement;<br />

fr. Assertion; ai. Behauptung; it. Asserzione).<br />

Frase <strong>de</strong> sentido completo que afirma ou nega,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser verda<strong>de</strong>ira ou falsa. Aristóteles<br />

distinguiu a A., nesse sentido, da súplica, da<br />

or<strong>de</strong>m, etc, consi<strong>de</strong>rando que só ela é objeto<br />

da lógica, ao passo que as outras formas <strong>de</strong><br />

expressão são objeto da retórica ou da poética<br />

(De interpr., 417 a 2-9). Disse que a A. é "uma<br />

frase que significa que alguma coisa inere ou

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