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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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REAL «31 REALIDADE<br />

REALdat. Realis: in. Real: Ir. Réeh ai. Real:<br />

il. Reale). 1. Que se refere à coisa. P. ex.. "<strong>de</strong>finição<br />

R. é a <strong>de</strong>finição da coisa e não do seu<br />

nome.<br />

2. Aquilo que existe <strong>de</strong> fato ou atualmente.<br />

Correspon<strong>de</strong> aos vários sentidos do termo realida<strong>de</strong><br />

(x.).<br />

3. I lerhart chamou <strong>de</strong> Reais os seres efetivamente<br />

existentes, "cuja natureza simples e própria<br />

<strong>de</strong>sconhecemos, mas sobre cujas condições<br />

interiores e exteriores é possível adquirir<br />

uma soma <strong>de</strong> conhecimentos que po<strong>de</strong>m<br />

aumentar infinitamente". Tais entes são irrelativos<br />

entre si e por isso qualquer das suas relações<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada uma constatação<br />

aci<strong>de</strong>ntal (züjallige Ansicl.il) que não qualifica<br />

c não modifica sua natureza (Hiiileituiif) in die<br />

Pbilosopbie. 1813. §§ 1S2 ss.).<br />

REALIDADE (in. Reality; IV. Réalité; ai.<br />

Realilat. \\"irklicbkeit: ít. Realtà). 1. Hm seu significado<br />

próprio e específico, esse termo indica<br />

o modo <strong>de</strong> ser das coisas existentes fora da<br />

mente humana ou in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>la. A<br />

palavra realilas foi cunhada no fim da escolastica.<br />

mais precisamente por Duns Neot.<br />

liste a usou sobretudo para <strong>de</strong>finir a individualida<strong>de</strong>,<br />

que consistiria na "última realida<strong>de</strong> do<br />

ente", que <strong>de</strong>termina e contrai a natureza comum<br />

ad esse bane reiu. à coisa singular (Op.<br />

O.Y.. II, d. 3. q- = >. n. 1). Duns e seus discípulos<br />

preferiram chamar essa realitasóc baecceílas.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, esse termo passaria a <strong>de</strong>signar o<br />

esse in re&d cscolástica, p. ex. no sentido com<br />

que S. Anselmo pretendia passar, através da<br />

prova ontológica. do esse in inlellectn ("Knte<br />

superior a tudo") ao seu esse in re{l'i'osl. 2). ou<br />

então no sentido com que os escolásticos talavam<br />

do universal /;/ iv, "incorporado nas coisas".<br />

Assim, o oposto <strong>de</strong> R. é iclealida<strong>de</strong>, que<br />

indica o modo <strong>de</strong> ser daquilo que esta na mente<br />

e não po<strong>de</strong> ser ou ainda não foi incorporado<br />

ou atualizado nas coisas. A referência a coisas<br />

também evi<strong>de</strong>nte está em expressões como<br />

"<strong>de</strong>finição real", para indicar a <strong>de</strong>finição da coisa,<br />

e não do nome, e "direitos reais", para indicar<br />

os direitos pertinentes às coisas, e não às<br />

pessoas.<br />

O problema suscitado diretamente pela noção<br />

<strong>de</strong> R. é o da existência das coisas ou do<br />

"inundo exterior". Hsse problema nasceu com<br />

Descartes, ou seja. com o princípio cartesiano<br />

<strong>de</strong> que o objeto do conhecimento humano é<br />

somente a idéia. Desse ponto <strong>de</strong> vista, torna-se<br />

imediatamente duvidosa a existência da reali-<br />

da<strong>de</strong> a que a idéia parece aludir, mas sem provas,<br />

assim como uma pintura não prova a R. da<br />

coisa representada. Para justificar a R. das coisas,<br />

Descartes recorreu à veridicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus:<br />

em sua perfeição. Deus não po<strong>de</strong> enganar-nos,<br />

não po<strong>de</strong> permitir que haja em nós idéias que<br />

nada representem (Méd.. IV). Mas Descartes<br />

chegou à existência <strong>de</strong> Deus não só reelaborando<br />

a prova ontológica como também admitindo<br />

o princípio <strong>de</strong> que "na causa eficiente e<br />

total <strong>de</strong>ve haver pelo menos tanta R. quanto no<br />

efeito", princípio com base no qual a idéia <strong>de</strong><br />

Deus. que é a idéia tia máxima perfeição, <strong>de</strong>ve<br />

ter como causa um ser que lenha tanta "K."<br />

quanto aquela que a idéia representa: Deus<br />

{Ibiii. 111). A evolução ulterior tio problema<br />

levou à negação tia realida<strong>de</strong>. O empirismo<br />

inglês, com Berkeley e Hunie. reduzi:! a R. das<br />

coisas ao ser percebido, negando-a, pois. como<br />

modo tle ser autônomo. Por outro lado, com<br />

I.eibniz. o racionalismo resolvia as coisas em<br />

elementos ou átomos (mônadas) <strong>de</strong> natureza<br />

espiritual, negando, também <strong>de</strong>sse modo. o<br />

caráter específico ele sua R. (v. IM.-V1T:KIAI.ISMO).<br />

Kant <strong>de</strong> algum modo reafirmou a R. das<br />

coisas, mantendo na pahnra R. (Realilál) a significação<br />

específica <strong>de</strong> R. das coisas ou. como<br />

ele mesmo tliz. "coisalida<strong>de</strong>" (Sachbeil) ((.'ríl.<br />

R. Pura. Analítica, II. cap. I). contrapontlo-lhe a<br />

"i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong>" do espaço e tio tempo, que são<br />

formas tia intuição, e não tias coisas (Ibid., § 3).<br />

Mas, para ele. o problema tliz respeito à existência<br />

(l)asein) mesma tias coisas. K o que ele<br />

examina em "Refutação do I<strong>de</strong>alismo". A solução<br />

então proposta é que "a consciência tle minha<br />

própria existência é ao mesmo tempo<br />

consciência tia existência tle outras coisas fora<br />

tle mim". A prova tlessa asserçào é que a consciência<br />

do tempo, isto é, da mudança, não seria<br />

possível sem a consciência tle algo permanente:<br />

e esse algo permanente, não po<strong>de</strong>ndo ser<br />

datlo pela própria consciência do tempo, po<strong>de</strong><br />

ser tlado apenas pela coisa exterior á consciência.<br />

Seja válida ou não essa <strong>de</strong>monstração, está<br />

claro que. por uni lado, Kant julgava válido o<br />

primado tia consciência estabelecido por Descartes,<br />

para quem a R. tias coisas é um problema<br />

que exige <strong>de</strong>monstração, e. por outro, tendia<br />

a <strong>de</strong>struir essa formulação, relacionando a<br />

consciência da existência com a existência tias<br />

coisas (V. CoisscifíNCiA). Hle nem sequer se propunha<br />

o problema do modo <strong>de</strong> ser específico<br />

das coisas, do tipo <strong>de</strong> existência que lhes é<br />

próprio. Contudo, esse problema está intima-

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