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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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TEOLOGIA 951 TEOREMA<br />

conceitos, sem recorrer à experiência. Finalmente,<br />

a T. natural po<strong>de</strong> ser T. física, se remontar<br />

aos atributos <strong>de</strong> Deus partindo da or<strong>de</strong>m<br />

e da constituição do mundo, ou T. moral,<br />

se consi<strong>de</strong>rar Deus como o princípio da or<strong>de</strong>m<br />

e da perfeição moral (Crít. R. Pura, Dialética,<br />

cap. III, seç. VII). Algumas <strong>de</strong>ssas distinções<br />

persistiram e ainda são usadas no campo<br />

da T. eclesiástica.<br />

3 o A T. revelada ou sagrada extrai seus princípios<br />

da revelação. A primeira formulação explícita<br />

<strong>de</strong>sse conceito é, provavelmente, tomista:<br />

S. Tomás afirma que "a sagrada doutrina é<br />

ciência porque parte <strong>de</strong> princípios conhecidos<br />

através da luz <strong>de</strong> uma ciência superior, que é a<br />

ciência <strong>de</strong> Deus e dos bem-aventurados' (S.<br />

Th., I. q. 1, a. 2). A "ciência <strong>de</strong> Deus e dos bemaventurados"<br />

coinci<strong>de</strong> com os "artigos <strong>de</strong> fé"<br />

ou com a "revelação divina" (Ibid., a. 78). Era<br />

essa a T. que Duns Scot consi<strong>de</strong>rava ciência<br />

puramente prática, em confronto com a metafísica,<br />

que ele consi<strong>de</strong>rava a ciência teórica<br />

por excelência: o único objetivo da '1". seria<br />

persuadir o homem a agir em vista da salvação<br />

(Op. Ox., Prol., q. 4, n. 42), e mesmo as verda<strong>de</strong>s<br />

aparentemente teóricas teriam valor apenas<br />

prático como, p. ex., a proposição "Deus é<br />

trino", que incluiria simplesmente o conhecimento<br />

do justo amor que o homem <strong>de</strong>ve a<br />

Deus (Ibid., Prol., q. 4, n. 31 )• A negação do valor<br />

cognitivo da T. persiste, no fim da escolástica,<br />

mesmo quando não se atribui caráter<br />

prático á sua totalida<strong>de</strong>. Ockham não consi<strong>de</strong>rava<br />

a T. como ciência, mas como um simples<br />

conjunto <strong>de</strong> conhecimentos diversos, teóricos e<br />

práticos, baseados exclusivamente na autorida<strong>de</strong><br />

e cujo único fim seria guiar o homem para<br />

a salvação (In Sent, Prol., q. 12, E-l). Esse conceito<br />

não difere muito daquilo que Spinoza exporia<br />

mais tar<strong>de</strong> em Tratado teológico-político<br />

(v. especialmente cap. 15).<br />

4 S O conceito da T. negativa surgiu e propagou-se<br />

no misticismo. A distinção entre T. positiva<br />

ou afirmativa (que parte <strong>de</strong> Deus em direção<br />

ao finito por meio da <strong>de</strong>terminação dos<br />

atributos ou nomes <strong>de</strong> Deus) e T. negativa (que<br />

parte do finito em direção a Deus e o consi<strong>de</strong>ra<br />

acima <strong>de</strong> todos os predicados ou nomes com<br />

os quais possa ser <strong>de</strong>signado) encontra-se nos<br />

tratados do Pseudo-Dionísio, o Areopagita (De<br />

mysl. theoi, 1; Dediv. nom., I, 4; 4, 2; 13, 1; De<br />

eccl. byerar., 2, 3), mas sua fonte está nos<br />

textos neoplatônicos, para os quais Deus está<br />

acima <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>terminações finitas e<br />

do próprio ser (v. TRANSCENDÊNCIA). Essa distinção<br />

é repetida por Scotus Erigena (De<br />

divis. nat, II, 30) e retomada pelo misticismo<br />

especulativo alemão do séc. XIV (v. ECKE-<br />

HART, em PFHIFFKR, Deutsche Mysliker <strong>de</strong>s 14<br />

Jahrhun<strong>de</strong>rls, II, pp. 318-19) e pelo Renascimento,<br />

com Nicolau <strong>de</strong> Cusa (Dedocta ignor.,<br />

I. 24; 26) e Charles <strong>de</strong> Bouelles (De nihilo, 11,<br />

1, 4). Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar manifestação <strong>de</strong>ssa T.<br />

— revivida através da experiência <strong>de</strong> Kierkegaard<br />

— a chamada "T. da crise" <strong>de</strong> K. Barth,<br />

salvo pelo fato <strong>de</strong> esta não consistir na negação<br />

dos atributos finitos <strong>de</strong> Deus, mas em consi<strong>de</strong>rar<br />

a relação entre o homem e Deus como a<br />

negação <strong>de</strong> todas as possibilida<strong>de</strong>s humanas<br />

(crise), que se reduziriam a meras impossibilida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong> lal modo que só <strong>de</strong>ssa negação<br />

nasceria uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salvação, cuja<br />

origem não é mais humana, porém divina<br />

(Rõmerbrief, 1919).<br />

TEOLOGIZANTE, FILOSOFIA. Foi esse o<br />

nome dado por Croce à <strong>filosofia</strong> que cuida <strong>de</strong><br />

problemas mal formulados e por isso irresolúveis,<br />

seja discutindo-os como problemas "máximos"<br />

ou "eternos", seja resolvendo-os com sistemas<br />

"imaginários", seja assumindo atitu<strong>de</strong> agnóstica<br />

diante <strong>de</strong>les ("Sobre <strong>filosofia</strong> T. e as suas sobrevivências",<br />

em Saggi filosofici, 1920, V, p. 297).<br />

TEOMANCIA (in. Theomancy, ai. Theomantie.<br />

it. Teomanzia). Adivinhação inspirada<br />

pela divinda<strong>de</strong> (v. ENTUSIASMO).<br />

TEOMONISMO (ai. Theomonísmus). Doutrina<br />

segundo a qual Deus é a única realida<strong>de</strong>:<br />

o mesmo que acosmismo(\>.) oupanteísmo(v.).<br />

TEONOMIA (in. Theonomy, fr. Théonomie;<br />

ai. Théonomie; it. Teonomia). Governo ou legislação<br />

<strong>de</strong> Deus. Esse termo às vezes é contraposto<br />

a autonomia.<br />

TEOPANTISMO (in. lheopantism; fr. Théopantisme.<br />

ai. Tbeopantismus; it. Teopantismo).<br />

Doutrina segundo a qual Deus é a única realida<strong>de</strong>:<br />

o mesmo que panteísmo (v.).<br />

TEOPNEUSTIA (in. Theopneusty, fr. Théopneustie-,<br />

ai. Theopneustie; it. Teopneustia). Inspiração<br />

divina, através da qual é comunicada a<br />

verda<strong>de</strong> revelada.<br />

TEOREMA (gr. 6etópr|ua; lat. Tbeorema; fr.<br />

Théorème, ai. Theoreni; it. Teorema). Qualquer<br />

proposição <strong>de</strong>monstrável. Esse termo ingressou<br />

na linguagem matemática já na Antigüida<strong>de</strong> (v.<br />

ARISTÓTELES, Mel, XIV, 2. 1090 a 14), mas conservou,<br />

fora da linguagem matemática, o significado<br />

<strong>de</strong> proposição não primitiva mas <strong>de</strong>rivada<br />

ou <strong>de</strong>rivavel <strong>de</strong> outras proposições.

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