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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ANALOGIA 55 ANALOGIA<br />

universo dos indivíduos relativamente a todas<br />

as proprieda<strong>de</strong>s e relações expressas pelos<br />

predicados do sistema" (.Meaning andNecessity,<br />

§ 2). A <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> estado representa os "mundos<br />

possíveis" <strong>de</strong> Leibniz: um enunciado é analítico<br />

quando é válido para todos os mundos<br />

possíveis. Os lógicos, todavia, ten<strong>de</strong>m hoje a fazer<br />

a distinção entre verda<strong>de</strong> lógica e verda<strong>de</strong><br />

analítica. P. ex., a proposição "nenhum homem<br />

não casado é casado" é uma tautologia e, portanto,<br />

uma verda<strong>de</strong> lógica; mas a proposição<br />

"nenhum solteiro é casado" não é mais uma<br />

tautologia, mas ainda é uma proposição analítica,<br />

fundada na sinonímia entre "solteiro" e<br />

"não casado". (Cf. QUINE, From a LogicalPoint<br />

ofView, 1953, cap. II).<br />

4 a Sinonímia. Esta po<strong>de</strong> ser estabelecida:<br />

a) mediante <strong>de</strong>finições, como se costuma fazer<br />

na matemática e em todas as linguagens artificiais;<br />

b) mediante o critério da intercambiabi<br />

lida<strong>de</strong>, com que Leibniz <strong>de</strong>fine a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

(v.); nesse caso, chamam-se sinônimos<br />

os termos intercambiáveis num mesmo contexto,<br />

sem que se altere a verda<strong>de</strong> do próprio<br />

contexto; c) mediante regras semânticas, como<br />

também ocorre nas linguagens artificiais. É <strong>de</strong><br />

se notar que a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecer,<br />

com esses procedimentos, o significado exato<br />

<strong>de</strong> sinonímia e, portanto, o <strong>de</strong> A. levou alguns lógicos<br />

mo<strong>de</strong>rnos a negar a existência <strong>de</strong> distinção<br />

nítida entre A. e sinteticida<strong>de</strong> (MORTON WHITE,<br />

The Analytic and the Synthetic. an Untenable<br />

Dualism, em SIDNEY HOOK, ed. John Dewey,<br />

Nova York, 1950; W. V. O. QUINE, From a Logical<br />

Point of Víeiv, Cambridge, 1953, cap. II).<br />

ANALOGIA (gr. ávaÀ,OYÍoc; lat. Analogia; in.<br />

Analogy, fr. Analogie, ai. Analogie, it. Analogia).<br />

Esse termo tem dois significados fundamentais:<br />

1 Q o sentido próprio e restrito, extraído<br />

do uso matemático (equivalente a proporção)<br />

<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações; 2 S o sentido <strong>de</strong> extensão<br />

provável do conhecimento mediante o<br />

uso <strong>de</strong> semelhanças genéricas que se po<strong>de</strong>m<br />

aduzir entre situações diversas. No primeiro<br />

significado, o termo foi empregado por Platão<br />

e por Aristóteles e é até hoje empregado pela<br />

lógica e pela ciência. No segundo significado,<br />

o termo foi e é empregado na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna<br />

e contemporânea. O uso medieval do termo<br />

é intermediário, entre um e outro significado.<br />

I a Platão usou esse termo para indicar a<br />

igualda<strong>de</strong> das relações entre as quatro formas<br />

— duas a duas — <strong>de</strong> conhecimento, que distinguiu<br />

na República (VII, 14, 534 a 6), ou seja,<br />

entre a ciência e a dianóia, que pertencem à<br />

esfera da inteligência (que tem por objeto o<br />

ser), e entre a crença e a conjectura, que pertencem<br />

à esfera da opinião (que tem por objeto<br />

o vir-a-ser). "O ser está para o vir-a-ser", diz<br />

Platão, "assim como a inteligência para a opinião;<br />

e a inteligência está para a opinião assim<br />

como a ciência está para a crença e a dianóia<br />

para a conjectura". Aristóteles usa essa palavra<br />

no mesmo sentido <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações.<br />

Assim, ele diz que as coisas em ato não são<br />

todas iguais entre si, mas são iguais por A., no<br />

sentido que todas têm a mesma relação com os<br />

termos que servem, respectivamente, <strong>de</strong> potências.<br />

"Não é necessário", diz Aristóteles, "pedir<br />

a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> tudo, mas observar também a A.,<br />

isto é, ver que o construir está para a habilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> construir na mesma relação em que o<br />

estado <strong>de</strong> vigília está para o dormir, o ver para<br />

o ficar <strong>de</strong> olhos fechados, a elaboração do<br />

material para o próprio material e a coisa formada<br />

para a informe" (Met., 9, 6, 1.047 b 35<br />

ss.). Do mesmo modo, Aristóteles afirma que<br />

os elementos e os princípios das coisas não são<br />

os mesmos, mas só análogos, no sentido <strong>de</strong><br />

que são as mesmas as relações que têm entre<br />

si. P. ex., "no caso da cor, a forma será o branco;<br />

a privação, o negro; a matéria, a superfície;<br />

no caso da noite e do dia, a forma será a luz, a<br />

privação será a escuridão e a matéria será o ar"<br />

(ibid., 12, 4, 1.070 b 18). Obviamente, o branco,<br />

o negro e a superfície não são, respectivamente,<br />

o mesmo que luz, escuridão e ar, mas é idêntica<br />

a relação entre essas duas tría<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coisas<br />

(como entre muitíssimas outras tría<strong>de</strong>s): relação<br />

que é expressa com os princípios <strong>de</strong> forma,<br />

privação e matéria. Nesse sentido, isto é,<br />

como igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações em todos os casos<br />

em que se acham realizados, tais princípios são<br />

chamados <strong>de</strong> analógicos. Fora da metafísica, a<br />

mais célebre aplicação do conceito <strong>de</strong> A. é a<br />

que, em ética, Aristóteles faz em relação à justiça<br />

distributiva. Esta consiste em dar a cada um<br />

segundo os seus méritos e, por isso, é constituída<br />

por uma proporção na qual as recompensas<br />

estão entre si assim como os méritos respectivos<br />

das pessoas a quem são atribuídos.<br />

Trata-se, nota Aristóteles, <strong>de</strong> uma proporção<br />

geométrica não contínua, já que nunca ocorre<br />

que a pessoa a quem se atribui alguma coisa e<br />

a coisa que se lhe atribui constituam um termo<br />

numericamente uno (Et. nic, V, 5, 1.131 a 3D-<br />

Aristóteles <strong>de</strong>pois fez uso freqüente do conceito<br />

<strong>de</strong> analogia nos seus livros <strong>de</strong> história natu-

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