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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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METAFÍSICA 666 METAFÍSICA<br />

apreensível, a essência' da natureza em geral,<br />

juntamente com uma massa infinita <strong>de</strong> relações<br />

essenciais 1 '. (I<strong>de</strong>en, I, § 9). A afirmação<br />

do caráter "material" (<strong>de</strong>terminado ou específico)<br />

dos princípios ontológicos, que sempre<br />

se referem a <strong>de</strong>terminado gênero <strong>de</strong> essências<br />

ou campo do saber, leva Husserl a estabelecer<br />

o caráter "regional" da ontologia. De<br />

seu ponto <strong>de</strong> vista, a ontologia geral ou formal<br />

nada mais é que a lógica pura, que é<br />

"a ciência eidética do objeto em geral" (Ibid.,<br />

§ 10) (v. MATHKSIS UNIVKRSA1.IS). No entanto, N.<br />

Hartmann, que tem em comum com Husserl o<br />

pressuposto fenomenológico, retornou à ontologia<br />

geral. Para ele, o objeto da ontologia é o<br />

ente, não o ser, já que o ser 6 unicamente<br />

"aquilo que há <strong>de</strong> comum em cada ente". O<br />

ser e o ente distinguem-se como a verda<strong>de</strong> e<br />

o verda<strong>de</strong>iro, a realida<strong>de</strong> e o real, e assim por<br />

diante: há muitas coisas verda<strong>de</strong>iras, mas o ser<br />

da verda<strong>de</strong> é um só. Analogamente, o ser do<br />

ente é um só, ainda que o ente possa ser vário<br />

e as diferenciações do ser pertençam ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da ontologia, e não a seu início,<br />

que versa sobre aquilo que é comum universal<br />

{(Imudlegung <strong>de</strong>r Ontologie, 1935, p. 42).<br />

A postura francamente realista da ontologia <strong>de</strong><br />

Hartmann parece aproximá-la da tradicional,<br />

especialmente <strong>de</strong> Wolff, mas na realida<strong>de</strong> o<br />

que para Hartmann constitui o objeto da ontologia<br />

é o modo como o ser é dado (Ibid., p. 48)<br />

á experiência fenomenológica: <strong>de</strong> tal forma<br />

que sua ontologia é parte integrante da corrente<br />

fenomenológica. A essa mesma corrente pertence<br />

a ontologia <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger, entendida<br />

só como a <strong>de</strong>terminação cio sentido da ser a<br />

partir do ser do ente que faz as perguntas e dá<br />

as respostas: o homem. Hei<strong>de</strong>gger reafirma o<br />

caráter primário ou privilegiado da ontologia.<br />

"O problema do ser ten<strong>de</strong> não só à <strong>de</strong>terminação<br />

cias condições apriori&à possibilida<strong>de</strong> das<br />

ciências que estudam o ente enquanto ente, e<br />

que portanto, ao fazê-lo, sempre já se movem<br />

numa compreensão do ser, mas também à <strong>de</strong>terminação<br />

das condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> das<br />

ontologias que prece<strong>de</strong>m e fundam as ciências<br />

ônticas listo é, empíricas]" (Seín undZeit, § 3).<br />

Todas as doutrinas às quais nos referimos<br />

até agora (exceto as <strong>de</strong> Dewey e Randall) admitem<br />

o pressuposto em torno do qual a M. tradicionalmente<br />

girou, situando, portanto, nos<br />

limites do conceito <strong>de</strong> M. Tal presssuposto é o<br />

caráter necessário e primário da M.: necessário<br />

por ter como objeto o objeto necessário <strong>de</strong> to-<br />

das as outras ciências; primário porque, como<br />

tal, é fundamento <strong>de</strong> todas as ciências. O que<br />

resta da M. na <strong>filosofia</strong> contemporânea — e<br />

não resta como mera sobrevivência, mas como<br />

parte viva da investigação — não possui mais<br />

estes caracteres tradicionais. A M. está <strong>de</strong> fato<br />

presente e attiante na <strong>filosofia</strong> contemporânea<br />

sob a forma <strong>de</strong> dois problemas conexos:<br />

l q a questão do significado ou dos significados<br />

<strong>de</strong> existência na linguagem das diversas<br />

ciências; 2° a questão das relações entre as diversas<br />

ciências e das investigações sobre objetos<br />

que inci<strong>de</strong>m nos pontos <strong>de</strong> intersecção ou<br />

<strong>de</strong> encontro entre elas.<br />

l y Com relação ao primeiro problema, falase<br />

hoje explicitamente <strong>de</strong> ontologia no sentido<br />

<strong>de</strong> compromisso em usar o verbo ser e seus<br />

sinônimos em <strong>de</strong>terminado sentido. Quine, p.<br />

ex., diz: "Nossa aceitação <strong>de</strong> uma ontologia é<br />

semelhante, em princípio, à nossa aceitação <strong>de</strong><br />

uma teoria científica, <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> física:<br />

adotamos, no mínimo por sermos dotados <strong>de</strong><br />

razão, o esquema conceituai mais simples no<br />

qual os fragmentos <strong>de</strong>sorganizados da experiência<br />

bruta possam ser adaptados e distribuídos.<br />

Nossa ontologia estará <strong>de</strong>terminada uma vez<br />

que tenhamos fixado o esquema conceituai total<br />

em que se adapte a ciência em seu sentido<br />

mais amplo; as consi<strong>de</strong>rações que <strong>de</strong>terminam<br />

a construção racional <strong>de</strong> uma parte qualquer<br />

<strong>de</strong>sse esquema conceituai (p. ex., a paite biológica<br />

ou física) não são diferentes, em termos<br />

<strong>de</strong> espécie, das consi<strong>de</strong>rações que <strong>de</strong>terminam<br />

a construção racional cie todo o esquema"<br />

(From a logícal Poínt of View, pp. 16-17).<br />

Kmbora objetando ao uso da palavra "ontologia",<br />

que pareceria fazer referência a convicções metafísicas,<br />

quando na realida<strong>de</strong> se trata <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>cisão tão prática quanto "a escolha <strong>de</strong> um<br />

instrumento", Carnap confirmou substancialmente<br />

o ponto <strong>de</strong> vista cie Quine (Meaning<br />

andNecessity, § 10); é nesse sentido que se fala<br />

freqüentemente em ontologia na lógica e na<br />

metodologia contemporânea.<br />

2 B Com relação ao segundo problema, a sucessora<br />

da M. tradicional é a metodologia, que<br />

habitualmente discute os problemas das relações<br />

entre as ciências particulares e as questões<br />

<strong>de</strong>correntes das interferências marginais entre<br />

as próprias ciências. Certamente a metodologia<br />

não herdou a pretensão <strong>de</strong> criar uma enciclopédia<br />

das ciências que <strong>de</strong>fina, <strong>de</strong> uma vez por<br />

todas, as tarefas e as limitações <strong>de</strong> cada uma<br />

<strong>de</strong>las; por isso, não reivindica a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong>

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