22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ANTROPOMORFISMO 68 APARÊNCIA<br />

cia positiva e a metafísica. — Mais especificamente,<br />

a tarefa da A. filosófica <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rar<br />

o homem não simplesmente como natureza,<br />

como vida, como vonta<strong>de</strong>, como espírito,<br />

etc, mas como homem, isto é, relacionar o<br />

complexo <strong>de</strong> condições ou <strong>de</strong> elementos que o<br />

constituem com seu modo <strong>de</strong> existência específico.<br />

Tal é a exigência feita, p. ex., por<br />

Biswanger (Ausgewühlte Vortráge undAusátze,<br />

I, p. 176). Nesse sentido, o Ensaio sobre o homem<br />

(1944) <strong>de</strong> Cassirer é um estudo <strong>de</strong> A.<br />

filosófica centrado no conceito <strong>de</strong> homem como<br />

animal symbolicum, isto é, como animal que<br />

fala e cria o universo simbólico da língua, do<br />

mito e da religião.<br />

ANTROPOMORFISMO (in. Anthropomorphísni;<br />

fr. Anthropomorphisme, ai. Anthropomorphismus;<br />

it. Antropomorfismó). Indica-se<br />

com este nome a tendência a interpretar todo<br />

tipo ou espécie <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong><br />

comportamento humano ou por semelhança<br />

ou analogia com esse comportamento. "Crenças<br />

antropomórficas" ou "antropomorfismos"<br />

são chamadas, em geral, as interpretações <strong>de</strong><br />

Deus em termos <strong>de</strong> conduta humana. Uma crítica<br />

<strong>de</strong>sse A. já foi feita por Xenófanes <strong>de</strong><br />

Colofonte. "Os homens", disse ele, "crêem que<br />

os <strong>de</strong>uses tiveram nascimento e que têm voz e<br />

corpo semelhantes aos <strong>de</strong>les" (Fr. 14, Diels);<br />

por isso, os etíopes fazem os seus <strong>de</strong>uses <strong>de</strong><br />

nariz chato e negros; os trácios dizem que têm<br />

olhos azuis e cabelos vermelhos; até os bois, os<br />

cavalos, os leões, se pu<strong>de</strong>ssem, imaginariam os<br />

seus <strong>de</strong>uses à sua semelhança (Fr. 16, 15). Mas<br />

o A. não pertence só ao domínio das crenças<br />

religiosas. Toda a ciência mo<strong>de</strong>rna foi-se formando<br />

através da libertação progressiva do A.<br />

e do esforço <strong>de</strong> não consi<strong>de</strong>rar as operações da<br />

natureza segundo a sua semelhança com as do<br />

homem, mas juxta própria principia.<br />

ANTROPOSOFIA (in. Anthroposophy, fr.<br />

Anthroposophie, ai. Anthroposophie, it. Antroposofia).<br />

Esse termo foi criado por J. P. V. Troxler,<br />

para indicar a doutrina natural do conhecimento<br />

humano (Naturlehre <strong>de</strong>r menschlichen Erkenntnis,<br />

1828), e retomado por R. Steiner, quando,<br />

em 1913, separou-se do movimento teosófico<br />

e quis ressaltar a importância da doutrina a<br />

respeito da natura e do <strong>de</strong>stino do homem. Cf.<br />

STEINER, DieRãtsel<strong>de</strong>rPhilosophie, 2 vols., 1924-<br />

26 (v. TEOSOFIA).<br />

APAGÓGICO, RACIOCÍNIO. V. ABDUÇÀO;<br />

REDUÇÃO.<br />

APARÊNCIA (gr. xò (paivóu.evov; lat. Apparentia;<br />

in. Appearance, fr. Apparence, ai. Ers-<br />

cheínung; it. Apparenza). Na história da <strong>filosofia</strong>,<br />

esse termo teve dois significados diametralmente<br />

opostos. l s ocultação da realida<strong>de</strong>;<br />

2- manifestação ou revelação da realida<strong>de</strong>. Conforme<br />

o 1 Q significado, a A. vela ou obscurece<br />

a realida<strong>de</strong> das coisas, <strong>de</strong> tal modo que esta só<br />

po<strong>de</strong> ser conhecida quando se transpõe a A. e<br />

se prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong>la. Pelo 2 a significado, a A. é o<br />

que manifesta ou revela a realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal modo<br />

que esta encontra na A. a sua verda<strong>de</strong>, a sua<br />

revelação. Com base no l s significado, conhecer<br />

significa libertar-se das A.; pelo 2- significado,<br />

conhecer significa confiar na A., <strong>de</strong>ixá-la<br />

aparecer. No primeiro caso, a relação entre A.<br />

e verda<strong>de</strong> é <strong>de</strong> contradição e oposição; no segundo,<br />

é <strong>de</strong> semelhança ou i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Essas<br />

duas concepções <strong>de</strong> A. intricaram-se <strong>de</strong> várias<br />

formas na história da <strong>filosofia</strong> oci<strong>de</strong>ntal. De um<br />

lado, esta nasceu do esforço <strong>de</strong> atingir saber<br />

mais sólido transpondo os limites das A., isto é,<br />

das opiniões, dos sentidos, das crenças populares<br />

ou míticas. De outro, procurou, com igual<br />

constância, ter em conta a A. ("salvar os fenômenos"),<br />

reconhecendo assim que nela se<br />

manifesta, em alguma medida, a própria realida<strong>de</strong>.<br />

O contraste entre A. e realida<strong>de</strong> foi estabelecido<br />

pela primeira vez, <strong>de</strong> modo nítido e incisivo,<br />

por Parmêni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Eléia, que contrapôs<br />

"a via da verda<strong>de</strong> e da persuasão", que tem por<br />

objeto o ser, a sua unida<strong>de</strong>, inevitabilida<strong>de</strong> e<br />

necessida<strong>de</strong>, à "via da opinião", que tem por<br />

objeto o não-ser, isto é, o mundo sensível no<br />

seu <strong>de</strong>vir. Mas o mundo da opinião e o mundo<br />

da A. coinci<strong>de</strong>m, segundo Parmêni<strong>de</strong>s: "Também<br />

isto apren<strong>de</strong>rás: como, verossimilmente,<br />

são as coisas aparentes para quem as examine<br />

em tudo e por tudo" (Fr. 1,31, Diels). A mesma<br />

coincidência entre A. e opinião, opinião e sensação,<br />

é pressuposta por Platão, que interpreta<br />

o princípio expresso por Protágoras, da homomensura,<br />

como se significasse "tal como as coisas<br />

aparecem para mim, tais são para mim" e, portanto,<br />

como se i<strong>de</strong>ntificasse conhecimento e<br />

sensação (Teet., 152 a). Por outro lado, o mundo<br />

da opinião é, segundo a República, o mundo<br />

sensível dividido nos seus dois segmentos <strong>de</strong><br />

sombras e imagens refletidas e <strong>de</strong> coisas e seres<br />

vivos (Rep., VI, 510). Segundo Platão, <strong>de</strong>sse<br />

mundo das A. sensíveis só se po<strong>de</strong> ter conhecimento<br />

verossímil ou provável, dada a sua<br />

natureza incerta e fugaz: conhecimento que não<br />

difere em grau, mas em qualida<strong>de</strong>, do conhecimento<br />

científico ou racional que tem por obje-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!