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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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IMITAÇÃO 542 IMORTALIDADE<br />

evi<strong>de</strong>nciar as complexas estruturas e os procedimentos<br />

mediatos da percepção (v.). Contudo,<br />

muitos filósofos ainda privilegiam alguma<br />

forma <strong>de</strong> conhecimento imediato. É o que<br />

fez Russell, ao admitir como ponto <strong>de</strong> partida<br />

<strong>de</strong> todo conhecimento o conhecimento imediato<br />

(acquaíntance), <strong>de</strong> cujos objetos "ficamos<br />

cientes diretamente, sem intermediários"<br />

(Human Knowledge, 1948, p. 196 e passim).<br />

Para Russell, qualquer conhecimento, em<br />

última análise, <strong>de</strong>ve ser reintegrado nesses "dados<br />

egocêntricos". Ao mesmo tempo, Carnap<br />

consi<strong>de</strong>rou como elementos originários, que<br />

fazem parte da construção lógica dos objetos<br />

da ciência, as vivências elementares (Elementarerlebnisse<br />

[Der Logische Aufbau <strong>de</strong>r Welt,<br />

§ 65D. Mas nesses pressupostos e em outros<br />

semelhantes, a <strong>filosofia</strong> da ciência afasta-se das<br />

análises e das conclusões da própria ciência.<br />

IMITAÇÃO. V. ESTÉTICA.<br />

IMORALISMO (in. Immomlism; fr. Immoralisme,<br />

ai. Immoralismus; it. Immoralismó).<br />

Expressão adotada por Nietzsche para expressar<br />

sua posição <strong>de</strong> antagonismo à moral tradicional<br />

e sua tentativa <strong>de</strong> efetuar uma "reviravolta dos<br />

valores". Nietzsche dizia: "Sabe-se qual é a palavra<br />

que preparei para esta luta, a palavra<br />

imoralista; minha fórmula também é conhecida:<br />

além do bem e do mal" (Wille zur Macht,<br />

1901, § 167, c).<br />

IMORTALIDADE (in. Immortality; fr. Immortalité;<br />

ai. Unsterblichkeit; it. Immortalitã).<br />

Uma das crenças mais difundidas nas <strong>filosofia</strong>s<br />

e nas religiões do Oriente e do Oci<strong>de</strong>nte. Do<br />

ponto <strong>de</strong> vista filosófico, po<strong>de</strong> assumir duas<br />

formas diferentes: I a a crença na I. da pessoa<br />

individual, ou seja, da alma humana em sua totalida<strong>de</strong>;<br />

2 g a crença na I. daquilo que a pessoa<br />

individual tem em comum com um princípio<br />

eterno e divino, só da parte impessoal da alma.<br />

É necessário, pois, consi<strong>de</strong>rar em terceiro lugar<br />

as provas aduzidas pelos filósofos em favor da<br />

imortalida<strong>de</strong>.<br />

1- A I. da alma individual foi admitida por<br />

órficos, pitagóricos e por Platão. Os ecléticos<br />

(v. p. ex. CÍCERO, Tusc, I, 26-35) também a<br />

admitiram, bem como Plotino (Enn., III, 4, 6).<br />

Na Patrística e na Escolástica, ai. da alma individual<br />

é lugar-comum, e fora das disputas dos<br />

aristotélicos ela também se mantém como lugar-comum<br />

no Renascimento. Os naturalistas<br />

do Renascimento admitem a I. (CAMPANELLA, De<br />

sensu rerum, II, 24; BRUNO, De triplici minimo,<br />

I, 3). Ao lado da alma material, que é a única<br />

que presi<strong>de</strong> às operações humanas (inclusive a<br />

moralida<strong>de</strong>) e é mortal, Telésio admite uma<br />

alma divina, que é o sujeito da aspiração do<br />

homem à transcendência e é imortal (De rer.<br />

nat., V, 2). A <strong>de</strong>monstração da I. é uma das finalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>claradas da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Descartes<br />

e um aspecto importante da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Leibniz<br />

(Teod., I, 89) e da <strong>filosofia</strong> alemã pré-kantiana<br />

(BAUMGARTEN, Mel, § 776). A I. da alma continua<br />

fazendo parte <strong>de</strong> todas as formas monadológicas<br />

do espiritualismo mo<strong>de</strong>rno e contemporâneo,<br />

visto estar claro que a mônada,<br />

seja ela criada ou incriada, é em qualquer caso<br />

imortal.<br />

2- A teoria da I. parcial tem origem em Aristóteles.<br />

Após distinguir o intelecto ativo do passivo,<br />

Aristóteles diz que "o intelecto ativo" é separável,<br />

impassível e sem mistura porque, por<br />

sua substância, é ato; e que só ele "é imortal e<br />

eterno" (De an., III, 5. 430 a 17). Por sua<br />

"impassibilida<strong>de</strong>", o intelecto ativo não conserva<br />

as <strong>de</strong>terminações particulares, por isso não<br />

se i<strong>de</strong>ntifica com a totalida<strong>de</strong> da alma humana,<br />

que também compreen<strong>de</strong> o intelecto passivo.<br />

Essa doutrina foi incorporada pelos estóicos<br />

em sua metafísica, segundo a qual a alma do<br />

homem é uma parte do Espírito Cósmico e,<br />

como este, é imortal (DiÓG. L, VII. 156). Cleantes<br />

afirmava que todas as almas durarão até a<br />

conflagração final; Crisipo acreditava que somente<br />

as almas dos sábios durarão até esse<br />

momento (DlÓG. L, VII, 157).<br />

Na Ida<strong>de</strong> Média, o aristotelismo árabe retomou<br />

doutrina semelhante a esta. Averróis dava<br />

um passo a mais que Aristóteles no que se<br />

refere à relação entre o intelecto e o restante da<br />

alma humana: não só o intelecto ativo, como<br />

julgava Aristóteles, mas também o intelecto<br />

passivo (ou material ou Mico) estão separados<br />

da alma humana, à qual só pertence o intelecto<br />

aquisitivo ou especulativo, que é a disposição<br />

essencial para participar das operações do intelecto.<br />

Este é, portanto, único, separado e divino,<br />

e a alma humana nada tem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iramente<br />

imortal (De an., III, 1). Esse ponto <strong>de</strong><br />

vista, seguido pelos averroístas latinos, que reduziam<br />

a I. da alma a pura questão <strong>de</strong> fé (p.<br />

ex., MANDONNET, Siger<strong>de</strong>Brabante, II, p. 167),<br />

também foi adotado pelos averroístas e pelos<br />

alexandristas do Renascimento. Pomponazzi<br />

afirmava a respeito que a diferença entre intelecto<br />

ativo ou separado e o intelecto humano

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