22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESTATUTO 367 ESTÉTICA<br />

mármore, não lhe permitisse o uso dos sentidos,<br />

cabendo-nos a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> abri-los, à<br />

nossa escolha, às diversas impressões <strong>de</strong><br />

que são capazes" (Traité <strong>de</strong>s sensations, 1754,<br />

Pref.).<br />

ESTATUTO (in. Statute, fr. Statut; ai. Statut;<br />

it. Statutó). Conjunto <strong>de</strong> normas que <strong>de</strong>finem<br />

o estado, ou seja, a condição ou o modo <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong> um grupo social.<br />

ESTÉTICA (in. Aesthetics; fr. Esthêtique, ai.<br />

Aesthetik; it. Estética). Com esse termo <strong>de</strong>signase<br />

a ciência (filosófica) da arte e do belo. O<br />

substantivo foi introduzido por Baumgarten,<br />

por volta <strong>de</strong> 1750, num livro (Aestheticd) em<br />

que <strong>de</strong>fendia a tese <strong>de</strong> que são objeto da arte<br />

as representações confusas, mas claras, isto é,<br />

sensíveis mas "perfeitas", enquanto são objeto<br />

do conhecimento racional as representações<br />

distintas (os conceitos). Esse substantivo significa<br />

propriamente "doutrina do conhecimento<br />

sensível". Kant, que também fala (Crítica do<br />

Juízo) <strong>de</strong> um juízo estético, que é o juízo sobre<br />

a arte e sobre o belo, chama <strong>de</strong> "E. transcen<strong>de</strong>ntal"<br />

(Crítica da Razão Pura) a doutrina<br />

das formas apriori do conhecimento sensível.<br />

Mas em Kant o substantivo E., alusivo à arte e<br />

ao belo, já não se referia à doutrina <strong>de</strong> Baumgarten;<br />

hoje, esse substantivo <strong>de</strong>signa qualquer<br />

análise, investigação ou especulação que tenha<br />

por objeto a arte e o belo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> doutrinas ou escolas.<br />

Dissemos "arte e belo" porque as investigações<br />

em torno <strong>de</strong>sses dois objetos coinci<strong>de</strong>m<br />

ou, pelo menos, estão estreitamente mescladas<br />

na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea. Isso<br />

não ocorria, porém, na <strong>filosofia</strong> antiga, em que as<br />

noções <strong>de</strong> arte e <strong>de</strong> belo eram consi<strong>de</strong>radas diferentes<br />

e reciprocamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A<br />

doutrina da arte era chamada pelos antigos<br />

com o nome <strong>de</strong> seu próprio objeto, poética,<br />

ou seja, arte produtiva, produtiva <strong>de</strong> imagens<br />

(PLATÃO, Sof., 265 a; ARISTÓTELES, Ret., 1,11,1371<br />

b 7), enquanto o belo (não incluído no número<br />

dos objetos produzíveis) não se incluía na<br />

poética e era consi<strong>de</strong>rado à parte (v. BELO).<br />

Assim, para Platão, o belo é a manifestação<br />

evi<strong>de</strong>nte das Idéias (isto é, dos valores), sendo,<br />

por isso, a via <strong>de</strong> acesso mais fácil e óbvia a<br />

tais valores (Fed., 250 e), ao passo que a arte<br />

é a imitação das coisas sensíveis ou dos acontecimentos<br />

que se <strong>de</strong>senrolam no mundo sensível,<br />

constituindo, antes, a recusa <strong>de</strong> ultrapassar<br />

a aparência sensível em direção à realida<strong>de</strong><br />

e aos valores (Rep., X, 598 c). Para Aristóteles,<br />

o belo consiste na or<strong>de</strong>m, na simetria e numa<br />

gran<strong>de</strong>za que se preste a ser facilmente abarcada<br />

pela visão em seu conjunto (Poet., 7, 1450 b 35<br />

ss.; Met., XIII, 3, 1078 b 1), ao mesmo tempo<br />

que retoma e adota a teoria da arte como imitação,<br />

apesar <strong>de</strong>, com a noção <strong>de</strong> catarse, retirála<br />

daquela espécie <strong>de</strong> confinamento à esfera<br />

sensível a que fora con<strong>de</strong>nada por Platão (v.<br />

mais abaixo).<br />

A partir do séc. XVIII, as noções <strong>de</strong> arte e<br />

belo mostram-se vinculadas, como objetos <strong>de</strong><br />

uma única investigação; essa conexão foi fruto<br />

do conceito <strong>de</strong> gosto, entendido como faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> discernir o belo, tanto <strong>de</strong>ntro quanto<br />

fora da arte. A investigação <strong>de</strong> Hume Sobre a<br />

norma do gosto (1741) já supõe essa i<strong>de</strong>ntificação,<br />

assim como a <strong>de</strong> Burke, Sobre a origem<br />

das idéias do sublime e do belo (1756; cf. V, I),<br />

e o ensaio cie G. SPALLETTI, Sopra labellezza<br />

(1765; cf. §§ 19-20). Mas foi sobretudo Kant quem<br />

estabeleceu a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre artístico e belo,<br />

ao afirmar que "a natureza é bela quando tem<br />

a aparência da arte"; e que "a arte só po<strong>de</strong> ser<br />

chamada <strong>de</strong> bela quando nós, conquanto conscientes<br />

<strong>de</strong> que é arte, a consi<strong>de</strong>ramos como natureza"<br />

(Crít. dojuízo, § 45). Finalmente, Schelling<br />

invertia a relação tradicional entre arte e<br />

natureza, fazendo da arte a norma da natureza<br />

e não o contrário. Para Schelling, a arte é a realização<br />

necessária e perfeita da beleza a que a<br />

natureza só chega <strong>de</strong> modo parcial e casual<br />

(System <strong>de</strong>s transzen<strong>de</strong>ntalen I<strong>de</strong>alísmus, 1800,<br />

VI, § 2; cf. "As artes figurativas e a natureza",<br />

1807, em Werke, VII, pp. 289 ss.).<br />

Todavia, a tentativa <strong>de</strong> separar a ciência da<br />

arte da doutrina do belo ocorreu mais recentemente<br />

na Alemanha, com vistas a instituir uma<br />

"ciência geral da arte" em bases positivas (E.<br />

UTITZ, Grundlegung <strong>de</strong>r allgemeinen Kunstwissenschaft,<br />

2 vols., Stuttgan. 1914 e 1920; M.<br />

DESSOIR, Ãsthetik und allgcmeine Kunstwissenschaft,<br />

Stuttgart, 1923). Essa ciência <strong>de</strong>veria<br />

ter como objeto a arte em seus aspectos<br />

técnicos, psicológicos, morais e sociais, cabendo<br />

à E. a consi<strong>de</strong>ração do belo, que para ela é<br />

tradicional e insuficiente para explicar todos<br />

os fenômenos artísticos, porquanto a arte dos<br />

primitivos, p. ex., e gran<strong>de</strong> parte da arte mo<strong>de</strong>rna<br />

parecem fugir à categoria do belo. Essas<br />

consi<strong>de</strong>rações, porém, não parecem <strong>de</strong>cisivas.<br />

No uso comum e mesmo no erudito (próprio<br />

dos críticos <strong>de</strong> arte e dos filósofos), a noção <strong>de</strong><br />

"belo" é suficientemente ampla para qualificar<br />

qualquer obra <strong>de</strong> arte bem realizada, ainda que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!