22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SINTETISMO 908 SISTEMA<br />

Feio menos este é o significado que hoje se<br />

costuma atribuir ao adjetivo sintético quando se<br />

refere a proposições ou enunciados. Kant, a<br />

quem se <strong>de</strong>ve a introdução dos termos analítico<br />

e sintético, empregou-os para distinguir os<br />

juízos explicativos e os juízos extensivos. Os<br />

primeiros nada acrescentam, por meio do<br />

predicado, ao conceito do sujeito, mas limitamse<br />

a dividir por meio da análise o conceito em<br />

seus conceitos parciais, que nele já eram pensados,<br />

ainda que confusamente; os segundos,<br />

pelo contrário, acrescentam ao conceito do sujeito<br />

um predicado que não estava contido nele<br />

nem podia ser <strong>de</strong>le <strong>de</strong>duzido por análise" (Crit.<br />

R. Pura, Intr., § IV). Mas, segundo Kant, os<br />

juízos sintéticos são nào apenas os que se referem<br />

a coisas <strong>de</strong> fato, mas também os da matemática<br />

e da física pura, porquanto baseados na<br />

intuição a priori do espaço e do tempo e nas<br />

categorias, sendo por isso chamados <strong>de</strong> "juízos<br />

sintéticos a priori". Na <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

porém, a S. como caráter das expressões<br />

foi entendida no sentido das "proposições <strong>de</strong><br />

fato" cie Humc ou das •'verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fato" <strong>de</strong><br />

Leibniz (v. EXPERIÊNCIA; FATO), OU seja, como<br />

proposições que se referem a situações ou<br />

estados <strong>de</strong> coisas e que po<strong>de</strong>m ser verda<strong>de</strong>iras<br />

ou falsas em relação a elas. Carnap diz: "Uni<br />

enunciado sintético é verda<strong>de</strong>iro às vezes —<br />

quando existem certos fatos — e às vezes falso;<br />

portanto, ele diz algo sobre quais os fatos que<br />

existem. Os sintéticos são os enunciados autênticos<br />

acerca da realida<strong>de</strong>" (Lugische Syntax <strong>de</strong>r<br />

Spracbe, § 14). Todavia, os lógicos muitas vezes<br />

preferem <strong>de</strong>finir negativamente os enunciados<br />

sintéticos, como enunciados que nào são analíticos<br />

nem contraditórios: é o que fazem, p.<br />

ex., Lewis (Analysís of Knouiedge and Valuation,<br />

1946, p. 35) e Reíchenbach (Tbeory of<br />

Probabilíty, 1949, p. 20). Assim como as<br />

proposições analíticas (v. ANALITICIDADE) são<br />

chamadas <strong>de</strong> "verda<strong>de</strong>s necessárias" porque<br />

sua negação é impossível, também as proposições<br />

sintéticas são chamadas freqüentemente<br />

<strong>de</strong> contingentes, no sentido <strong>de</strong> nào<br />

serem nem necessárias nem impossíveis (cf.<br />

CARNAP, Meaning and Necessity, § 39).<br />

SINTETISMO (ai. Synthetismus). Esse nome,<br />

que se baseia na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser e saber,<br />

foi dado à sua <strong>filosofia</strong> por um certo "Senhor<br />

Kmg", que <strong>de</strong>safiou Hegel a <strong>de</strong>duzir nem que<br />

fosse a pena com que escrevia, ao que Hegel<br />

respon<strong>de</strong>u que isso nào seria impossível,<br />

quando a ciência tivesse progredido suficiente-<br />

mente, e nada houvesse <strong>de</strong> melhor a fazer (cf.<br />

W. T. KRUG, Fundamentalphilosophie, 1818;<br />

HEGEL, Ene. § 250, nota). Rosmini chamou <strong>de</strong><br />

S. a união do princípio senciente com o corpo,<br />

sentido no ser animado, e em geral a união <strong>de</strong><br />

elementos diferentes, um dos quais espiritual e<br />

o outro material, em todos os aspectos da realida<strong>de</strong>.<br />

Neste sentido, ele disse que o S. "é<br />

lei e chave da natureza cie todas as coisas cio<br />

universo" (Antropologia, § 325; Psicologia, I,<br />

§§34ss.).<br />

SINTOMA. V. INCONSCIENTE; PSICANÁLISE.<br />

SISTEMA (gr. aúoTr|ua; in. System; fr. Systènie,<br />

ai. System: it. Sistema). 1. L'ma totalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>dutiva <strong>de</strong> discurso. Essa palavra, <strong>de</strong>sconhecida<br />

neste sentido no período clássico, foi empregada<br />

por Sexto Empírico para indicar o conjunto<br />

formado por premissas e conclusão ou o<br />

conjunto <strong>de</strong> premissas (Pirr. byp., II, 173), e<br />

passou a ser usada em <strong>filosofia</strong> para indicar<br />

principalmente um discurso organizado <strong>de</strong>dutivamente,<br />

ou seja, um discurso que constitui<br />

um todo cujas partes <strong>de</strong>rivam umas das outras.<br />

Leibniz chamava <strong>de</strong> S. o repertório <strong>de</strong> conhecimentos<br />

que nào se limitasse a ser um simples<br />

inventário, mas que contivesse suas razões ou<br />

provas e <strong>de</strong>screvesse o i<strong>de</strong>al sistemático da<br />

seguinte maneira: "A or<strong>de</strong>m científica perfeita<br />

é aquela em que as proposições são situadas<br />

segundo suas <strong>de</strong>monstrações mais simples e <strong>de</strong><br />

maneira que nasçam umas das outras" (Metho<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ia certitu<strong>de</strong>, Op., ed. Erdmann, pp.<br />

174-75). Wolff, por sua vez, dizia: "Chama-se<br />

cie S. um conjunto <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s ligacias entre si<br />

e com seus princípios" (Log., § 889). A noção <strong>de</strong><br />

S. moldava-se assim na <strong>de</strong> procedimento matemático.<br />

Kant subordinou-a a outra condição: a<br />

unida<strong>de</strong> do princípio, que fundamenta o sistema,<br />

pois ele enten<strong>de</strong>u por S. "a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

múltiplos conhecimentos, reunidos sob uma<br />

única idéia"; afirmou que o S. é um todo organizado<br />

finalisticamente, sendo portanto uma<br />

articulação (aiUculalio), e não um amontoado<br />

(coacervatio): po<strong>de</strong> crescer <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora<br />

(per intussusceptíonem), mas nào <strong>de</strong> fora para<br />

<strong>de</strong>ntro (per appositionem), sendo, pois, semelhante<br />

a um corpo animal, cujo crescimento<br />

nào acrescenta nenhum membro, mas, sem alterar<br />

a proporção do conjunto, torna cada um<br />

dos membros mais forte e mais apto a seu objetivo<br />

(Crít. R. Pura, Doutr. do método, cap.<br />

III). Com base nisso, Kant fala <strong>de</strong> "unida<strong>de</strong><br />

sistemática do conhecimento, da qual as idéias<br />

da razão pura tentam aproximar-se" (Ibid.,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!