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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ELEMENTO 309 EMANAÇÃO<br />

divisão. O primeiro <strong>de</strong>sses conceitos é o<br />

mais antigo.<br />

I a Embora Platão (cf., p. ex.: Teet., 210 e)<br />

tenha sido o primeiro a falar em <strong>filosofia</strong> dos E.<br />

(como nos diz DIÓGF.NES LAÉRCIO, III, 24), Aristóteles<br />

é o primeiro a fazer uma análise exaustiva<br />

<strong>de</strong>sse conceito. "Por elemento", diz ele, "enten<strong>de</strong>-se<br />

o componente primeiro <strong>de</strong> uma coisa<br />

qualquer, que seja <strong>de</strong> uma espécie irredutível a<br />

uma espécie diferente: nesse sentido, p. ex., os<br />

E. das palavras [isto é, as letras] são os elementos<br />

<strong>de</strong> que consistem as palavras, nos quais se<br />

divi<strong>de</strong>m em última análise porque não po<strong>de</strong>m<br />

dividir-se em partes <strong>de</strong> espécie diferente. Se<br />

um E. for dividido, suas partes serão da mesma<br />

espécie; p. ex: uma parte <strong>de</strong> água é água, ao<br />

passo que a parte <strong>de</strong> uma sílaba não é uma<br />

sílaba" (Met., V, 3,1014 a 30). Aristóteles esclarece<br />

também o sentido em que essa palavra foi<br />

usada (como o é ainda) para indicar as partes<br />

principais <strong>de</strong> uma doutrina, no sentido, p. ex.,<br />

em que se diz "E. <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s". Diz ele que os<br />

E. das provas geométricas e das <strong>de</strong>monstrações<br />

em geral são aquelas <strong>de</strong>monstrações primeiras<br />

que reaparecem em outras <strong>de</strong>monstrações diferentes<br />

Ubid, V, 3, 1014 a 35). Aristóteles nota<br />

também que po<strong>de</strong>m ser metaforicamente chamados<br />

<strong>de</strong> E. as entida<strong>de</strong>s mais universais porque<br />

são simples e indivisíveis e po<strong>de</strong>m repetirse<br />

em um número in<strong>de</strong>finido <strong>de</strong> casos. E talvez<br />

tenha sido justamente contra essa extensão do<br />

termo que os estóicos estabeleceram sua própria<br />

distinção entre princípios, que não po<strong>de</strong>m<br />

ser gerados nem se corrompem, e os E., que<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>struídos pelas conflagrações periódicas<br />

a que o mundo está sujeito (DlÓG. L.,<br />

VII, 134). No séc. XII, Guilherme <strong>de</strong> Conches<br />

dava o nome <strong>de</strong> E. aos átomos e <strong>de</strong> elementata<br />

à água, ao ar, à terra e ao fogo, que seriam<br />

compostos <strong>de</strong> átomos (Phílosophia, I, 21).<br />

2 a O segundo conceito <strong>de</strong> E. foi elaborado<br />

no séc. XVII por Robert Boyle, um dos fundadores<br />

da química mo<strong>de</strong>rna. Em Chymista Scepticus<br />

(1661), Boyle <strong>de</strong>finiu como E. químico o<br />

corpo não composto que não se é possível<br />

<strong>de</strong>compor com os meios químicos <strong>de</strong> que se<br />

dispõe. Essa <strong>de</strong>finição tinha a vantagem <strong>de</strong> não<br />

fixar antecipadamente quais são os corpos que<br />

<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados elementos. Po<strong>de</strong> ser<br />

facilmente generalizada para um campo qualquer,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong>finir como E., nesse campo,<br />

aquilo que não é possível dividir com os<br />

instrumentos <strong>de</strong> análise disponíveis nesse mesmo<br />

campo. Desse ponto <strong>de</strong> vista, o que é "E."<br />

num campo po<strong>de</strong> não ser "E." em outro campo<br />

e o conceito é <strong>de</strong>finido em cada caso só em<br />

relação aos instrumentos <strong>de</strong> análise e ao seu<br />

alcance.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista lógico, a noção <strong>de</strong> E. foi<br />

<strong>de</strong>finida por Wittgenstein: "É claro que, ao analisar<br />

uma proposição, <strong>de</strong>ve-se chegar a proposições<br />

elementares, que constam <strong>de</strong> nomes em<br />

união imediata" (Tractatus, 4, 221). Nesse sentido,<br />

a proposição elementar é o resultado da<br />

<strong>de</strong>composição das proposições. Segundo<br />

Wittgenstein, ela "afirma a existência <strong>de</strong> um<br />

fato atômico" (Ibid., 4. 21); sua marca característica<br />

é que "nenhuma proposição elementar<br />

po<strong>de</strong> estar em contradição com ela" (Ibid., 4.<br />

211).<br />

ELEMENTOS (ai. Elemente). R. Avenarius<br />

<strong>de</strong>u um significado especial a essa palavra,<br />

que, para ele, indica as qualida<strong>de</strong>s sensíveis<br />

que formam os "complexos <strong>de</strong> E." que são as<br />

coisas (Kritik <strong>de</strong>r reine Erfahrung, I, 16).<br />

ELENCO (gr. èÀ£yx°Ç; l at - Elenchus). Refutação.<br />

E. Sofístícos <strong>de</strong> Aristóteles: as refutações<br />

falsas.<br />

ELEUTERONOMIA (ai. Eleutheronomie).<br />

Palavra usada por Kant para indicar "o princípio<br />

da liberda<strong>de</strong> em que se apoia a legislação<br />

interna", isto é, a legislação moral (Met. <strong>de</strong>r<br />

Sitten, II, Pref.).<br />

EIÍCITA, AÇÃO. V. AÇÃO.<br />

ELITE. A teoria da £ ou classe eleita foi elaborada<br />

por Vilfredo Pareto em Trattato di sociologia<br />

generale (1916), e consiste na tese <strong>de</strong><br />

que é uma pequena minoria <strong>de</strong> pessoas que<br />

conta em qualquer ramo ou campo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

e que, mesmo em política, é essa<br />

minoria que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sobre os problemas do governo.<br />

Pareto entendia por E. o conjunto "daqueles<br />

que têm os padrões mais elevados em<br />

seu ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>" (Trattato, § 203D e chamava<br />

<strong>de</strong> "classe governante eleita" aqueles<br />

que, direta ou indiretamente, têm participação<br />

importante no governo. Fala também <strong>de</strong> "circulação<br />

da classe eleita" (Ibid., § 2042) para indicar<br />

o fenômeno da passagem <strong>de</strong> grupos humanos<br />

da classe eleita para a classe não eleita<br />

e vice-versa. O próprio Pareto indicava como<br />

fonte <strong>de</strong>ssa teoria a tese <strong>de</strong> doutoramento <strong>de</strong><br />

M. KOLABINSKA, La circulation <strong>de</strong>s elites en<br />

France, Lausanne, 1912. Essa teoria foi um dos<br />

pontos fundamentais da doutrina política do<br />

fascismo e do nazismo.<br />

EMANAÇÃO (gr. 7rpoeívoa, àTtoppeív; lat.<br />

Emanatio; in. Emanation-, ir. Émanation; ai.

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