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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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FENTTISMO 461 FINS, REINO DOS<br />

Em conclusão, o F., hoje consi<strong>de</strong>rado inútil<br />

em todos os campos <strong>de</strong> explicação científica,<br />

permanece como característica das correntes<br />

metafísicas que consi<strong>de</strong>ram mo<strong>de</strong>sta <strong>de</strong>mais<br />

para a <strong>filosofia</strong> a tarefa <strong>de</strong> criticar os valores<br />

para corrigi-los ou conservá-los, propondo-se<br />

a tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que os valores são garantidos<br />

pela própria estrutura do mundo on<strong>de</strong> o<br />

homem vive e que eles constituem o fim <strong>de</strong>ssa<br />

estrutura. O F. per<strong>de</strong>u completamente o caráter<br />

científico que possuía originariamente na Grécia<br />

antiga e permanece apenas como uma das<br />

tantas esperanças ou ilusões às quais o homem<br />

recorre na falta <strong>de</strong> procedimentos eficazes ou<br />

em substituição <strong>de</strong>les.<br />

FINITISMO (in. Finitism; fr. Finitisme, ai.<br />

Finitismus; it. Finitismó). Com este termo, usado<br />

raramente, enten<strong>de</strong>-se toda doutrina que afirme<br />

a finitu<strong>de</strong> do mundo, que adote as teses das<br />

antinomias cosmológicas expostas na Crítica<br />

da Razão Pura <strong>de</strong> Kant.<br />

FINITO (gr. 7ce7iepao(i,évov; lat. Finitus-, in.<br />

Finite, fr. Fini; ai. Endlich; it. Finito). Esse termo<br />

tem as seguintes significações principais,<br />

das quais as duas primeiras correspon<strong>de</strong>m aos<br />

sentidos <strong>de</strong> infinito:<br />

I a Como disposição ou qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong>za em sentido matemático, F. é: d) o que<br />

está completo ou é exaurível, ou seja, não tem<br />

partes fora <strong>de</strong> si: o contrário <strong>de</strong> infinito potencial;<br />

b) o conjunto não auto-reflexivo, ou seja,<br />

não equipotente a uma <strong>de</strong> suas partes ou<br />

subconjuntos (no sentido estabelecido pela<br />

teoria dos conjuntos <strong>de</strong> Cantor e De<strong>de</strong>kind).<br />

2 3 No sentido teológico, aquilo que encontra<br />

limites ou obstáculos à sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser, à sua potência. Esse conceito <strong>de</strong> F. remonta<br />

a Plotino, que foi o primeiro a enten<strong>de</strong>r o infinito<br />

como não-limitação da potência (Enn., IV,<br />

3, 8; VI, 6, 18). Mas foi principalmente nesse<br />

conceito que o Romantismo se baseou para<br />

afirmar a realida<strong>de</strong> do infinito. Para Hegel, o<br />

infinito é a própria realida<strong>de</strong> enquanto potência<br />

ilimitada <strong>de</strong> realização, enquanto Absoluto.<br />

F. é aquilo que não tem potência suficiente<br />

para realizar-se, o i<strong>de</strong>al, o <strong>de</strong>ver-ser (Ene, § 95;<br />

Wíssenschaft <strong>de</strong>r Logik, cap. II, seç. I; trad.<br />

it., I, p. 163). Deste ponto <strong>de</strong> vista, F. é "irreal"<br />

e encontra realida<strong>de</strong> só no infinito e<br />

como infinito.<br />

3 a Aquilo que po<strong>de</strong> ser ou agir em <strong>de</strong>terminadas<br />

condições. Esse é o sentido com o qual<br />

essa palavra foi entendida por Kant. Ele chama<br />

o homem <strong>de</strong> "ser pensante F.", porquanto suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s cognoscitivas são limitadas pela<br />

intuição sensível, ou seja, por uma intuição que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos dados (Crít. R. Pura, § 8,<br />

IV). Do ponto <strong>de</strong> vista moral, o homem é um<br />

ser F. porquanto sua vonta<strong>de</strong> não se i<strong>de</strong>ntifica<br />

com a razão e a lei <strong>de</strong>sta vale para a vonta<strong>de</strong> só<br />

como imperativo (Crít. R. Pratica, § 1, scol.).<br />

Enfim, a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> juízo estético e teleológico<br />

funda-se na natureza F. do homem, na<br />

limitação <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s cognoscitivas,<br />

porquanto não <strong>de</strong>terminam completamente<br />

seu objeto, mas apenas a forma <strong>de</strong>ste (Crít. do<br />

Juízo, § 77). Essa significação da palavra permaneceu<br />

em expressões como "intelecto F.", "ser<br />

F.", "natureza F.", etc.: nas quais F. não expressa<br />

uma limitação espacial ou temporal, mas o caráter<br />

condicional <strong>de</strong> certas possibilida<strong>de</strong>s que<br />

não são aptas a garantir a onisciência, a onipotência<br />

e a infalibilida<strong>de</strong>. Com esta significação,<br />

esse termo foi aceito pelo existencialismo contemporâneo.<br />

Hei<strong>de</strong>gger vê o caráter F. do homem<br />

no fato <strong>de</strong> que qualquer projeto seu <strong>de</strong><br />

mundo já está dominado pelo próprio mundo,<br />

que limita as possibilida<strong>de</strong>s projetáveis. Hei<strong>de</strong>gger<br />

diz: "O projeto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s, em<br />

conformida<strong>de</strong> com sua essência, está cada vez<br />

mais rico da posse na qual o projetante se encontrava<br />

anteriormente. Mas uma posse assim<br />

só po<strong>de</strong> pertencer ao ser-aí porque ele, enquanto<br />

projetante, sente-se imerso no meio do<br />

ente. Mas, com isso, já estão sendo subtraídas<br />

ao ser-aí outras possibilida<strong>de</strong>s, e isso em conseqüência<br />

<strong>de</strong> sua facticida<strong>de</strong>... Prova transcen<strong>de</strong>ntal<br />

da finitu<strong>de</strong> da liberda<strong>de</strong> do ser-aí é<br />

que o projeto concreto do mundo só adquire<br />

força e se torna posse na subtração. Será que<br />

nisso não se evi<strong>de</strong>ncia a essência F. da liberda<strong>de</strong><br />

em geral?" (Vom Wesen <strong>de</strong>s Grun<strong>de</strong>s, III;<br />

trad. it., pp. 68-69). Nesse sentido, "F." é qualida<strong>de</strong><br />

própria só do homem ou das possibilida<strong>de</strong>s<br />

humanas, e finitu<strong>de</strong> é o termo abstrato<br />

correspon<strong>de</strong>nte. Toda <strong>filosofia</strong> da existência é<br />

uma <strong>filosofia</strong> do F. porque interpretação da existência<br />

em termos <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s condicionadas<br />

(v. EXISTÊNCIA, 3 2 ).<br />

FINS, REINO DOS (ai. Reich <strong>de</strong>r Zwecke).<br />

Segundo Kant, é a comunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al dos seres<br />

racionais que obe<strong>de</strong>cem unicamente às leis da<br />

razão. O reino dos F. — diz Kant — é "o conceito<br />

em virtu<strong>de</strong> do qual todo ser racional <strong>de</strong>ve<br />

consi<strong>de</strong>rar-se fundador <strong>de</strong> uma legislação universal<br />

por meio <strong>de</strong> todas as máximas <strong>de</strong> sua<br />

vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal modo que possa julgar-se a si<br />

mesmo e às suas ações <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista"

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