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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ENERGISMO 333 ENSOMATOSE<br />

forma e caracterizou a E. como in<strong>de</strong>strutível,<br />

pois comporta-se como qualquer outra substância:<br />

não po<strong>de</strong> ser criada nem <strong>de</strong>struída. Deste<br />

ponto <strong>de</strong> vista, os cientistas começaram a falar<br />

<strong>de</strong> numerosas formas <strong>de</strong> E.: magnética, elétrica,<br />

química, acústica, etc, e a E. passou a ser a<br />

segunda substância da física, já que a primeira<br />

é a matéria. Todavia, tanto em ciência quanto<br />

em <strong>filosofia</strong> tentou-se reduzir também a matéria<br />

à E. constituindo-se o energismo (v.).<br />

A terceira guinada conceituai importante<br />

<strong>de</strong>ssa noção ocorreu com a teoria da relativida<strong>de</strong><br />

e com a mecânica quântica. Com a redução<br />

da matéria (v.) à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo (v.),<br />

o dualismo entre as duas substâncias tradicionais<br />

da física clássica per<strong>de</strong>u sentido. Por um<br />

lado, portanto, parece que a ciência acolheu o<br />

princípio do energismo, pois a matéria <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ser uma substância em si mesma, mas, por<br />

outro lado, po<strong>de</strong>-se dizer que o próprio energismo<br />

foi <strong>de</strong>scartado, pois o conceito fundamental<br />

já não é <strong>de</strong> E., mas <strong>de</strong> campo (v.), e<br />

qualquer distinção qualitativa entre matéria e<br />

E. ou matéria e campo per<strong>de</strong>u importância (cf.<br />

A. EINSTEIN-L. INFELD, The Evolution of 'Physics,<br />

III; trad. ir, pp. 251 ss.).<br />

ENERGISMO (in. Energetism; fr. Énergétisme\<br />

ai. Energetik, it. Energetismó). Monismo da<br />

energia, ou seja, redução <strong>de</strong> toda substância a<br />

energia. O E. foi <strong>de</strong>fendido pelo próprio<br />

Helmholtz, que o apresentava como um i<strong>de</strong>al<br />

da ciência (v. ENERGIA), mas difundiu-se sobretudo<br />

na Inglaterra, graças a William Rankine<br />

(1820-72). Entre o fim do século passado e o<br />

início do séc. XX, foi <strong>de</strong>fendido pelo fundador<br />

da químico-física, Wilhelm Ostwald (1853-1932),<br />

cujas obras principais são: A energia e suas<br />

transformações, 1888; A crise do materialismo<br />

científico, 1895; As energias, 1908; O imperativo<br />

energético, 1912. Ostwald consi<strong>de</strong>rava como<br />

especificação do conceito <strong>de</strong> energia o próprio<br />

conceito <strong>de</strong> vida; para ele, no campo das<br />

ciências formais, o conceito <strong>de</strong> energia correspondia<br />

ao conceito <strong>de</strong> função (Grundriss <strong>de</strong>r<br />

Naturphilosophie, 1908) (v. CIÊNCIAS, CLASSIFI-<br />

CAÇÃO DAS).<br />

ENGAJAMENTO. V. COMPROMISSO.<br />

ENGENHO (lat. Ingenium; in. Ingenuity;<br />

Wit; fr. Génie, ai. Witz; it. Ingegno). Retomando<br />

um dos significados tradicionais <strong>de</strong>sse termo,<br />

Giambattista Viço chamou <strong>de</strong> E. a faculda<strong>de</strong><br />

inventiva da mente humana. Contrapôs,<br />

portanto, o E. à razão cartesiana; analogamente,<br />

contrapôs à arte cartesiana da critica, fundada<br />

na razão, a tópica como arte que disciplina e<br />

dirige o procedimento inventivo do E. O E.<br />

tem tanta força produtiva quanto a razão, porém<br />

menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrativa (De nostri<br />

temporis studiorum ratione, § 5). Kant, por sua<br />

vez, entendia por E. o talento, ou seja, "a superiorida<strong>de</strong><br />

do po<strong>de</strong>r cognitivo proveniente da<br />

disposição natural do indivíduo, e não do ensino",<br />

e o distinguia em E. comparativo e E.<br />

logicizante (Antr., I, § 54).<br />

ENIGMAS (in. Riddles; fr. Enigme; ai. Rdtsel;<br />

it. Enigmi) Na literatura filosófica dos últimos<br />

<strong>de</strong>cênios do séc. XIX <strong>de</strong>u-se o nome <strong>de</strong> E. do<br />

mundo aos problemas que, não tendo sido resolvidos<br />

pela ciência, eram consi<strong>de</strong>rados insolúveis.<br />

Em 1880, o fisiologista alemão E. Du<br />

Bois-Reymond enumerava Sete E. do mundo-.<br />

V- a origem da matéria e da força; 2 S a origem<br />

do movimento; 3 a o surgimento da vida; 4 Q a<br />

or<strong>de</strong>m finalista da natureza; 5 Q o surgimento<br />

da sensibilida<strong>de</strong> e da consciência; 6 e a origem<br />

do pensamento racional e da linguagem; 1° a<br />

liberda<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong>. Diante <strong>de</strong>sses E., Du Bois-<br />

Reymond achava que se <strong>de</strong>vesse dizer não só<br />

ignoramus[ignoramos], mas também um ignorabimus<br />

[ignoraremos]. Alguns anos <strong>de</strong>pois, o<br />

biólogo Ernst Haeckel, numa obra <strong>de</strong> enorme<br />

difusão, intitulada OsE. do mundo (1899), proclamava<br />

que aqueles E. tinham sido resolvidos<br />

pelo materialismo evolucionista (v. MATERIA-<br />

LISMO). Embora essa palavra até hoje seja empregada<br />

com fins retóricos, tornou-se imprópria<br />

para exprimir a atitu<strong>de</strong> do homem mo<strong>de</strong>rno<br />

em face das limitações ou da imperfeição do<br />

seu conhecimento do mundo. E. significa propriamente<br />

"adivinhação", e a expressão E. do<br />

mundo parece indicar que o mundo, como<br />

uma gigantesco jogo <strong>de</strong> adivinha, só tem uma<br />

solução que, uma vez encontrada, eliminaria<br />

todos os problemas. O que, por certo, é uma<br />

visão bastante pueril, pois o mundo não tem<br />

E., nem no plural nem no singular, mas só<br />

problemas para os quais existem soluções mais<br />

ou menos a<strong>de</strong>quadas, nunca <strong>de</strong>finitivas e sempre<br />

sujeitas a revisões.<br />

ENOEMÂTICA (in. Ennoematic). Termo<br />

empregado por Hamilton para indicar a doutrina<br />

do conceito (Lectures on Logic, I, 1886,<br />

p. 130).<br />

ENSOMATOSE (gr. èvocoucrcoxnç). Doutrina<br />

segundo a qual a alma é infundida no corpo<br />

diretamente por Deus; Orígenes a contrapõe<br />

à metensomatose ou metempsícose (v.) (In<br />

Joan, VI, 14 [86]).

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