22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

APOLINEO DIONISÍACO 74 APORETICA<br />

Negativo, isto é, segundo Aristóteles, que "separa<br />

uma coisa da outra", quer dizer, nega a<br />

pertinência <strong>de</strong> um predicado a um sujeito (An.<br />

pr, I, 1,24 a 19). G. P.<br />

APOLÍNEO-DIONISÍACO (in. Apolloniandionysian;<br />

fr. Apollinien-dionysiaque, ai. Apollinisch-dionysísch;<br />

it. Apollineo-dionisiaco). A<br />

antítese entre apolíneo e dionisíaco foi expressa<br />

por Schelling como a antítese entre a forma<br />

e a or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> um lado, e o obscuro impulso<br />

criador, do outro. Esses dois aspectos <strong>de</strong>vem<br />

ser reconhecidos em cada momento poético<br />

(PM. <strong>de</strong>r Offenbarung, 24, em Werke, II, 4, p.<br />

25). Hegel, por sua vez, referia-se a essa antítese:<br />

"O verda<strong>de</strong>iro é um triunfo báquico, on<strong>de</strong><br />

não há ninguém que não esteja ébrio; e, como<br />

esse momento resolve todos os momentos que<br />

ten<strong>de</strong>m a separar-se, ele é também uma transparente<br />

e simples tranqüilida<strong>de</strong>" (Phánomen.<br />

<strong>de</strong>sGeistes, intr., III, 2; trad., it. p. 40). Retomada<br />

por Richard Wagner (Die Kunst und die<br />

Revolution, 1849), essa antítese foi popularizada<br />

por Nietzsche, que <strong>de</strong>la se valeu em Nascimento<br />

da tragédia (1871), para explicar a arte<br />

e a vida da Grécia antiga. O espírito apolíneo<br />

domina as artes plásticas, que são harmonia <strong>de</strong><br />

formas; o espírito dionisíaco domina a música,<br />

que é, ao contrário, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> forma porque<br />

é embriaguez e exaltação entusiástica. Foi<br />

só graças ao espírito dionisíaco que os gregos<br />

conseguiram suportar a existência. Sob a influência<br />

da verda<strong>de</strong> contemplada, o homem<br />

grego via em toda a parte o aspecto horrível e<br />

absurdo da existência: a arte veio em seu socorro,<br />

transfigurando o horrível e o absurdo<br />

em imagens i<strong>de</strong>ais, por meio das quais a vida<br />

se tornou aceitável (Geburt <strong>de</strong>r Tragódie, § 7).<br />

Essa transfiguração foi realizada pelo espírito<br />

dionisíaco, modulado e disciplinado pelo espírito<br />

apolíneo, e <strong>de</strong>u lugar à tragédia e à comédia.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, Nietzsche viu no espírito<br />

dionisíaco o próprio fundamento da arte enquanto<br />

"correspon<strong>de</strong> aos estados <strong>de</strong> vigor animal"<br />

(WillezurMacht, § 361, ed. Krõner, 802).<br />

O estado apolíneo não é senão o resultado<br />

extremo da embriaguez dionisíaca, uma espécie<br />

<strong>de</strong> simplificação e concentração da própria<br />

embriaguez. O estilo clássico representa esse<br />

estado e é a forma mais elevada do sentimento<br />

<strong>de</strong> potência. A exemplo <strong>de</strong> Nietzsche, Spengler<br />

chamou <strong>de</strong> apolínea "a alma da cultura antiga<br />

que escolheu o corpo individual, presente e<br />

sensível, como tipo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> extensão". Apolíneos<br />

são "a estática mecânica, os cultos materiais<br />

dos <strong>de</strong>uses do Olimpo, as cida<strong>de</strong>s gregas politi-<br />

camente isoladas, a sorte <strong>de</strong> Édipo e o símbolo<br />

fálico" (Untergang <strong>de</strong>s Abendlan<strong>de</strong>s, I, 3, 2,<br />

§ 6). Essa caracterização, assim como a correspon<strong>de</strong>nte<br />

do faustismo (v.) é perfeitamente<br />

arbitrária e fantástica.<br />

APOLOGÉTICA (in. Apologetics; fr. Apologétique,<br />

ai. Apologetik, it. Apologeticd). Disciplina<br />

que tem por objeto a <strong>de</strong>fesa (apologia)<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sistema <strong>de</strong> crenças. Esse termo<br />

se refere, mais freqüentemente, à <strong>de</strong>fesa<br />

das crenças religiosas: p. ex., "A. cristã".<br />

APOLOGISTAS (in. Apologists; fr. Apologistes;<br />

ai. Apologeten, it. Apologisti). Assim se chamam<br />

os Padres da Igreja do séc. II, que escreveram<br />

em <strong>de</strong>fesa (apologia) do Cristianismo contra os<br />

ataques e as perseguições que lhe eram movidos.<br />

A primeira apologia <strong>de</strong> que se tem notícia<br />

(mas da qual resta apenas um fragmento) é a<br />

<strong>de</strong>fesa apresentada ao imperador Adriano, por<br />

volta <strong>de</strong> 124, por Quadrado, discípulo dos Apóstolos.<br />

O principal dos Padres A. é Justino. Outros<br />

autores <strong>de</strong> apologias são Taciano, Atenágoras,<br />

Teófilo, Hérmias. Com os Padres A.<br />

começa a ativida<strong>de</strong> filosófica cristã. A tese comum<br />

que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m é <strong>de</strong> que o Cristianismo é<br />

a única <strong>filosofia</strong> segura é útil e resultado último<br />

a que a razão <strong>de</strong>ve chegar. Os filósofos pagãos<br />

conheceram sementes <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> que não<br />

pu<strong>de</strong>ram enten<strong>de</strong>r plenamente: os Cristãos<br />

conhecem a verda<strong>de</strong> inteira porque Cristo é o<br />

logos, isto é, a razão mesma da qual participa<br />

todo o gênero humano. A apologética <strong>de</strong>sses<br />

Padres constitui, portanto, a primeira tentativa<br />

<strong>de</strong> inserir o Cristianismo na história da <strong>filosofia</strong><br />

clássica.<br />

APONIA (gr. à7tovíoc; in. Aponia-, fr. Aponie,<br />

ai. Aponie, it. Aponia). A ausência <strong>de</strong> dor como<br />

prazer estável e, portanto, eticamente aceitável,<br />

na ética <strong>de</strong> Epicuro (Fr. 2, Usener).<br />

APOREMA (gr. òtttópT)|j.a; in. Aporem; fr.<br />

Aporème, ai. Aporem; it. Aporema). Em Aristóteles<br />

(Top., VIII, 11, 162 a), é <strong>de</strong>finido como<br />

um raciocínio dialético que conclui com uma<br />

contradição e que não permite, portanto, estabelecer<br />

por qual dos dois ramos da própria<br />

contradição se <strong>de</strong>va optar.<br />

APORETICA (in. Aporetic; fr. Aporétique, ai.<br />

Aporetik, it. Aporetica). Assim Nicolau Hartmann<br />

chamou (<strong>de</strong> aporia = dúvida) o estágio da pesquisa<br />

filosófica que consiste em pôr em evidência<br />

os problemas, isto é, todos os aspectos<br />

dos fenômenos que não foram compreendidos<br />

e que, por isso, constituem aporias naturais<br />

(Systematische Philosophie, § 5).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!