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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SIGNIFICAÇÃO ou SIGNIFICADO 892 SIGNIFICAÇÃO ou SIGNIFICADO<br />

<strong>de</strong> terminológica — uniforme tradição, estão<br />

as tentativas <strong>de</strong> modificá-la, quer unificando<br />

as duas dimensões (A), quer acrescentando novas<br />

espécies <strong>de</strong> significados (13).<br />

Á) A tentativa <strong>de</strong> unificar as duas dimensões<br />

do significado foi feita em ambas as direções:<br />

reduzindo sentido a significado, ou significado<br />

a sentido. A primeira tentativa foi feita por<br />

Russell e por Wittgenstein. Toda a teoria exposta<br />

por Russell no artigo que escreveu em<br />

1905 ("On Denoting", atualmente in Logic and<br />

Knowledge, 1956, pp. 41 ss.), no primeiro capítulo<br />

<strong>de</strong> Principia mathematica, que escreveu<br />

com Whitehead (1910), e no seu outro<br />

livro, An Inquiry itito Meaning and Truth<br />

(1940), consiste, nas próprias palavras do autor,<br />

no fato cie que "não íiá significado, mas<br />

apenas, às vezes, uma <strong>de</strong>notaçào" (Logic and<br />

Knowledge, p. 46, nota). Na realida<strong>de</strong>, para<br />

Russell, o S. <strong>de</strong> um símbolo se reduz unicamente<br />

aos componentes do fato a que o símbolo<br />

se refere. "Os componentes do fato que<br />

tornam verda<strong>de</strong>ira ou falsa uma proposição,<br />

conforme o caso, são os S. dos símbolos que<br />

<strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r para enten<strong>de</strong>r a proposição"<br />

(Logic and Knowledge, p. 196). Desse ponto <strong>de</strong><br />

vista, a linguagem i<strong>de</strong>al é a que tem apenas sintaxe<br />

e nenhum vocabulário, pois nela o vocabulário<br />

é inutilizado pela correspondência <strong>de</strong><br />

cada termo com um objeto simples e <strong>de</strong> cada<br />

objeto simples com um termo (Lbid., p. 198; cf.<br />

LINGUAGEM). Essa doutrina foi expressa com rigor<br />

por Wittgenstein: "O nome significa o objeto.<br />

O objeto é seu S." ( Tractatus, 1922, 3- 203).<br />

"À configuração dos signos simples na proposição<br />

correspon<strong>de</strong> configuração dos objetos na<br />

situação" (lbid., 321). "O nome faz as vezes do<br />

objeto na proposição" (lbid. 3-22). Desse ponto<br />

<strong>de</strong> vista, mesmo as proposições aparentemente<br />

sem sentido são legítimas porque "se<br />

uma proposição não tem sentido, isso po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>vido apenas ao fato <strong>de</strong> não termos dado S. a<br />

uma <strong>de</strong> suas partes constitutivas" (lbid., 5.4733),<br />

ou seja, <strong>de</strong> não termos estabelecido a correspondência<br />

entre essa parte e um objeto. Essa<br />

conseqüência é importante porque constitui a<br />

redução ao absurdo do fato <strong>de</strong> se eliminar o<br />

sentido (Sinn) do S.: a referência ao objeto,<br />

não sendo guiada ou limitada pelo conceito, é<br />

sempre legítima, e só não aparece quando não<br />

é efetuada.<br />

A redução inversa, <strong>de</strong> S. a sentido, vale dizer,<br />

a tentativa <strong>de</strong> reduzir S., em seu conjunto,<br />

à conotação ou conceito, foi realizada por<br />

Hu.sserl. Este negou que o objeto constituísse o<br />

S. ou coincidisse com ele (Logische Untersuchungen,<br />

II, p. 46). Sua tese é que "o S. lógico<br />

é Uma expressão", no sentido <strong>de</strong> que ele eleva<br />

o sentido (Sinn) perceptivo da coisa "ao reino<br />

do logos, do conceituai, portanto do universal".<br />

Err\ outros termos, Husserl substitui a dicotomia<br />

objeto-conceito pela dicotomia sentido<br />

(ptírcebido)-conceito, na qual o conceito é a<br />

essência da coisa, a sua conceituaçâo ou expressão<br />

acabada (I<strong>de</strong>en, I, § 124). Tentativa <strong>de</strong><br />

redução análoga a esta foi feita por Royce, que,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer a distinção entre S. externo <strong>de</strong><br />

uma idéia, que é a correspondência da idéia<br />

com o objeto, e seu S. interno, que é "o objetivo<br />

consciente incorporado na idéia", reduz a<br />

este ú/tímo o próprio S. externo, com o fundamento<br />

<strong>de</strong> que é "a própria idéia que escolhe o<br />

objeto com o qual quer ser confrontada" (The<br />

World and the Individual, 1901, II, cap. I).<br />

13) As principais tentativas <strong>de</strong> apresentar novas<br />

espécies <strong>de</strong> S. em acréscimo ou em concorrência<br />

com as duas consagradas pela tradição<br />

sao as seguintes:<br />

I a Definição <strong>de</strong> S. como uso. Esta é a tese<br />

encontrada em Philosophical Investigations<br />

(1953), <strong>de</strong> Wittgenstein. "Para uma vasta classe<br />

<strong>de</strong> casos — embora não para todos —, nos<br />

quais empregamos a palavra 'S.', esta po<strong>de</strong> ser<br />

assim <strong>de</strong>finida: S. <strong>de</strong> uma palavra é seu uso na<br />

linguagem. O S. <strong>de</strong> um nome às vezes é explicado<br />

indicando-se seu portador" (Op. cit, § 43).<br />

Mas, embora apresentada pelo próprio Wittgenstein<br />

e por outros em concorrência com a<br />

<strong>de</strong>finição semântica <strong>de</strong> S., a noção <strong>de</strong> uso pertence<br />

a outra esfera <strong>de</strong> problemas e a outro nível<br />

<strong>de</strong> indagação. Com efeito, o problema a<br />

que diz respeito é o da formação dos significados;<br />

nas línguas naturais. O uso não éo S., mas<br />

<strong>de</strong>termina-o, no sentido <strong>de</strong> que a ele é <strong>de</strong>vida<br />

a conexão entre um objeto e uma palavra (ou<br />

em geral um veículo "sígnico"). Sem dúvida, as<br />

<strong>de</strong>finições <strong>de</strong> um dicionário são estabelecidas<br />

pelo uso. mas exprimem a conotação e a <strong>de</strong>notaçào<br />

dos termos. Portanto, a teoria do uso não<br />

é uma teoria do S., mas uma teoria sobre a origem<br />

e a formação das línguas naturais.<br />

2 a A proposta <strong>de</strong> um S. emotivo, paralelamente<br />

ao S. "simbólico" ou "<strong>de</strong>scritivo", foi feita<br />

por Og<strong>de</strong>n e Richards (Meaning of Meaning,<br />

1923, ed. 1952, p. 149 e passim) e expressa por<br />

E. L. Stevenson da seguinte maneira: "S. emotivo<br />

é um S. em que a resposta (do ponto <strong>de</strong> vista<br />

<strong>de</strong> quem ouve) e o estímulo (do ponto <strong>de</strong>

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