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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ASTROLOGIA 86 ATANATISMO<br />

que às vezes é também chamada lema (v.) (cf.<br />

HAMILTON, Lectures on Logic, I, p. 283).<br />

A A. não implica necessariamente a verda<strong>de</strong><br />

da premissa que se assume. Po<strong>de</strong>-se assumir<br />

uma proposição verda<strong>de</strong>ira ou uma hipótese<br />

ou ainda uma proposição falsa com o fim <strong>de</strong><br />

refutá-la. O termo é equivalente a. posição (v.).<br />

ASTROLOGIA (gr. àoTpoXoyía; lat. Astrologia;<br />

in. Astrology, fr. Astrologie, ai. Astrologie, it.<br />

Astrologia). Crença na influência dos movimentos<br />

dos astros sobre o <strong>de</strong>stino dos homens<br />

e ciência, ou pretensa ciência fundada nessa<br />

crença. A A. liga-se ao nascimento da astronomia<br />

no mundo oriental e acompanhou a astronomia<br />

na primeira parte da sua história. Segundo<br />

F. Cumont, foram os cal<strong>de</strong>us os primeiros a<br />

conceber a idéia <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> inflexível<br />

que regula o universo e a substituir por essa<br />

idéia a idéia do mundo dirigido por <strong>de</strong>uses, em<br />

conformida<strong>de</strong> com suas paixões. A idéia lhes<br />

foi sugerida pela regularida<strong>de</strong> dos movimentos<br />

dos corpos celestes (CUMONT, Oriental Religions<br />

in Roman Paganism, trad. in., p. 179). Essa<br />

crença levou a estabelecer uma correspondência<br />

entre o macrocosmo (mundo) e o microcosmo<br />

(homem): correspondência pela qual os<br />

eventos <strong>de</strong> um se refletiriam nos eventos do<br />

outro e seria possível, a partir do conhecimento<br />

dos primeiros, predizer <strong>de</strong> algum modo<br />

os segundos. A A. difundiu-se no Oci<strong>de</strong>nte no<br />

período greco-romano. Assim como os antigos<br />

cal<strong>de</strong>us, a <strong>filosofia</strong> árabe a justificou com base<br />

na necessida<strong>de</strong> universal que une todos os eventos<br />

do mundo e que, partindo <strong>de</strong> Deus, como<br />

Primeiro Motor, vai até aos eventos humanos.<br />

Essa ca<strong>de</strong>ia necessária passa pelos eventos celestes:<br />

os terrestres e os humanos não são <strong>de</strong>terminados<br />

diretamente por Deus, mas são<br />

<strong>de</strong>terminados por Ele através dos eventos celestes,<br />

isto é, os movimentos dos astros. De<br />

modo que tais movimentos são os que <strong>de</strong>terminam<br />

imediatamente os eventos do mundo<br />

sublunar e, portanto, do mundo humano; o seu<br />

conhecimento torna possível a previsão <strong>de</strong>stes<br />

últimos. As crenças astrológicas eram comuns<br />

na Ida<strong>de</strong> Média, apesar das con<strong>de</strong>nações eclesiásticas:<br />

o próprio Dante compartilhava <strong>de</strong>las<br />

(Conv., II, 14; Purg., XXX, 109 ss.). No Renascimento,<br />

foram <strong>de</strong>fendidas e justificadas por<br />

homens como Paracelso, Bruno, Campanella.<br />

Este último <strong>de</strong>dicou uma obra à A., Astrologicorum<br />

Libri VII, 1629, e <strong>de</strong>la se valeu para<br />

confirmar seu vaticínio do iminente retorno do<br />

mundo à unida<strong>de</strong> religiosa e política (Atheismus<br />

triumphatus, 1627). Outros filósofos foram hostis<br />

à astrologia, embora admitindo a valida<strong>de</strong><br />

da magia. Assim, p. ex., Pico <strong>de</strong>lia Mirandola,<br />

que escreveu as Disputationes adversus astrologos,<br />

em que acusa a A. <strong>de</strong> tornar os homens<br />

escravos e miseráveis; o mesmo fez Jean Baptíste<br />

van Helmont, que negou a influência dos astros<br />

nos acontecimentos humanos (De vita longa,<br />

15, 12).<br />

A A. per<strong>de</strong>u fundamento científico com a<br />

ciência mo<strong>de</strong>rna, que, para afirmar qualquer<br />

relação causai, exige que tal relação se verifique<br />

<strong>de</strong> modo uniforme em um número <strong>de</strong> casos<br />

suficientemente gran<strong>de</strong>. A relação causai<br />

entre os movimentos dos astros e os eventos<br />

humanos po<strong>de</strong>ria, portanto, ser reconhecida<br />

como tal só com base em observações repetidas<br />

e repetíveis que evi<strong>de</strong>nciassem todos os<br />

seus elos intermediários, <strong>de</strong> tal modo que o seu<br />

funcionamento fosse entendido. Nada <strong>de</strong> semelhante<br />

se verificou na A., que ainda se baseia<br />

em antigos textos e tradições, em simbolismos<br />

não passíveis <strong>de</strong> verificação e em crenças<br />

mágicas ou teosóficas. Por outro lado, as crenças<br />

astrológicas estão entre as mais difundidas<br />

até mesmo no mundo contemporâneo, tão<br />

permeado <strong>de</strong> espírito científico: talvez o espírito<br />

contemporâneo encontre nelas uma compensação<br />

para a falta <strong>de</strong> segurança característica<br />

da sua situação e, nas predições astrológicas,<br />

um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar, embora <strong>de</strong> modo arbitrário<br />

e fantástico, as previsões em torno <strong>de</strong> seu<br />

<strong>de</strong>stino próximo ou remoto.<br />

ASTÚCIA DA RAZÃO (in. Astuteness ofthe<br />

rason; fr. Astuce <strong>de</strong> Ia raison; ai. List <strong>de</strong>r Vernunft;<br />

it. Astuzia <strong>de</strong>lia ragione). Esse foi o nome<br />

que Hegel <strong>de</strong>u ao fato <strong>de</strong> a Idéia Universal<br />

fazer que, na história, as paixões dos homens<br />

atuem como instrumentos seus, gastando-as e<br />

consumindo-as para os próprios fins. "A Idéia<br />

paga o tributo da existência e da caducida<strong>de</strong><br />

não <strong>de</strong> seu bolso, mas com as paixões dos indivíduos.<br />

César <strong>de</strong>via cumprir o que era necessário<br />

para <strong>de</strong>rrubar a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>crépita; a sua<br />

pessoa pereceu na luta, mas o que era necessário<br />

ficou: a liberda<strong>de</strong> segundo a idéia jazia mais<br />

profunda do que o acontecer externo" (Phil.<br />

<strong>de</strong>r Geschicbte, ed. Lasson, pp. 83-84; trad. it.,<br />

p. 98).<br />

ATANATISMO (in. Athanatism; fr. Athanatisme,<br />

ai. Athanatismus; it. Atanatismo). Assim<br />

foi chamada por alguns autores do séc. XIX a<br />

doutrina da imortalida<strong>de</strong> da alma.

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