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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ECONOMIA POLÍTICA 304 ECONOMIA POLÍTICA<br />

cado a marcha dos fenômenos empíricos. Sob<br />

esse ponto <strong>de</strong> vista, Menger expressara com<br />

toda a clareza o pressuposto fundamental da<br />

teoria do equilíbrio ao observar que "premissa<br />

da regularida<strong>de</strong> dos fenômenos econômicos e,<br />

portanto, <strong>de</strong> uma E. teórica não é só o dogma<br />

do interesse individual sempre idêntico, mas<br />

também o da infalibilida<strong>de</strong> e da onisciência do<br />

homem nas a coisas econômicas" (Metho<strong>de</strong>, 1,<br />

cap. 7). Como teoria do equilíbrio, ou seja, como<br />

<strong>de</strong>terminação do optimum econômico mediante<br />

leis necessárias, a E. política <strong>de</strong>ve, portanto,<br />

pressupor a infalibilida<strong>de</strong> e a onisciência do<br />

sujeito econômico.<br />

Nesse ponto, mostra-se clara a analogia entre<br />

esta fase da ciência econômica e a mecânica<br />

clássica (anterior à revolução provocada por<br />

Einstein). Esta pressupunha a existência <strong>de</strong><br />

uma or<strong>de</strong>m necessária da natureza, <strong>de</strong>terminada<br />

por leis imutáveis, e com ela a existência<br />

<strong>de</strong> um sujeito físico, infalível e onisciente,<br />

que pu<strong>de</strong>sse obter todas as informações possíveis<br />

sobre essa or<strong>de</strong>m sem nela interferir<br />

minimamente. A E. do equilíbrio pressupõe,<br />

analogamente, a existência <strong>de</strong> um equilíbrio<br />

econômico <strong>de</strong>terminado por leis necessárias,<br />

e com ele a existência <strong>de</strong> um sujeito econômico,<br />

infalível e onisciente, capaz <strong>de</strong> obter todas<br />

as informações possíveis sobre esse equilíbrio<br />

sem interferir nele. Mas, exatamente como<br />

ocorreu com a física, esses pressupostos chocaram-se<br />

com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m empírica.<br />

Os resultados obtidos pela teoria do equilíbrio<br />

muitas vezes se mostraram em conflito com a<br />

realida<strong>de</strong> econômica ou, na melhor das hipóteses,<br />

aplicáveis só a casos-limite muito circunscritos.<br />

A teoria do equilíbrio vangloriou-se da<br />

"pureza" ou "exatidão", do "rigor" e da "necessida<strong>de</strong>"<br />

<strong>de</strong> suas conclusões, mas, ao mesmo<br />

tempo, mostrou-se incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver os<br />

fenômenos econômicos mais complicados e<br />

<strong>de</strong> prevê-los com aproximação suficiente.<br />

Essa é uma situação paradoxal numa época<br />

como a nossa em que se me<strong>de</strong> a valida<strong>de</strong> da<br />

ciência por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> previsão, que,<br />

<strong>de</strong> resto, é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir no respectivo<br />

campo <strong>de</strong> fenômenos.<br />

3 a Teoria dos jogos— A primeira investida<br />

contra a teoria clássica do equilíbrio foi <strong>de</strong><br />

autoria <strong>de</strong> Keynes. Em 1936 ele escrevia: "Embora<br />

a doutrina clássica em si mesma nunca<br />

tenha sido posta em dúvida por economistas<br />

ortodoxos até tempos recentes, a sua patente<br />

incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> previsão científica com o pas-<br />

sar do tempo reduziu consi<strong>de</strong>ravelmente o<br />

prestígio <strong>de</strong> seus seguidores. Pois os economistas<br />

<strong>de</strong> profissão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Malthus, ficaram impassíveis<br />

diante da falta <strong>de</strong> correspondência<br />

entre os resultados <strong>de</strong> sua teoria e os fatos da<br />

observação; discordância essa que o homem<br />

comum não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> observar e que provocou<br />

nele uma relutância crescente em dispensar<br />

aos economistas o mesmo respeito que se<br />

manifesta em relação a outras categorias <strong>de</strong><br />

cientistas, cujos resultados teóricos são confirmados<br />

pela observação, quando aplicados aos<br />

fatos". Em particular, quanto ao problema do<br />

emprego, Keynes observava que "a teoria clássica<br />

representa o modo como gostaríamos<br />

que a nossa E. se comportasse, mas na realida<strong>de</strong><br />

ignora as verda<strong>de</strong>iras dificulda<strong>de</strong>s e é incapaz<br />

<strong>de</strong> enfrentá-las" {The General Theory of<br />

Employment, Interest and Money, 1936, cap. 3,<br />

§ 3). O próprio Keynes, porém, utilizava amplamente<br />

os procedimentos da teoria clássica, que<br />

ele julgava verificáveis em <strong>de</strong>terminadas condições<br />

(Ibid., cap. 24, § 3). Na realida<strong>de</strong>, só nos<br />

últimos anos começou a <strong>de</strong>linear-se no campo<br />

da E. uma nova tendência que põe <strong>de</strong> lado <strong>de</strong>finitivamente<br />

o pressuposto da teoria do equilíbrio:<br />

a infalibilida<strong>de</strong> e onisciência do sujeito<br />

econômico. A chamada "teoria dos jogos" parte<br />

do pressuposto <strong>de</strong> que o indivíduo não controla<br />

todas as variáveis <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o resultado<br />

<strong>de</strong> seu comportamento. Ele nunca está<br />

na situação <strong>de</strong> Robinson Crusoé, que conhece<br />

perfeitamente suas necessida<strong>de</strong>s e os elementos<br />

que <strong>de</strong>vem servir para satisfazê-las, controlando,<br />

portanto, tudo aquilo <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a<br />

sua utilida<strong>de</strong> total. Na realida<strong>de</strong> econômica a<br />

situação é completamente diferente, porque nela<br />

vários indivíduos estão em relação uns com os<br />

outros e o resultado do comportamento <strong>de</strong><br />

cada um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> variáveis diversas,<br />

das quais ele controla só uma parte, enquanto<br />

as outras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outros indivíduos. O<br />

resultado geral, porém, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> simultaneamente<br />

<strong>de</strong> todas as variáveis. Ora, "essa situação",<br />

nota Morgenstern, "não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> nenhum<br />

modo <strong>de</strong>finida como um problema <strong>de</strong><br />

princípio, quaisquer que sejam as limitações e<br />

as condições acessórias em que se possa pensar.<br />

Encontramo-nos diante <strong>de</strong> uma situação<br />

lógico-matemática, que a matemática não soube<br />

representar <strong>de</strong> algum modo até agora, para não<br />

falar da E. teórica. Ela nada tem em comum<br />

com o cálculo das variações, com a teoria das<br />

funções, etc, mas constitui uma novida<strong>de</strong> <strong>de</strong>

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