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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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TIRANIA 960 TODO 1<br />

a lei em suas mãos" (SuppL, II, 429-32). Segundo<br />

Platão, a T. é conseqüência da excessiva liberda<strong>de</strong><br />

em que às vezes inci<strong>de</strong>m as <strong>de</strong>mocracias.<br />

"Ao fugir da fumaça — como se diz — da<br />

servidão sob um governo <strong>de</strong> homens livres, o<br />

povo acaba caindo, com a T., no fogo da servidão<br />

sob o <strong>de</strong>spotismo <strong>de</strong> servos e, em troca daquela<br />

liberda<strong>de</strong> excessiva e inoportuna, é obrigado<br />

a vestir a túnica do escravo e a sujeitar-se<br />

à mais triste e amarga das servidões, a <strong>de</strong> ser<br />

servo dos servos" (Rep., VIII, 569 b-c). Aristóteles<br />

diz que a T. acumula os males da <strong>de</strong>mocracia<br />

e os da oligarquia. Da oligarquia extrai a finalida<strong>de</strong>,<br />

que é a riqueza (única condição para<br />

se manter o po<strong>de</strong>r e o luxo), bem como a falta<br />

cie confiança no povo. que é privado <strong>de</strong> armas,<br />

e a agressão à população, que é afastada das<br />

cida<strong>de</strong>s e espalhada pelo campo. Da <strong>de</strong>mocracia<br />

toma a luta contra os notáveis, sua <strong>de</strong>struição<br />

pública ou oculta, o seu exílio (Poi, V 1,<br />

1311 a 8 ss.). Na Ida<strong>de</strong> Média, ao mesmo tempo<br />

em que S. Tomás acha que "quando a monarquia<br />

se transforma em T. o mal é menor do que<br />

quando um governo <strong>de</strong> maioria se corrompe"<br />

(De regimine príncípum, I. 5) e con<strong>de</strong>na o<br />

tiranicídio, recomendando paciência aos súditos<br />

para suportar a T. ou confiando num po<strong>de</strong>r<br />

superior para eliminá-la (Ibid., I. 6), João <strong>de</strong><br />

Salisbury <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> explicitamente o tiranicídio<br />

por consi<strong>de</strong>rar que o tirano é um rebel<strong>de</strong> contra<br />

a lei à qual os reis, tanto quanto todos os cidadãos,<br />

estão vinculados (Policraticiis, IV, 7 ).<br />

Hssas idéias <strong>de</strong>pois foram freqüentemente repetidas<br />

pelos adversários irredutíveis da monarquia<br />

e pelos jusnaturalistas do séc. XVI e<br />

XVII. Bodin dizia: "A maior diferença entre o<br />

rei e o tirano é que o rei se conforma às leis da<br />

natureza e o tirano as esmaga; um cultiva a pieda<strong>de</strong>,<br />

a justiça e a fé; o outro não tem Deus, fé<br />

ou lei'" (De Ia republique, 1576, II, 4, 246).<br />

Locke afirmava: "On<strong>de</strong> acaba a lei começa a T.,<br />

quando a lei é transgredida em prejuízo <strong>de</strong> outros:<br />

e todo aquele que, no exercício da autorida<strong>de</strong>,<br />

exce<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r que lhe foi conferido<br />

pela lei e usar a força para realizar em relação<br />

aos súditos o que a lei não lhe permite, está<br />

<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser magistrado e, por estar <strong>de</strong>liberando<br />

sem autorida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> sofrer oposição<br />

tanto quanto sofre oposição qualquer outro<br />

que viole pela força os direitos alheios" ( Tiro<br />

Treatises of Governement. II, § 202). Hobbes.<br />

ao contrário, afirmara que "quem se opõe a<br />

uma monarquia dá-lhe o nome <strong>de</strong> tirania" (I,eriatb.,<br />

II, 19, 2).<br />

O conceito <strong>de</strong> T. acompanhou a formação<br />

do liberalismo político porque serviu <strong>de</strong> pedra<br />

<strong>de</strong> toque ou <strong>de</strong> símbolo para tudo o que o liberalismo<br />

con<strong>de</strong>nava. Como tal, também constitui<br />

um dos temas da retórica revolucionária e liberal<br />

a partir do séc. XVI. Hoje esse termo é bem<br />

menos usado, não porque os regimes tirânicos<br />

tenham <strong>de</strong>saparecido ou porque não haja mais<br />

o perigo <strong>de</strong> que estes se instaurem mesmo<br />

on<strong>de</strong> vigore certo grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, mas apenas<br />

porque ele parece pertencer a uma espécie<br />

<strong>de</strong> retórica fora <strong>de</strong> moda. Absolutismoou totalitarismo<br />

são os termos que substituíram tirania,<br />

mas o conceito não mudou, e estas mesmas palavras<br />

significam ainda: regime no qual o arbítrio<br />

individual ocupa o lugar da lei; escravidão<br />

imposta por escravos; governo que não po<strong>de</strong><br />

ser mudado nem corrigir a não ser pela violência.<br />

TITANISMO. V. ROMANTISMO.<br />

TODO 1 (gr. TÒTTÕV; lat. Totmm in. Wbole, fr.<br />

Tout; ai. Ali; it. Tutto). Um conjunto qualquer<br />

<strong>de</strong> partes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da or<strong>de</strong>m ou da<br />

disposição das partes. Nisso o T. po<strong>de</strong> ser<br />

distinguido da totalida<strong>de</strong>, em que a or<strong>de</strong>m das<br />

partes não po<strong>de</strong> ser modificada sem modificar<br />

a própria totalida<strong>de</strong> (v. MDNDO; TOTALIDADE;<br />

UNIVERSO).<br />

Com base nas <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> Aristóteles<br />

(Met, V, 26, 1023 b 25), a lógica medieval distinguia:<br />

l" o T. universal ou essencial, cujas<br />

partes constituem sua substância-, p. ex., "corpo<br />

vivo"; 2- o T. integral, cujas partes são quantida<strong>de</strong>s:<br />

quantida<strong>de</strong>s semelhantes como em<br />

"água", ou quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssemelhantes como<br />

em "árvore"; 3" o T. na quantida<strong>de</strong>, que é o<br />

universal tomado universalmente como "todo<br />

homem" ou "nenhum homem"; A- o T. no<br />

modo, que é o universal tomado sem <strong>de</strong>terminação,<br />

como "o homem"; 5 o o T. no lugar, que<br />

é uma <strong>de</strong>terminação que compreen<strong>de</strong> adverbialmente<br />

o lugar, como "em todos os lugares"<br />

ou "em nenhum lugar"; 6" o T. no tempo, que<br />

é uma expressão que compreen<strong>de</strong> adverbialmente<br />

a totalida<strong>de</strong> do tempo, como "sempre" e<br />

"nunca" (PF.DRO HISPANO, Summ. log.. 5, 14-<br />

23). Nizolio reduzia a duas estas espécies, argumentando<br />

que só duas se encontram na natureza,<br />

o T. continuo (que é uma coisa só) e o<br />

T. <strong>de</strong>scontínuo, que é um conjunto <strong>de</strong> coisas<br />

singulares (De rerís príncipiis, 1, 10). A isso<br />

Leibniz acrescentava o T. dis/untiro, como p.<br />

ex. "o animal é homem ou bruto" (nota ao trecho<br />

citado <strong>de</strong> Nizolio). Outras distinções estão

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