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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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LIBERTARISMO 613 LIBERTISMO<br />

mitir que os cidadãos exerçam contínua possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escolha, no sentido da possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mantê-lo, modificá-lo ou eliminá-lo. As<br />

chamadas "instituições estratégicas da L". como<br />

a L. <strong>de</strong> pensamento, <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong> imprensa,<br />

<strong>de</strong> reunião, etc, têm o objetivo <strong>de</strong> garantir<br />

aos cidadãos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha<br />

no domínio científico, religioso, político, social,<br />

etc. Portanto, os problemas da L. no mundo<br />

mo<strong>de</strong>rno não po<strong>de</strong>m ser resolvidos por fórmulas<br />

simples e totalitárias (como seriam as .sugeridas<br />

pelos conceitos anárquicos ou necessaristas),<br />

mas pelo estudo dos limites e das condições<br />

que, num campo e numa situação <strong>de</strong>terminada,<br />

po<strong>de</strong>m tornar efetiva e eficaz a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escolha do homem.<br />

LIBERTARISMO (in. Libertarianism). O mesmo<br />

que anarquismo. Libertário (in. Libertaríaii;<br />

fr. Libertaire): o mesmo que anárquico (v. ANAK-<br />

QULSMO).<br />

LIBERTINISMO (fr. Libertinisme). Corrente<br />

anti-religiosa que se difundiu sobretudo em<br />

ambientes eruditos da França e da Itália na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do séc. XVII; constitui a reação<br />

— em gran<strong>de</strong> parte subterrânea — ao predomínio<br />

político do catolicismo naquele período.<br />

Não tem idéias filosóficas bem <strong>de</strong>terminadas, e<br />

a ela pertenceram: católicos sinceramente ligados<br />

à Igreja, mas que achavam impossível aceitar<br />

integralmente sua estrutura doutrinária, como<br />

Gassendi, Gaffarel, Boulliau, Launoy, Marolles,<br />

Monconys; protestantes emancipados <strong>de</strong><br />

qualquer preocupação religiosa, como Diodati,<br />

Prioleau, Sorbière e Lapeyrère; e céticos <strong>de</strong>clarados<br />

que se remetem a doutrinas do paganismo<br />

clássico ou pelo menos à forma por<br />

elas assumida no humanismo renascentista, como<br />

Guyet, Luillier, Bouchard, Naudé. Quillet,<br />

Trouiller, Bour<strong>de</strong>lot, Le Vayer. Portanto, a propósito<br />

do L, não é possível falar em corpo<br />

doutrinai coerente, mas sim <strong>de</strong> certo número<br />

<strong>de</strong> temas comuns, que po<strong>de</strong>m ser resumidos<br />

da seguinte forma:<br />

1 Q Negação da valida<strong>de</strong> das provas da existência<br />

<strong>de</strong> Deus e da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os dogmas fundamentais do cristianismo.<br />

2° Negação da moral eclesiástica e, em geral,<br />

da moral tradicional, e aceitação do prazer<br />

como guia ou i<strong>de</strong>al para a conduta da vida. O<br />

significado da palavra libertino no uso corrente<br />

<strong>de</strong>riva exatamente <strong>de</strong>sse aspecto.<br />

3" Aceitação da doutrina da or<strong>de</strong>m necessária<br />

do mundo, na forma como havia sido elabo-<br />

rada e <strong>de</strong>fendida pelos aristotélicos do Renascimento:<br />

por conseguinte: a) negação da liberda<strong>de</strong><br />

humana; b) negação da imortalida<strong>de</strong> da<br />

alma; c) negação da possibilida<strong>de</strong> do milagre,<br />

interpretado como fruto da imaginação ou como<br />

fato natural fora do comum. Estes aspectos<br />

doutrinais ligam o L. ao aristotelismo do Renascimento.<br />

4 a Tese <strong>de</strong> que a religião é, em geral, um<br />

produto do embuste das classes sacerdotais.<br />

5 Q Aceitação do princípio da ''razão <strong>de</strong> Estado",<br />

isto é. do maquiavelismo político.<br />

6 Q Destruição <strong>de</strong> crenças e práticas religiosas,<br />

sua ridicularização e, por vezes, sua tradução<br />

em imagens obscenas.<br />

7 o Fi<strong>de</strong>ísmo, que é a aceitação <strong>de</strong>clarada,<br />

sincera ou não, das crenças tradicionais, em<br />

oposição às conclusões da razão, segundo o<br />

princípio da "dupla verda<strong>de</strong>" do aristotelismo<br />

renascentista (e do averroísmo medieval).<br />

8 e Caráter aristocrático atribuído ao saber,<br />

em particular à reflexão filosófica, e limites impostos<br />

à sua difusão e ao seu uso, para evitar o<br />

choque com os interesses do Estado e das instituições<br />

a ele ligadas.<br />

Este último aspecto, mais que qualquer<br />

outro, marca a diferença radical entre L. e lluminismoiv.),<br />

que consiste em romper os freios<br />

da crítica racional, em praticá-la em todos os<br />

campos (portanto também no campo político,<br />

além do religioso), na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar os<br />

resultados <strong>de</strong>la a todos os homens e <strong>de</strong> utilizálos<br />

para a melhoria cia vida humana. Contudo<br />

não há dúvida <strong>de</strong> que o L. é um elo importante<br />

entre o espírito do Humanismo e o espírito do<br />

Iluminismo, Seu melhor historiador, R. Pintarei,<br />

assim resume seu pensamento sobre ele: "A se<br />

acreditar — como tudo leva a crer — que o<br />

surto do espírito filosófico do fim do séc. XVII<br />

é em gran<strong>de</strong> parte continuação do Renascimento<br />

do séc. XVI, também será preciso concluir<br />

que o L. tríunfatite dos Fontenelle e dos<br />

Bayle não teria existido sem o L. militante dos<br />

Le Vayer, Gassendi e Naudé, que também foi o<br />

L. sofredor, combatido, embaraçado por escrúpulos<br />

e temores, que só chegou a expressar-se<br />

renegando-se" (Le libertinage érudit<br />

dans lapremière moitié clu XVII'' siècle, 1943, I,<br />

p. 576).<br />

LIBERTISMO (fr. Libertisme). Este termo<br />

foi empregado por Bergson (em Revue <strong>de</strong><br />

Métaph. et <strong>de</strong> Morale, 1900, p. 661) em lugar da<br />

expressão mais comum "Filosofia da liberda<strong>de</strong>"<br />

para indicar o espiritualismo francês do séc.

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