22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CONDICIONADO 172 CONDICIONAL<br />

mos <strong>de</strong> condicionalida<strong>de</strong>, isto é, <strong>de</strong> previsão<br />

provável (v. AÇÃO REFLEXA). Além disso, o conceito<br />

<strong>de</strong> C. é muito usado em sociologia, em<br />

teoria da informação, em cibernética e, em geral,<br />

na teoria da organização dos sistemas, pois<br />

permite conciliar a noção <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m com certo<br />

grau <strong>de</strong> contingência ou <strong>de</strong> casualida<strong>de</strong> nas<br />

relações entre os elementos que o compõem.<br />

Assim, Wiener escreveu: "Não é possível obter<br />

uma idéia significante <strong>de</strong> organização num<br />

mundo em que tudo é necessário e nada é contingente"<br />

(/ am a Mathematician, Nova York,<br />

1956, p. 322). Nesse aspecto, W. Ross Ashby<br />

consi<strong>de</strong>rou essencial a idéia <strong>de</strong> condicionalida<strong>de</strong>,<br />

segundo a qual no espaço <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> interação, dado por um conjunto <strong>de</strong> elementos,<br />

cada organização real dos elementos é<br />

forçada a algum subconjunto <strong>de</strong> interações. O<br />

inverso da organização é a in<strong>de</strong>pendência dos<br />

elementos (em Principies of Self-Organization,<br />

org. H. von Foerster e G. W. Zopf, Nova York,<br />

1962, p. 217). É essencial certo grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

na relação recíproca das partes para qualquer<br />

organização ou sistema; e on<strong>de</strong> não houvesse<br />

escolha entre um conjunto <strong>de</strong> alternativas<br />

tampouco haveria uma organização qualquer (J.<br />

ROTHSTEIN, Communication, Organization and<br />

Science, 1958, p. 35). Assim, nas disciplinas<br />

mais díspares, o conceito <strong>de</strong> C. está tomando o<br />

lugar do conceito <strong>de</strong> causa.<br />

CONDICIONADO (in. Conditioned; fr.<br />

Conditionné, ai. Bedingt; it. Condizionatò).<br />

Aquilo cuja possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> outra<br />

coisa. Pavlov <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> reflexo C. ao<br />

reflexo produzido por um estímulo artificial (v.<br />

AÇÃO REFLEXA).<br />

Na discussão das antinomias da razão pura,<br />

Kant (Crít. R. Pura, Dialética transcen<strong>de</strong>ntal,<br />

cap. II) usou essa palavra como sinônimo <strong>de</strong><br />

causado. Hamilton (Lectures on Metaphysics,<br />

1859-1860) enten<strong>de</strong>u por C. o relativo; nesse<br />

sentido, disse que "pensar é condicionar" porque<br />

o que se pensa ou se conhece é aquilo que<br />

existe em relação às faculda<strong>de</strong>s humanas, não<br />

absolutamente. Mansel atribui o mesmo significado<br />

a essa palavra (Phil. ofthe Conditioned,<br />

1866).<br />

CONDICIONAL (in. Conditional; fr. Conditionnel;<br />

ai. Bedingt; it. Condizionalé). Uma relação<br />

entre dois estados <strong>de</strong> coisas ou duas proposições,<br />

indicadas pelos conectivos Se... então.<br />

Essa relação foi estudada pela primeira vez na<br />

escola <strong>de</strong> Mégara e interpretada <strong>de</strong> dois modos<br />

diferentes por Fílon e Diodoro Cronos. Fílon<br />

afirmava que a relação é verda<strong>de</strong>ira quando<br />

não começa com o verda<strong>de</strong>iro e termina com<br />

o falso. A condição apresentada por Diodoro<br />

para a valida<strong>de</strong> do C. era, assim, bem mais<br />

restrita do que a imposta por Fílon, já que,<br />

para este, uma proposição verda<strong>de</strong>ira provém<br />

<strong>de</strong> qualquer coisa (inclusive do falso). Por exemplo,<br />

a relação, "Se é noite, é dia", visto ser dia,<br />

segundo Fílon é verda<strong>de</strong>ira porque começa pelo<br />

falso (ou seja, tem antece<strong>de</strong>nte falso) "é<br />

noite", mas acaba com o verda<strong>de</strong>iro (ou seja,<br />

tem o conseqüente verda<strong>de</strong>iro) "é dia". Segundo<br />

Diodoro, porém, é falsa porque admite começar<br />

pelo verda<strong>de</strong>iro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sobrevenha<br />

a noite, e terminar pelo falso "é dia" (SEXTO<br />

EMPÍRICO, Adv. math., VIII, 113, 117; CÍCERO,<br />

Acad., IV, 143). Por isso, as interpretações <strong>de</strong><br />

Fílon e <strong>de</strong> Diodoro correspon<strong>de</strong>m, respectivamente,<br />

ao que hoje se chama <strong>de</strong> implicação<br />

material e implicação formal (v. IMPLICAÇÃO),<br />

já que Fílon interpretava o C. "se é dia, há luz"<br />

como se dissesse "ou não é dia ou há luz" enquanto<br />

Diodoro interpretava como se dissesse<br />

"agora é dia, portanto <strong>de</strong>ve haver luz", admitindo<br />

uma conexão causai entre o antece<strong>de</strong>nte e<br />

o conseqüente. Na realida<strong>de</strong>, Fílon admitia<br />

uma tábua <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s idênticas à da implicação<br />

material. O C. é verda<strong>de</strong>iro em três casos e<br />

falso em um. É verda<strong>de</strong>iro se começa com o<br />

verda<strong>de</strong>iro e termina com o verda<strong>de</strong>iro: "Se é<br />

dia, há luz"; é verda<strong>de</strong>iro se começa com o<br />

falso e termina com o falso: "Se a terra voa, a<br />

terra tem asas"; é ver<strong>de</strong>iro se começa com o<br />

falso e termina com o verda<strong>de</strong>iro: "Se a terra<br />

voa, a terra existe". Só é falso quando começa<br />

com o verda<strong>de</strong>iro e termina com o falso: "Se é<br />

dia, é noite", <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja dia. E assim a relação<br />

"Se é dia discorro" é verda<strong>de</strong>ira segundo<br />

Fílon, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eu discorra, mas falsa segundo<br />

Diodoro. A doutrina <strong>de</strong> Fílon foi substancialmente<br />

aceita pelos estóicos (DIOG. L, VII, 73)<br />

e discutida pela lógica medieval (que utilizou a<br />

transcrição feita por Boécio) como doutrina da<br />

conseqüência (v.).<br />

Na lógica mo<strong>de</strong>rna, essa doutrina foi retomada<br />

por Frege (a partir <strong>de</strong> Begriffsschrift,<br />

1879) e por Peirce a partir <strong>de</strong> 1885; segundo<br />

este, a principal vantagem da interpretação <strong>de</strong><br />

Fílon é permitir expressar da mesma forma as<br />

proposições categóricas e as condicionais.<br />

Assim, por exemplo, a proposição "Todo homem<br />

é racional" po<strong>de</strong> ser expressa do seguinte<br />

modo: "Para cada objeto x qualquer, é verda<strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!