22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SOCIOLOGIA 915 SOCIOLOGIA<br />

oci<strong>de</strong>ntal sempre foram feitas observações<br />

úteis e <strong>de</strong>cisivas no campo social, que encontraram<br />

lugar especialmente na ética e na política.<br />

Contudo, tais observações não constituíam<br />

uma disciplina autônoma, dotada <strong>de</strong> metodologia<br />

própria: isso só começou com Comte. E<br />

possível distinguir dois conceitos fundamentais<br />

<strong>de</strong> S., sucessivos no tempo: l u S. sintética<br />

(ou sistemática), cujo objeto é a totalida<strong>de</strong> dos<br />

fenômenos sociais a serem estudados em seu<br />

conjunto, em suas leis; 2 y S. analítica, cujo<br />

objeto são grupos ou aspectos particulares dos<br />

fenômenos sociais, a partir dos quais são feitas<br />

generalizações oportunas. Nesta segunda fase.<br />

a S. fragmenta-se numa multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correntes<br />

<strong>de</strong> investigação e tem certa dificulda<strong>de</strong><br />

para reencontrar sua unida<strong>de</strong> conceituai.<br />

í- Foi com Comte que nasceu a S. como<br />

sistema, como <strong>de</strong>terminação da natureza da<br />

socieda<strong>de</strong> em seu conjunto, através da <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>de</strong> suas leis. Nessa fase, tenta organizar-se<br />

à semelhança da física newtoniana:<br />

como ciência que. através <strong>de</strong> leis rigorosas, <strong>de</strong>lineia<br />

uma or<strong>de</strong>m necessária e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m, não menos necessário.<br />

Portanto, Comte chamava a S. <strong>de</strong> física social.<br />

cuja primeira parte seria o estudo da or<strong>de</strong>m<br />

social (estática) e a segunda, o estudo do progresso<br />

social (dinâmica) (Cours <strong>de</strong> phil. positive,<br />

IV, p. 292). Além disso, Comte atribuía ã<br />

S. a mesma função atribuída às outras ciências<br />

a partir <strong>de</strong> Bacon: dominar os fenômenos <strong>de</strong><br />

que tratam em proveito do homem. Consequentemente,<br />

a S. teria J função <strong>de</strong> "perceber<br />

nitidamente o sistema geral das operações sucessivas<br />

— filosóficas e políticas — que <strong>de</strong>vem<br />

libertar a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua fatal tendência à<br />

dissolução iminente e conduzi-la diretamente<br />

a uma nova organização, mais progressista e<br />

sólida que a fundada na <strong>filosofia</strong> teológica"<br />

(Ibid., IV. p. 7). A sociocracia (v.) seria assim o<br />

efeito inevitável da fundação da S. como ciência.<br />

Mesmo isentando a S. da tarefa <strong>de</strong> fundar<br />

uma nova humanida<strong>de</strong>, Spencer conservou seu<br />

caráter sistemático. Segundo ele, trata-se <strong>de</strong> uma<br />

ciência <strong>de</strong>scritiva que visa a <strong>de</strong>terminar as leis<br />

da evolução superorgânica, que regem o progresso<br />

do organismo social. Neste sentido, a S.<br />

é o estudo da or<strong>de</strong>m progressiva da socieda<strong>de</strong><br />

como um todo (Principies of Sociology, 1876,<br />

1). Este conceito inspirou a primeira organização<br />

da S. em todos os países do mundo. Aceito<br />

por W. G. Summer (Folkways. 1906) nos Estados<br />

Unidos, e por Wundt ( Volkerpsychologie,<br />

1900), com o nome <strong>de</strong> psicologia dos povos, na<br />

Alemanha, foi um conceito constantemente dominado<br />

pelo princípio <strong>de</strong> evolução, tomado<br />

em seu sentido otimista <strong>de</strong> progresso necessário:<br />

princípio q\ie inspirou também alguns estudos<br />

sociológicos que se tornaram clássicos<br />

(como, p. ex.. os <strong>de</strong> E. WESTER.MARK sobre a<br />

Origem e <strong>de</strong>senvonvimeiito das idéias morais,<br />

1906-1908). Mas a maior realização da S. sistemática<br />

talvez seja o Tratado <strong>de</strong> s. geral (1916-<br />

23) <strong>de</strong> Vilfredo Pareto. que, sob outro aspecto,<br />

é também o início da crise <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> S.<br />

Com efeito, Pareto. ao mesmo tempo em que<br />

quer realizar a S. como uma ciência positiva<br />

que estuda "a realida<strong>de</strong> experimental pela aplicação<br />

dos métodos já comprovados em física,<br />

química, astronomia, biologia e nas <strong>de</strong>mais<br />

ciências", por outro lado repudia qualquer<br />

construção sistemática <strong>de</strong>masiado complexa e<br />

não hesita em qualificar <strong>de</strong> metafísicas e dogmáticas<br />

as doutrinas sociológicas <strong>de</strong> Comte e<br />

Spencer (Tratado. § 5, 112). Segundo Pareto, o<br />

caráter essencial da ciência é iógico-experimental"<br />

e implica dois elementos: o raciocínio<br />

lógico e a observação do fato. Contudo, o objetivo<br />

da ciência continua sendo o <strong>de</strong> tormular<br />

leis necessárias que <strong>de</strong>screvam em seu conjunto<br />

aquilo que Pareto chama <strong>de</strong> equilíbrio social,<br />

por ele comparado às vezes a um sistema<br />

mecânico <strong>de</strong> pontos, outras vezes a um organismo<br />

vivo (Cours d'économiepolitique, 1896.<br />

§ 619). Entretanto, ele também insiste no simples<br />

caráter <strong>de</strong> 'uniformida<strong>de</strong> experimental"<br />

da lei e no fato <strong>de</strong> que todo fenômeno concreto<br />

é <strong>de</strong>vido à intersecçào <strong>de</strong> certo número<br />

<strong>de</strong> leis diferentes (Tratado, § 99); isso significa<br />

que toda explicação científica é aproximativa<br />

e parcial (Ibid., § 106). Ainda mais distante<br />

do i<strong>de</strong>al sistemático <strong>de</strong> S. é o corpo <strong>de</strong> análises<br />

que Pareto apresenta em seu Tratado, cujo objeto<br />

é principalmente aquilo que ele chama <strong>de</strong><br />

"ações não lógicas", cujos elementos estariam<br />

nos resíduos e nas <strong>de</strong>rivações (v.).<br />

2- Po<strong>de</strong>-se dizer que o marco da passagem<br />

da S. sintética para a analítica é a obra <strong>de</strong> E.<br />

Durkheim, que se afasta do pressuposto fundamental<br />

da S. sistemática, <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong><br />

constitui um todo ou um sistema orgânico.<br />

Durkheim diz: "O que existe, o que só é dado à<br />

observação, são as socieda<strong>de</strong>s particulares que<br />

nascem, se <strong>de</strong>senvolvem e morrem, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

umas das outras" (Règles <strong>de</strong> Ia<br />

métbo<strong>de</strong> sociologique, 1895. 11 a ed., 1950, p.<br />

20). Paralelamente, Durkheim insistiu no cará-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!