22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ROMANTISMO 860 ROMANTISMO<br />

BARTH, Die protestantische Theologie in 19,<br />

Jahrhun<strong>de</strong>rt, 1947).<br />

ROMANTISMO (in. Romanticisnrjr. Romantisme,<br />

ai. Romanticismus; it. Romanticismo).<br />

Designa-se com este nome o movimento filosófico,<br />

literário e artístico que começou<br />

nos últimos anos do séc. XVIII, floresceu nos<br />

primeiros anos do séc. XIX e constituiu a marca<br />

característica <strong>de</strong>sse século. O significado comum<br />

do termo "romântico", que significa "sentimental",<br />

<strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um dos aspectos mais evi<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>sse movimento, que é a valorização<br />

do sentimento, categoria espiritual que a Antigüida<strong>de</strong><br />

clássica ignorara ou <strong>de</strong>sprezara, cuja<br />

força o séc. XVIII iluminista reconhecera, e<br />

que no R. adquiriu valor prepon<strong>de</strong>rante. Essa<br />

gran<strong>de</strong> valorização cio sentimento é a principal<br />

herança recebida do movimento Sturm und<br />

Drang (v.). que constitui a tentativa <strong>de</strong>, através<br />

da experiência mística e da fé, superar os limites<br />

da razão humana, reconhecidos pelo iluminismo.<br />

Segundo os filósofos do Sturm und Drang,<br />

Haman, Her<strong>de</strong>r e Jacobi. po<strong>de</strong>-se obter com a<br />

fé o que a razão não é capaz <strong>de</strong> dar, sendo a fé<br />

entendida como fato <strong>de</strong> sentimento ou <strong>de</strong> experiência<br />

imediata. Mas, precisamente por isso,<br />

para os seguidores do Sturm und Drang (entre<br />

os quais estiveram Goethe e Schiller. na<br />

juventu<strong>de</strong>) a razão continuava sendo o que<br />

fora para o Iluminismo: uma força humana limitada,<br />

capaz <strong>de</strong> transformar o mundo gradualmente,<br />

mas que não é absoluta nem onipotente,<br />

estando, pois, sempre mais ou menos em<br />

conflito com o mundo e em luta com a realida<strong>de</strong><br />

que se <strong>de</strong>stina a transformar. Do Sturm und<br />

Drang passa-se para o R. somente quando esse<br />

conceito <strong>de</strong> razão é abandonado e começa-se<br />

a enten<strong>de</strong>r como razão uma força infinita (onipotente)<br />

que habita o mundo e o domina, constituindo<br />

sua própria substância. O princípio da<br />

autoconsciência (v.), infinida<strong>de</strong> da consciência<br />

que é tudo e faz tudo no mundo, é fundamental<br />

noR.,e <strong>de</strong>le <strong>de</strong>rivam os aspectos relevantes<br />

do movimento. Fichte foi o primeiro a i<strong>de</strong>ntificar<br />

a razão com o Eu infinito ou Autoconsciência<br />

Absoluta, fazendo <strong>de</strong>le a força pela qual<br />

o mundo é produzido. A infinida<strong>de</strong>, nesse sentido,<br />

era <strong>de</strong> consciência ou <strong>de</strong> potência, e não<br />

<strong>de</strong> extensão ou duração; seu mo<strong>de</strong>lo encontrava-se<br />

em conceitos da <strong>filosofia</strong> neoplatônica,<br />

especialmente em Plotino. Hegel, a propósito,<br />

opunha o falso infinito, ou mau infinito,<br />

que é diferente do finito, isto é, da realida<strong>de</strong> ou<br />

do mundo e se opõe a ele e tenta transformá-lo<br />

ou superá-lo, ao verda<strong>de</strong>iro infinito, que se i<strong>de</strong>ntifica<br />

com o finito, com o mundo, e se realiza<br />

nele e por ele. Este infinito é um Princípio espiritual<br />

criativo: aquele que Fichte chamou <strong>de</strong><br />

Eu, Schelling <strong>de</strong> Absoluto e Hegel <strong>de</strong> Idéia.<br />

Mus o infinito, ou melhor, a infinida<strong>de</strong> da consciência<br />

po<strong>de</strong> ser entendida <strong>de</strong> duas maneiras.<br />

Em primeiro lugar, como ativida<strong>de</strong> racional,<br />

que se move <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminação para outra<br />

com necessida<strong>de</strong> rigorosa, <strong>de</strong> tal forma que<br />

qualquer <strong>de</strong>terminação po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida da<br />

outra <strong>de</strong> modo absoluto e apriori. E este o conceito<br />

<strong>de</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência encontrado<br />

em Fichte, Schelling e Hegel (quanto ao segundo,<br />

apenas numa primeira fase <strong>de</strong> sua filosotia).<br />

Em segundo lugar, a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência<br />

pocíe ser entendida como ativida<strong>de</strong> íívre,<br />

aniorfa, privada <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações rigorosas, e<br />

tal que se coloca continuamente além <strong>de</strong> qualquer<br />

<strong>de</strong> suas <strong>de</strong>terminações: neste sentido a<br />

infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência é o sentimento. O sentimento<br />

é o infinito na forma do in<strong>de</strong>finido, e<br />

foi <strong>de</strong>sta forma que Schleiermacher e a chamaxia<br />

escola romântica (E. Schlegel, Novalis,<br />

Tiçck e outros) reconheceram a infinida<strong>de</strong> da<br />

consciência.<br />

De fato, o R. literário começou com a obra<br />

<strong>de</strong> Schlegel (1772-1829), que, entre 1798 e<br />

1800, publicou em colaboração com o irmão o<br />

periódico Atbenaeum, primeiro porta-voz da<br />

escola romântica. Schlegel apontava explicitamente<br />

Fichte como iniciador do movimento romântico,<br />

como <strong>de</strong>scobridor do conceito romântico<br />

<strong>de</strong> infinito, mas interpretava o infinito<br />

como algo exterior e superior à racionalida<strong>de</strong>,<br />

como infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentimento. O mesmo conceito<br />

do infinito aparece no poeta e literato<br />

Ludwig Tieck e em Novalis: este sustentava um<br />

i<strong>de</strong>alismo mágico, segundo o qual o mundo<br />

não passa <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong> poesia. A<br />

essa mesma corrente pertence o teólogo Friedrich<br />

Schleiermacher (1768-1834), que <strong>de</strong>finiu<br />

a religião como "sentimento do infinito".<br />

Nesta interpretação do princípio <strong>de</strong> infinito<br />

baseia-se a supremacia que por vezes o R. atribui<br />

à arte. Com efeito, se o infinito é sentimento,<br />

revela-se melhor na arte que na <strong>filosofia</strong>,<br />

porque a <strong>filosofia</strong> é racionalida<strong>de</strong>, ao passo<br />

que a arte apresenta-se aos românticos como<br />

"expressão do sentimento". Para Schelling, que<br />

teridia a essa interpretação, a melhor manifestação<br />

do absoluto estava na arte, o mundo era<br />

uma espécie <strong>de</strong> poema ou <strong>de</strong> obra artística cujo<br />

autor seria o absoluto, para o homem a expe-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!