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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SUPERVERDADE 934 SUPRA ENTE<br />

excesso, se opõe à religião, pois se presta culto<br />

divino a quem não se <strong>de</strong>ve ou na forma<br />

in<strong>de</strong>vida" (S. Th., II, 2, q. 93, a. 1). No segundo<br />

sentido, foi <strong>de</strong>finida por Hobbes: "O temor<br />

diante dos po<strong>de</strong>res invisíveis, se estes forem<br />

imaginados pelo espírito ou sugeridos por narrativas<br />

publicamente admitidas, é religião; se<br />

sugeridos por narrativas nào admitidas publicamente,<br />

é S." (Leriath.. 1, 6).<br />

Na verda<strong>de</strong>, S. é um termo polêmico: para o<br />

estudo objetivo (antropológico ou sociológico)<br />

das crenças, nào existem superstições, e sempre<br />

que se fala em S., está-se tomando como<br />

referência <strong>de</strong>terminado sistema religioso, que<br />

é consi<strong>de</strong>rado o único verda<strong>de</strong>iro. Assim, cada<br />

religião parece S. aos seguidores <strong>de</strong> uma religião<br />

diferente, e a única <strong>de</strong>scrição exata do termo<br />

é a que se encontra em Hobbes.<br />

SUPERVERDADE (lat. Superreritas). Um<br />

atributo <strong>de</strong> Deus. segundo Scotus F.rigena (De<br />

dívis. nat., I. 14) (v. SUPRA-KNTK).<br />

SUPOSIÇÃO (gr. ÚTIÓBEOIÇ; lat. Suppositío;<br />

in. Supposition; jr. Suppositiotr, ai. Voraussetzung,<br />

Supposition; it. Supposizione). 1. O mesmo<br />

que hipótese.<br />

2. Na lógica terminista medieval, é o significado<br />

<strong>de</strong>notativo dos termos presentes na proposição,<br />

enquanto o significado em sentido<br />

estrito é o conotativo (v. SIGNIFICADO). Nesse<br />

sentido, a S. é <strong>de</strong>finida como uma positio pro<br />

alio, um estarem lugar <strong>de</strong> alguma outra coisa:<br />

p. ex., quando dizemos "o homem corre", o<br />

termo "homem" está em lugar <strong>de</strong> Sócrates,<br />

Platão ou algum outro (PKDKO HISPANO, Summ.<br />

log.. 6.03; OCKHAM, Summa log., I, 63; EU KIDAN,<br />

Sophysmata, 3; ALBKKTO DE SAXÕMA. Lógica)<br />

Com exceção <strong>de</strong> alguns casos isolados, a teoria<br />

da suppositío é mais ou menos uniforme em todos<br />

os lógicos do séc. XIV. Eles distinguiam<br />

três espécies fundamentais <strong>de</strong> S.: pessoal, simples<br />

e material. Tem-se a S. pessoal quando o<br />

termo está no lugar do objeto significado, qualquer<br />

que ele seja: coisa externa, palavra, conceito,<br />

sinal escrito ou outra coisa. Assim, nas<br />

frases: "o homem é um animal", "o nome é parte<br />

da proposição", "a espécie é um universal",<br />

os termos homem, nome e espécie têm S. pessoal<br />

porque estão no lugar dos respectivos<br />

objetos. Tem-se S. simples quando o termo não<br />

está no lugar do objeto significado, mas <strong>de</strong> seu<br />

conceito. Assim, quando se diz "o homem é<br />

uma espécie", o termo homem não está no<br />

lugar <strong>de</strong> "o homem", mas do conceito "homem".<br />

Finalmente, tem-se S. material quando um ter-<br />

mo está no lugar da palavra ou do sinal escrito,<br />

como nas frases "homem é substantivo" ou<br />

"está escrito homem", on<strong>de</strong> homem está no<br />

lugar <strong>de</strong> uma palavra ou <strong>de</strong> tim sinal escrito.<br />

Cada um <strong>de</strong>sses atributos da S. foi ainda subdividido<br />

pelos lógicos do séc. XIV e estudado<br />

em termos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e problemas que<br />

apresentam. Para se ter uma idéia <strong>de</strong>sses problemas,<br />

eis como Ockham enfrenta a dificulda<strong>de</strong><br />

apresentada pela S. do termo "homem" na<br />

proposição "o homem é a mais elevada das<br />

criaturas". Aqui o termo "homem" nào po<strong>de</strong><br />

ter uma S. simples porque nào é o conceito<br />

homem que é a mais elevada das criaturas; tampouco<br />

po<strong>de</strong> ter uma S. pessoal, porque, substituindo-se<br />

homem' por algum homem individual,<br />

o juízo toma-se falso. A solução é que a<br />

proposição tem uma S. pessoal, mas que <strong>de</strong>ve<br />

ser limitada, dizendo-se que o homem é a mais<br />

elevada cie todas as criaturas que sejam diferentes<br />

<strong>de</strong>le. nesse caso. a proposição é verda<strong>de</strong>ira<br />

para cada indivíduo humano (Summa log., 1, 66).<br />

A teoria da S. foi posta <strong>de</strong> lado quando a<br />

lógica terminista foi abandonada em favor<br />

da lógica mentalista. sob a influência do cartesianismo.<br />

Os problemas por ela tratados foram<br />

herdados pela teoria do conceito (cf. E. ARNOLD,<br />

Zur Geschichte <strong>de</strong>r Supposítionstheorie. em<br />

Symposion. III, 1954; E. A. MOODY, 1'ruth and<br />

Conseqüente in Mediaeral Logic, 1953).<br />

SUPRA-ALMA(in. Oversoul). Foi assim que<br />

R. W. Emerson <strong>de</strong>finiu Deus, concebendo-o<br />

princípio imanente no mundo e no homem<br />

(Nature, 1836).<br />

SUPRACONSCIÊNCIA (fr. Supraconscience).<br />

Termo usado por Bergson para indicar uma<br />

"verda<strong>de</strong>ira ativida<strong>de</strong> criadora" ou uma "consciência<br />

pura", que, para ele, nào é a vida (Évol.<br />

créatr, 8 a ed., 1911. pp. 267, 283, etc).<br />

SUPRACONSTRUÇÃO. V. SIIPKRKSTRIÍTIIRA.<br />

SUPRA-ENTE (gr. tmepoúoioç; ai. Überseiend;<br />

it. Superessente). Encontramos esse<br />

adjetivo pela primeira vez em Proclo (Inst.<br />

theol, 115), mas Platão já dissera que o bem<br />

está além da substância (Rep., VI, 509 b), conceito<br />

que se tornou basilar na <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Plotino.<br />

para quem o tino está "além do ser"<br />

(LJUI., V, 5, 6) ou "antes do ser" (Ibid., III, 8,<br />

10). Dionísio, o Areopagita usou o termo "supra-essencial"<br />

(De dirinis nominibus, II, em P.<br />

/.., 122 y , col., 1 122), e Scotus Erigena valeu-se<br />

do termo superessentia (De divis. nat., 1,14). O<br />

mesmo termo é encontrado ainda na tradição<br />

mística e teosófica. Mestre Eckhart fala <strong>de</strong> Deus

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