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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EMOÇÃO 319 EMOÇÃO<br />

respiratória e circulatória, quando suficientemente<br />

profunda, a E. dá início a convulsões ou<br />

simples modificações viscerais. Não se trata,<br />

porém, <strong>de</strong> uma regressão simplesmente mecânica:<br />

um idiota não experimentaria nenhuma<br />

E. ao <strong>de</strong>parar com o urso <strong>de</strong> que falava james,<br />

e muitos doentes em "estado <strong>de</strong> apatia" <strong>de</strong>ixam<br />

<strong>de</strong> sentir as E. que teriam sentido outrora<br />

nas mesmas circunstâncias. Trata-se, portanto,<br />

<strong>de</strong> uma reação ativa, <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> regulamento<br />

da ação cujo ponto <strong>de</strong> partida é a reação<br />

do indivíduo. Mas trata-se também <strong>de</strong> uma<br />

reação inferior e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada que <strong>de</strong>nuncia a<br />

recusa e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar uma situação:<br />

eqüivale, por isso, à consciência do fracasso<br />

diante <strong>de</strong> tal situação. Exemplo disso é a jovem<br />

que ouve o pai dizer que tem dor no<br />

braço e que teme uma paralisia, e começa a<br />

chorar, a gritar, e a agitar-se, entrando em convulsões,<br />

que se repetem alguns dias <strong>de</strong>pois.<br />

Durante o tratamento médico, confessa que a<br />

idéia <strong>de</strong> cuidar do pai e <strong>de</strong> levar vida <strong>de</strong> enfermeira<br />

doméstica parecera-lhe insuportável.<br />

Nesse caso, a E. representa efetivamente uma<br />

conduta <strong>de</strong> fracasso, <strong>de</strong>rivada da incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> enfrentar a situação em perspectiva {De<br />

1'angoisse à 1'extase, 1928, pp. 450 ss.). Por outro<br />

lado, os estados afetivos <strong>de</strong> elação e alegria<br />

constituem, segundo Janet, reações <strong>de</strong> êxito,<br />

ainda que não justificadas. A alegria nem sempre<br />

é correta e nem sempre correspon<strong>de</strong> a um<br />

aumento real das faculda<strong>de</strong>s, a uma criação<br />

real, como os filósofos consi<strong>de</strong>raram. Ela po<strong>de</strong><br />

ser equivocada e aparece simplesmente quando<br />

o homem se comporta como se fosse vitorioso<br />

e quando esse comportamento <strong>de</strong> triunfo,<br />

verda<strong>de</strong>iro ou falso, liberta forças que são bem<br />

ou mal utilizadas. Portanto, é principalmente<br />

um comportamento <strong>de</strong> esbanjamento, no qual<br />

as forças que tinham sido utilizadas na ação,<br />

ou pelo menos seus resíduos, expan<strong>de</strong>m-se<br />

pelo organismo e são empregadas em outras<br />

ações não solicitadas por estímulos urgentes ou<br />

que já se <strong>de</strong>senvolviam em limites restritos<br />

(Md., p. 408).<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, a E. mostra-se nociva<br />

porque suprime a ação eficaz e a substitui por<br />

convulsões absurdas. Contudo, segundo Janet,<br />

tem certa utilida<strong>de</strong> ou pelo menos certa função,<br />

porquanto seu sujeito, na impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r à situação com uma reação <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m superior, entrega-se a uma reação inferior<br />

e primitiva, muito mais grosseira, porém<br />

capaz <strong>de</strong> dar-lhe certa proteção imediata. "Os<br />

comportamentos reflexos, as simples convulsões<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadas, serviram a gerações inteiras<br />

<strong>de</strong> seres para afastar os contatos nocivos e<br />

para conseguir alimento. Não será natural que,<br />

em certa época, os seres em vias <strong>de</strong> aperfeiçoamento,<br />

mas ainda incapazes <strong>de</strong> utilizar <strong>de</strong><br />

modo constante os procedimentos aperfeiçoados,<br />

voltem instintivamente a esses atos primitivos?"<br />

(Ibid., p. 471). Mas se a E. propriamente<br />

dita, ou seja, o choque emocional, é a regressão<br />

a uma forma grosseira e primitiva <strong>de</strong> reação,<br />

o sentimento é a forma <strong>de</strong> E. mais bem<br />

organizada e menos violenta que acompanha<br />

todo o <strong>de</strong>senvolvimento da ação sob forma <strong>de</strong><br />

esforço, fadiga, tristeza, alegria. O sentimento<br />

é parte essencial da reação bem organizada. A<br />

E. contém confusamente elementos que pertencem<br />

aos sentimentos, mas os contém em<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, não se i<strong>de</strong>ntificando por isso com<br />

nenhum dos comportamentos sentimentais.<br />

"São os inci<strong>de</strong>ntes insignificantes, as pequenas<br />

discordâncias, que conduzem às gran<strong>de</strong>s perturbações<br />

emocionais.É provável que o perigo<br />

real <strong>de</strong>sperte o instinto vital, o amor pelos seres<br />

caros, o amor pela proprieda<strong>de</strong>, e que essas<br />

tendências po<strong>de</strong>rosas venham em socorro do<br />

ato falho, produzindo a reação do esforço: a<br />

presença <strong>de</strong>ssa reação elimina a da E., que não<br />

é do mesmo gênero" (Les obsessions et Ia psychasténie,<br />

I, pág. 5, 578). Todavia, entre as<br />

emoções e os sentimentos, que são as suas<br />

formas superiores, elevem ser admitidos todos<br />

os graus intermediários; no fundo, trata-se <strong>de</strong><br />

uma questão <strong>de</strong> palavras: já que "empregamos<br />

a palavra E. sempre que há uma mudança brusca<br />

da conduta após uma circunstância imprevista,<br />

mas todos os sentimentos po<strong>de</strong>m nascer nessas<br />

condições" (De 1'angoisse, p. 474).<br />

A psicologia da forma tornou mais precisa e<br />

aperfeiçoada, principalmente com Lewin e<br />

Dembo, a teoria das E. nesse sentido. A E. é<br />

interpretada como a "ruptura <strong>de</strong> uma forma" e<br />

a reconstituição <strong>de</strong> uma outra forma que valha<br />

como sucedâneo da primeira. A forma é certa<br />

situação que oferece um problema, cuja solução<br />

po<strong>de</strong> ser encontrada tão-somente em <strong>de</strong>terminada<br />

direção. Quando a procura e o<br />

esforço voltados para essa solução se interrompem,<br />

o indivíduo refugia-se em atos sucedâneos<br />

ou então procura evadir-se ou encerrar-se<br />

em si mesmo, estabelecendo entre si e o campo<br />

hostil uma barreira <strong>de</strong> proteção. Atos sucedâneos,<br />

evasões, fechamento em si mesmo,<br />

esses são os comportamentos emotivos. Des-

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