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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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NIRVANA 713 NOLIÇÃO<br />

ativa correspon<strong>de</strong> mais à sua natureza profunda"<br />

(Wille zurMacht, ed. Krõner, XV, § 24).<br />

NIRVANA. Extinção das paixões e do <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> viver, portanto da corrente dos nascimentos,<br />

na doutrina budista. ''Essa ilha incomparável<br />

em que tudo <strong>de</strong>saparece e todo apego<br />

cessa, chamo <strong>de</strong> N., <strong>de</strong>struição da velhice e da<br />

morte" (Suttanípâta, V, 11). Na <strong>filosofia</strong> oci<strong>de</strong>ntal,<br />

Schopenhauer adotou essa noção, vendo<br />

nela a negação da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver, cuja<br />

exigência brota do conhecimento da natureza<br />

dolorosa e trágica da vida (Die Welt, I, § 71; II,<br />

cap. 41).<br />

NOÇÃO (gr. evvoioc, 7rpóA.r|\|nç; lat. Notio;<br />

in. Notion; fr. Notion; ai. Notion; it. Nozione).<br />

Dois significados fundamentais: um muito<br />

geral, em que N. é qualquer ato <strong>de</strong> operação<br />

cognitiva, e outro específico, em que é uma<br />

classe especial <strong>de</strong> atos ou operações cognitivas.<br />

Para Cícero, que introduziu esse termo, ele<br />

correspon<strong>de</strong> a evvoia, que tem significado muito<br />

geral, e a 7tpó?ir|i|n.ç;, que é a antecipação, uma<br />

espécie particular e privilegiada <strong>de</strong> conhecimento<br />

(Top., 7, 3D. Na Ida<strong>de</strong> Média, João <strong>de</strong><br />

Salisbury empregou esse termo no sentido geral,<br />

referindo-se precisamente ao grego Êvvota<br />

(Metal., II, 20); em sentido geral também era<br />

empregado por Jungius, que entendia a N.<br />

como "a primeira operação <strong>de</strong> nosso intelecto,<br />

pela qual exprimimos uma coisa com uma imagem"<br />

(Log. hamburgensís, 1638, Prol., 3). Locke,<br />

ao contrário, pretendia restringir esse termo<br />

às idéias complexas "que parecem ter origem<br />

e existência constante mais no pensamento<br />

dos homens que na realida<strong>de</strong> das coisas"<br />

(Ensaio, II, 22, 2), enquanto Leibniz observava<br />

que "muitos aplicam a palavra N. a qual<br />

quer espécie <strong>de</strong> idéias ou concepções, tanto<br />

às originais quanto às <strong>de</strong>rivadas" (Nouv. ess.,<br />

II, 22, 2). Berkeley. por sua vez, restringia esse<br />

termo ao conhecimento que o espírito tem <strong>de</strong><br />

si mesmo e da relação entre as idéias: conhecimento<br />

que, por sua vez, não é urna idéia<br />

(Princ. of Human Knowledge, I, §§ 27, 89, 140,<br />

etc; cf. a nota ao § 27 da edição dos Principies,<br />

em Works, ed. T. E. Jessop, II, p. 53). Kant também<br />

atribuía significado restrito a esse termo,<br />

enten<strong>de</strong>ndo por N. "o conceito puro, porquanto<br />

tem origem unicamente no intelecto", reservando<br />

o termo "representação" para o significado<br />

geral <strong>de</strong> N. (Crít. R. Pura, Dial. transe, I,<br />

seção 1). Wolff, inversamente, afirmara: "A representação<br />

das coisas na mente é N., por outros<br />

chamada <strong>de</strong> idéia" (Log., § 34).<br />

Nenhum dos significados específicos propostos<br />

para esse termo teve gran<strong>de</strong> aceitação;<br />

hoje resta quase exclusivamente o significado<br />

genérico <strong>de</strong> operação, ato ou elemento cognitivo<br />

em geral.<br />

NOÇÕES COMUNS (gr. KOlVOci êvvoiOU.; lat.<br />

Notiones communes). São as antecipações (v.)<br />

dos estóicos, às quais freqüentemente se fez referência<br />

na história da <strong>filosofia</strong>: cf., p. ex., SPI-<br />

NOZA, Et., II, 38, Cor.; LF.IBNIZ, NOUV. ess., Avantpropos,<br />

etc.<br />

NODAL, LINHA (ai. Knotenlinie). Foi assim<br />

que Hegel <strong>de</strong>signou a passagem da quantida<strong>de</strong><br />

à qualida<strong>de</strong> que se dá por mudança da<br />

quantida<strong>de</strong>, p. ex., quando a mudança da quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> calor na água produz a sua passagem<br />

do estado líquido para o sólido ou para<br />

o gasoso (Wissenschaft <strong>de</strong>r Logik, I, seção III,<br />

cap. 11, B; trad. it., I, pp. 444 ss.). Esse conceito<br />

teve mais aceitação fora do hegelismo que em<br />

seu seio. Kierkegaard extraiu daí seu conceito<br />

<strong>de</strong> salto (v.) e Engels fez da passagem da quantida<strong>de</strong><br />

para a qualida<strong>de</strong> uma das leis fundamentais<br />

da dialética (Dialektik <strong>de</strong>rNatur, trad.<br />

it., p. 57) (v. DIALÉTICA; SALTO).<br />

NOEMA (ai. Noema). Na terminologia <strong>de</strong><br />

Husserl, o aspecto objetivo da vivência, ou<br />

seja, o objeto consi<strong>de</strong>rado pela reflexão em<br />

seus diversos modos <strong>de</strong> ser dado (p. ex., o<br />

percebido, o recordado, o imaginado). O N. é<br />

distinto do próprio objeto, que é a coisa; p. ex.,<br />

o objeto da percepção da árvore é a árvore,<br />

mas o N. <strong>de</strong>ssa percepção é o complexo dos<br />

predicados e dos modos <strong>de</strong> ser dados pela experiência:<br />

p. ex., árvore ver<strong>de</strong>, iluminada, não<br />

iluminada, percebida, lembrada, etc. (I<strong>de</strong>en, 1,<br />

§ 88). O adjetivo correspon<strong>de</strong>nte é noemãtico.<br />

NOESE (ai. Noesis). Na terminologia <strong>de</strong><br />

Husserl, o aspecto subjetivo da vivência, constituído<br />

por todos os atos <strong>de</strong> compreensão que<br />

visam a apreen<strong>de</strong>r o objeto, tais como perceber,<br />

lembrar, imaginar, etc. (I<strong>de</strong>en, I, § 92). O<br />

adjetivo correspon<strong>de</strong>nte é noétíco.<br />

NOÉTICA (in. Noetic; fr. Noétique, ai. Noêtik,<br />

it. Noetica). Foi assim que Hamilton <strong>de</strong>nominou<br />

a parte da lógica que estuda "as leis<br />

fundamentais do pensamento", que são os quatro<br />

princípios: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, contradição, terceiro<br />

excluído e razão suficiente (Lectures on Logic,<br />

V, I, p. 72). Esse uso foi adotado por poucos<br />

autores.<br />

NOLIÇÂO (lat. Noluntas; in. Nolition; fr.<br />

Nolonté, ai. Nolitio; it. Nolontã). Não querer ou<br />

fugir. Esse termo é raríssimo, em todas as lín-

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