22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ACOSMISMO 16 ADEQUAÇÃO<br />

tureza" (Et., I, 30). Mas para esse significado, v.<br />

VERDADE.<br />

ACOSMISMO (in. Acosmism; fr. Acosmisme,<br />

ai. Akosmismus; it. Acosmismó). Termo empregado<br />

por Hegel (Ene, § 50) para caracterizar<br />

a posição <strong>de</strong> Spinoza, em oposição à<br />

acusação <strong>de</strong> "ateísmo" freqüentemente dirigida<br />

a este filósofo. Spinoza, segundo Hegel, não<br />

confun<strong>de</strong> Deus com a natureza e com o<br />

mundo finito, consi<strong>de</strong>rando o mundo como<br />

Deus, mas, antes, nega a realida<strong>de</strong> do mundo<br />

finito afirmando que Deus, e só Deus, é real.<br />

Nesse sentido a sua <strong>filosofia</strong> não é ateísmo,<br />

mas acosmismó, e Hegel nota, ironicamente,<br />

que a acusação contra Spinoza <strong>de</strong>riva da tendência<br />

a crer que se po<strong>de</strong> mais facilmente negar<br />

Deus do que negar o mundo.<br />

ACRIBIA (gr. cncpípeioc). Exatidão ou precisão.<br />

No sentido mo<strong>de</strong>rno, escrúpulo em seguir<br />

as regras metódicas <strong>de</strong> qualquer pesquisa científica.<br />

No significado platônico, "o exato em si"<br />

(oròrò xaicpipéç) é o justo meio (xò (xéxpiov), isto<br />

é, o conveniente, ou o oportuno enquanto objeto<br />

<strong>de</strong> um dos dois ramos fundamentais da<br />

arte da medida, isto é, daquele que propriamente<br />

interessa à ética e à política. O outro<br />

ramo da mesma arte é o que, sendo propriamente<br />

matemático, concerne ao número, ao<br />

comprimento, à altura, etc. (Pol, 284 d-e)<br />

ACROAMÂTICO (gr. àKpoa(J.atiKÓç; in.<br />

Acroamatic; fr. Acroamatique, ai. Akroamatisch;<br />

it. Acroamaticó). Assim foram chamados,<br />

por se <strong>de</strong>stinarem a ouvintes, os textos <strong>de</strong><br />

Aristóteles que constituíam lições por ele ministradas<br />

no Liceu, para distingui-las das <strong>de</strong>stinadas<br />

ao público, das quais restam apenas<br />

fragmentos. Todas as obras aristotélicas que<br />

possuímos são acroamáticas, porque os textos<br />

compostos para um público mais vasto, quase<br />

todos em forma <strong>de</strong> diálogo, caíram em <strong>de</strong>suso<br />

quando os textos <strong>de</strong> lições, levados a Roma<br />

por Sila, foram reorganizados e publicados por<br />

Andronico <strong>de</strong> Ro<strong>de</strong>s em meados do séc. I a.C.<br />

(V. EXOTÉRICO).<br />

ADEQUAÇÃO (lat. Adaequatio; in. A<strong>de</strong>quation;<br />

fr. Adéquation; ai. Übereinstimmung; it.<br />

A<strong>de</strong>quazíoné). Um dos critérios <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />

mais precisamente aquele pelo qual um conhecimento<br />

é verda<strong>de</strong>iro se está a<strong>de</strong>quado ao objeto,<br />

isto é, se se assimila e correspon<strong>de</strong> a ele<br />

<strong>de</strong> tal modo que reproduza, o mais possível, a<br />

sua natureza. A <strong>de</strong>finição da verda<strong>de</strong> como<br />

"a<strong>de</strong>quação do intelecto e da coisa" foi dada<br />

pela primeira vez pelo filósofo hebraico Isac<br />

Ben Salomão Israel (que viveu no Egito entre<br />

845 e 940) no seu Liber <strong>de</strong> <strong>de</strong>finitionibus. Essa<br />

<strong>de</strong>finição foi retomada por S. Tomás que lhe<br />

<strong>de</strong>u uma exposição clássica (S. Th., I, 16, 2;<br />

Contra Gent., I, 59; Dever., q. 1, a. 1). As coisas<br />

naturais, cuja ciência o nosso intelecto recebe,<br />

são a medida do intelecto, já que este possui a<br />

verda<strong>de</strong> só na medida em que se conforma às<br />

coisas. As próprias coisas são, por sua vez, medidas<br />

pelo intelecto divino, no qual subsistem<br />

suas formas tal como as formas das coisas artificiais<br />

subsistem no intelecto do artífice. Deus,<br />

portanto, é a verda<strong>de</strong> suprema porquanto o<br />

seu entendimento é a medida <strong>de</strong> tudo o que é<br />

e <strong>de</strong> todos os outros entendimentos. A noção<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação (ou acordo, ou conformida<strong>de</strong>,<br />

ou correspondência) é pressuposta e empregada<br />

por muitas <strong>filosofia</strong>s, mais precisamente<br />

por todas as que consi<strong>de</strong>ram o conhecimento<br />

como uma relação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ou semelhança<br />

(v. CONHECIMENTO). Locke afirma que "o<br />

nosso conhecimento é real só se há conformida<strong>de</strong><br />

entre as idéias e a realida<strong>de</strong> das coisas"<br />

(Ensaio, IV, 4, § 3). O próprio Kant <strong>de</strong>clara<br />

pressupor "a <strong>de</strong>finição nominal da verda<strong>de</strong> como<br />

acordo do conhecimento com o seu objeto" e<br />

propõe-se o problema ulterior do critério "geral<br />

e seguro para <strong>de</strong>terminar a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

conhecimento" (Crít. R. Pura, Lógica transe,<br />

Intr., III) e Hegel usa explicitamente a idéia <strong>de</strong><br />

correspondência (Ene, § 213): "A idéia é a verda<strong>de</strong>,<br />

já que a verda<strong>de</strong> é a correspondência<br />

entre objetivida<strong>de</strong> e o conceito, mas não que<br />

coisas externas correspondam às minhas representações;<br />

estas são apenas representações<br />

exatas que eu tenho como indivíduo. Na idéia<br />

não se trata nem disto, nem <strong>de</strong> representações,<br />

nem <strong>de</strong> coisas externas". Aqui Hegel faz a distinção<br />

entre a exatidão das representações<br />

finitas, próprias do indivíduo, enquanto correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a objetos finitos, e a verda<strong>de</strong> do<br />

conceito infinito, ao qual só po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r<br />

a idéia infinita ("O singular por si não correspon<strong>de</strong><br />

ao seu conceito: esta limitação da sua<br />

existência constitui a finitu<strong>de</strong> e a ruína do singular").<br />

Num e noutro caso, o critério é sempre<br />

o da correspondência. Na orientação lingüística<br />

da <strong>filosofia</strong> analítica contemporânea mantémse<br />

a noção <strong>de</strong> correspondência como relação<br />

<strong>de</strong> semelhança entre linguagem e realida<strong>de</strong>.<br />

Wittgenstein, p. ex., diz: "A proposição é a imagem<br />

(Bild) da realida<strong>de</strong>... A proposição, se é<br />

verda<strong>de</strong>ira, mostra como estão as coisas"<br />

(Tractatus, 4.021, 4.022). A coincidência entre

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!