22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

HISTÓRIA IDEAL ETERNA 508 HISTORICISMO<br />

ser atribuídas ao acontecimento em questão. Fica<br />

suficientemente claro, porém, que o significado<br />

<strong>de</strong> um acontecimento (no sentido agora esclarecido)<br />

não é uma qualida<strong>de</strong> que lhe seja inerente<br />

<strong>de</strong> modo absoluto e que o acompanhe em qualquer<br />

contexto historiográfico, mas po<strong>de</strong> variar<br />

segundo os contextos ou as escolhas que os<br />

regem: <strong>de</strong> tal modo que um acontecimento importante<br />

em um <strong>de</strong>les terá menos ou nenhuma<br />

importância em outro.<br />

O primeiro dos caracteres acima arrolados,<br />

a individualida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser utilizado para<br />

distinguir o objeto historiográfico do objeto sociológico<br />

ou, em geral, do objeto das ciências<br />

sociais, que possui o caráter oposto <strong>de</strong> repetibilida<strong>de</strong><br />

(cf. AHBAGNANO, Problemi dí sociologia,<br />

1959, II, 5). E o conjunto dos três caracteres<br />

serve para distinguir o fato histórico do<br />

fato jornalístico comum, que não é individualizado,<br />

não tem conexões suficientes com<br />

outros fatos e não é significativo.<br />

HISTÓRIA IDEAL ETERNA. V HISTÓRIA<br />

HISTÓRIA UNIVERSAL. V. HISTORIO<br />

GRAFIA.<br />

HISTÓRICAS, FONTES (in. Historical sources;<br />

fr. Sources historiques; ai. Historische<br />

Quellen; it. Fonti storiche). Com esta expressão<br />

indica-se comumente o material da pesquisa<br />

historiográfica. As fontes H. costumam ser divididas<br />

em restos e tradições. Os restos são: 1) o<br />

que ficou das obras produzidas pelo homem<br />

(casas, pontes, teatros, utensílios, etc); 2) os<br />

modos <strong>de</strong> vida das comunida<strong>de</strong>s (usos, costumes,<br />

or<strong>de</strong>nações jurídicas, políticas, etc); 3) as<br />

obras literárias e filosóficas; 4) os documentos<br />

em geral.<br />

Os restos da produção humana cujo objetivo<br />

seria transmitir a memória <strong>de</strong> um acontecimento<br />

chamam-se monumento. O mesmo se diz dos<br />

documentos, cuja finalida<strong>de</strong> é transmitir para o<br />

futuro a conclusão <strong>de</strong> um fato, e das inscrições,<br />

medalhas, moedas, etc.<br />

Fontes <strong>de</strong> tradição são aquelas através<br />

das quais se transmitiu a memória dos fatos<br />

passados; po<strong>de</strong>m ser orais e escritas (cf. G.<br />

G. DROYSEN, Grundzüge <strong>de</strong>r Historik, 1882,<br />

§ 20-24).<br />

HISTORICIDADE (in. Historicity, fr. Historicitè,<br />

ai. Geschichtlichkeit; it. Storicitã). 1. O<br />

modo <strong>de</strong> ser do mundo histórico ou <strong>de</strong> qualquer<br />

realida<strong>de</strong> histórica.<br />

2. A existência <strong>de</strong> fato no passado; neste<br />

sentido se diz, p. ex., "a H. <strong>de</strong> Jesus", para<br />

indicar que Jesus foi uma pessoa real, não um<br />

mito.<br />

3. A importância histórica que, às vezes, se<br />

atribui também a fatos presentes e contemporâneos.<br />

HISTORICISMO (in. Historicism- fr. Historicisme,<br />

ai. Historismus; it. Storicismó). Por esse<br />

termo, empregado pela primeira vez por Novalis<br />

{Werke, III, p. 173), po<strong>de</strong>m ser entendidas três<br />

linhas <strong>de</strong> pensamento diferentes, a saber:<br />

I a Doutrina segundo a qual a realida<strong>de</strong> é<br />

história (<strong>de</strong>senvolvimento, racionalida<strong>de</strong> e<br />

necessida<strong>de</strong>) e que todo conhecimento é conhecimento<br />

histórico; foi expressa por Hegel<br />

(cf. especialmente Geschichte <strong>de</strong>r Phílosophie,<br />

I, intr.) e por Croce (La storia come pensiero e<br />

come azíone, 1938, p. 51). Essa é a tese fundamental<br />

do i<strong>de</strong>alismo romântico (v.), que<br />

supõe a coincidência entre finito e infinito,<br />

entre mundo e Deus, e consi<strong>de</strong>ra a história como<br />

realização <strong>de</strong> Deus. Po<strong>de</strong> chamar-se H. absoluto.<br />

2- Uma variante da doutrina prece<strong>de</strong>nte,<br />

que vê na história a revelação <strong>de</strong> Deus no sentido<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que cada momento da história<br />

está em relação direta com Deus e é<br />

permeado dos valores transcen<strong>de</strong>ntes que Ele<br />

incluiu na história. Foi o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>fendido<br />

por E. Troeltsch e F. Meinecke (cf. o verbete<br />

HISTÓRIA, 3, é). Po<strong>de</strong>-se chamar essa doutrina<br />

<strong>de</strong> H. fi<strong>de</strong>ísta porque a revelação <strong>de</strong> Deus<br />

no H. ocorre substancialmente por meio da fé.<br />

3 a A doutrina para a qual as unida<strong>de</strong>s cuja<br />

sucessão a história constitui (Épocas ou Civilizações)<br />

são organismos globais cujos elementos,<br />

necessariamente vinculados, só po<strong>de</strong>m<br />

viver no conjunto; afirma, portanto, a relativida<strong>de</strong><br />

entre os valores (que são alguns <strong>de</strong>sses<br />

elementos) e a unida<strong>de</strong> histórica a que pertencem;<br />

sendo inevitável a morte <strong>de</strong>sses elementos<br />

com a morte <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong>. Esse é o ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Spengler e <strong>de</strong> outros, e po<strong>de</strong> chamar-se<br />

H. relativista. Existe também, pelo menos<br />

em polêmica, uma noção vulgar <strong>de</strong>sse H.,<br />

segundo a qual a história seria um movimento<br />

incessante que empolga tudo, mesmo a verda<strong>de</strong><br />

e os valores, imediatamente <strong>de</strong>pois do<br />

instante em que florescem. A doutrina mais<br />

próxima <strong>de</strong>ssa concepção é <strong>de</strong>fendida por G.<br />

Simmel; para ele, a vida é um fluir incessante<br />

que resolve e concilia todas as coisas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

si: "O bem e o mal que fazemos e que recebemos,<br />

o belo que nos <strong>de</strong>leita e o feio <strong>de</strong> que fugimos,<br />

as séries acabadas e as que foram inter-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!