22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SISTEMA 909 SISTEMA<br />

Dialética, cap. II, seç. I). A unida<strong>de</strong> do S., ou<br />

seja, sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> um único<br />

princípio, é a característica que <strong>de</strong>terminou o<br />

sucesso <strong>de</strong>ssa noção na literatura filosófica romântica.<br />

Constitui o i<strong>de</strong>al da teoria da ciência<br />

<strong>de</strong> Fichte: "Se não <strong>de</strong>ve haver somente um ou<br />

vários fragmentos <strong>de</strong> S., nem mesmo vários S.,<br />

mas um S. único e perfeito do espírito humano,<br />

então <strong>de</strong>verá haver um princípio fundamental<br />

absolutamente primeiro e supremo. H embora,<br />

a partir <strong>de</strong>le. nosso saber se expanda por si em<br />

tantas séries, das quais proce<strong>de</strong>m outras séries<br />

e assim por diante, todas essas séries <strong>de</strong>vem<br />

unir-se num só elo, que não está preso<br />

a nada, mas se mantém e a todo o sistema<br />

por sua própria força" (Uber <strong>de</strong>n Begriff<strong>de</strong>r<br />

Wissenschaftslehre, 1794, § 2; trad. it., p. 19). Na<br />

<strong>filosofia</strong> romântica é lugar-comum consi<strong>de</strong>rar<br />

o S. como forma da ciência, que supõe um<br />

princípio único e absoluto. A origem disso é o<br />

i<strong>de</strong>al matemático, no qual Leibniz, Wolff e o<br />

próprio Kant se haviam inspirado; mas esse<br />

i<strong>de</strong>al acaba por voltar-se contra a própria matemática<br />

e sendo reivindicado exclusivamente<br />

para a <strong>filosofia</strong>. Shelling dizia: "Admite-se em<br />

geral que à <strong>filosofia</strong> convém uma forma especificamente<br />

sua. que se chama <strong>de</strong> sistemática.<br />

Pressupor tal forma não <strong>de</strong>duzida cabe a outras<br />

ciências, que já pressupõem a ciência da<br />

ciência, mas não a esta, que se propõe como<br />

objeto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> semelhante ciência"<br />

(System <strong>de</strong>s transzen<strong>de</strong>ntalen l<strong>de</strong>alismus, 1800,<br />

I, cap. I; trad. it., p. 27). Hegel só fez sancionar<br />

o mesmo ponto <strong>de</strong> vista: "A ciência do Absoluto<br />

é essencialmente S., porque o verda<strong>de</strong>iro,<br />

como concreto, é tal apenas na medida em que<br />

se <strong>de</strong>senvolve em si, se reúne e mantém em<br />

unida<strong>de</strong>, vale dizer, como totalida<strong>de</strong>, pois só<br />

pela diferenciação e pela <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> suas<br />

diferenças são possíveis a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas e<br />

a liberda<strong>de</strong> do todo" (Une, § 14). Hegel acrescenta<br />

que "um filosofar sem sistema não po<strong>de</strong><br />

ser nada científico" porque expressa um modo<br />

<strong>de</strong> sentir subjetivo; e em oposição âs doutrinas<br />

românticas irracionalistas ou ti<strong>de</strong>ístas ele impõe<br />

a exigência sistemática. Essa mesma exigência<br />

manteve-se e foi valorizada nas <strong>filosofia</strong>s<br />

i<strong>de</strong>alistas. Croce dizia: "Pensar <strong>de</strong>terminado<br />

conceito puro significa pensá-lo em sua relação<br />

<strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e distinção com os outros todos;<br />

assim, o que se pensa nunca é realmente<br />

um conceito único, mas um S. <strong>de</strong> conceitos, o<br />

Conceito" (Lógica, 4 a ed., 1920, p. 172).<br />

O i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> S. como organismo <strong>de</strong>dutivo baseado<br />

num único princípio continuou sendo<br />

patrimônio da <strong>filosofia</strong>, que o cultivou mesmo<br />

quando — a exemplo <strong>de</strong> Kant — <strong>de</strong>clarou que<br />

esse i<strong>de</strong>al era inatingível pelo conhecimento<br />

humano. Contudo, esse termo foi e é empregado<br />

também sem relação com este significado,<br />

para indicar qualquer organismo <strong>de</strong>dutivo,<br />

mesmo que não tenha um princípio único<br />

corno fundamento. É o caso dos S. cie que hoje<br />

se fala em matemática e lógica. Os S. hipotético-<strong>de</strong>dutivos.<br />

abstratos, axiomáticos, etc. não<br />

são S. por terem um princípio único; aliás,<br />

os seus princípios, que são os axiomas, <strong>de</strong>vem<br />

ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si, não <strong>de</strong>vem<br />

po<strong>de</strong>r ser <strong>de</strong>duzidos um do outro (v. AXIOMA,<br />

ASIOMATI/.ACÀO). São chamados <strong>de</strong> S. unicamente<br />

por seu caráter <strong>de</strong>dutivo, e no mesmo<br />

sentido fala-se <strong>de</strong> S. numérico e, ás vezes, <strong>de</strong><br />

•\S. <strong>de</strong> axiomas" para indicar um simples conjunto<br />

não contraditório <strong>de</strong> proposições primitivas<br />

(cf. M. R. COHF.N H. NAGEL. "The Nature of<br />

a Logical orMathematical System", em Readíngs<br />

itl the Philosophy of Science. 1953, pp. 129<br />

ss-). Isso significa que o uso <strong>de</strong>ssa palavra<br />

per<strong>de</strong>u o significado forte ou elogioso <strong>de</strong> discurso<br />

<strong>de</strong>dutivo.<br />

2. Qualquer totalida<strong>de</strong> ou todo organizado.<br />

Neste sentido, fala-se em "S. solar", "S. nervoso",<br />

etc, e também <strong>de</strong> "classificação sistemática<br />

ou, mais simplesmente, <strong>de</strong> S. em lugar <strong>de</strong><br />

classificação, como fez I.ineu, quando quis<br />

insistir no caráter or<strong>de</strong>nado e completo <strong>de</strong> sua<br />

classificação (Systema nalurae. 1735).<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, às vezes se faz a distiriçào<br />

entre o S. como conjunto contínuo <strong>de</strong><br />

piirtes que têm inter-relações diversas e a<br />

estrutura (v.) ou a organização que os componentes<br />

<strong>de</strong>le po<strong>de</strong>m assumir em <strong>de</strong>terminado<br />

momento (W. BUCKLKY. Sociology and Mo<strong>de</strong>m<br />

System 'lheoty, 1967, p. 5).<br />

3. Qualquer teoria científica ou filosófica,<br />

especialmente quando se quer ressaltar seu caráter<br />

escassamente empírico. No séc. XVIII falava-se<br />

<strong>de</strong> "S. do mundo" para indicar as teorias<br />

cosmológicas (cf., p. ex., D'AI.KMKERT, (Euinvs.<br />

etl. Conclorcet, pp. 165 ss.). Leibniz chamava<br />

<strong>de</strong> S. stias teorias sobre a relação entre a alma e<br />

o corpo ou entre as diferentes substâncias<br />

(Svstème nourean <strong>de</strong> Ia nature et <strong>de</strong> Ia communication<br />

<strong>de</strong>ssubstances, 1695). Baumgarten<br />

chamava <strong>de</strong> S. psicológicos as "opiniões que<br />

parecem aptas a explicar a relação entre alma e<br />

corpo" (Met.. § 761); no mesmo sentido, mas <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!