22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DESESPERANÇA 242 DESORDEM<br />

ou um D. cósmico, cujas raízes e analogias estão<br />

no D. biológico. Sem referência a esse aspecto<br />

particular, esse termo foi usado por Hegel, que<br />

o transformou numa das categorias fundamentais<br />

<strong>de</strong> sua <strong>filosofia</strong> e o exemplificou sobretudo<br />

na história. Ao lado do caráter progressista do<br />

D., Hegel <strong>de</strong>stacou outro caráter fundamental:<br />

o D. pressupõe aquilo <strong>de</strong> que é D., isto é, o fim<br />

para o qual se move e o princípio ou a causa<br />

<strong>de</strong> si mesmo. "O espírito", disse Hegel, ''que<br />

tem como teatro, domínio e campo <strong>de</strong> realização<br />

a história do mundo, não vagueia nas oscilações<br />

extrínsecas do acaso, mas é em si<br />

<strong>de</strong>terminante absoluto... O que quer é alcançar<br />

seu próprio conceito, mas ele mesmo o obscurece<br />

para si, tem orgulho e prazer nesse alhearse<br />

<strong>de</strong> si mesmo" (Philosophíe <strong>de</strong>r Geschíchte,<br />

ed. Lasson, pp. f 31-32). Nesse sentido, o Absoluto<br />

é D. "O verda<strong>de</strong>iro é o integral. Mas o<br />

integral é somente a substância que se completa<br />

através <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. Do Absoluto<br />

<strong>de</strong>ve-se dizer que é essencialmente resultado,<br />

que só no fim é o que é na verda<strong>de</strong>;<br />

e justamente nisso consiste sua natureza, em<br />

ser efetivida<strong>de</strong>, sujeito ou D. <strong>de</strong> si mesmo" (Phánomen.<br />

<strong>de</strong>s Geistes, Pref., II, 1). O que esse<br />

conceito tem <strong>de</strong> novo em relação ao conceito<br />

aristotélico do movimento é a aplicação ao<br />

mundo da história e a extensão a todos os aspectos<br />

da realida<strong>de</strong>. Mas o caráter finalista,<br />

provi<strong>de</strong>ncialista e substancialista do D. ilustrado<br />

por Hegel tem correspondência com<br />

a doutrina aristotélica do movimento, que também<br />

é finalista e provi<strong>de</strong>ncialista, exigindo<br />

também que aquilo que se <strong>de</strong>senvolve seja<br />

pressuposto pelo próprio D.: não é outro o<br />

significado da superiorida<strong>de</strong> do ato sobre a potência,<br />

a que é <strong>de</strong>dicado um célebre estudo <strong>de</strong><br />

Aristóteles {Mel, IX, 8) (cf. Aro).<br />

DESESPERANÇA (in. Desperation; fr. Désespoir,<br />

ai. Verzweiflung; it. Disperazione). Segundo<br />

Kierkegaard, é "a doença mortal", a doença<br />

própria da personalida<strong>de</strong> humana e que a torna<br />

incapaz <strong>de</strong> realizar-se. Enquanto a angústia<br />

se refere à relação do homem com o mundo, a<br />

D. refere-se à relação do homem consigo mesmo,<br />

em que consiste propriamente o eu. Nessa<br />

relação, se o eu quiser ser ele mesmo, pois é<br />

finito, logo insuficiente a si mesmo, não chegará<br />

jamais ao equilíbrio e ao repouso. E se não<br />

quiser ser ele mesmo chocar-se-á também contra<br />

uma impossibilida<strong>de</strong> fundamental. Em um e<br />

outro caso tropeçará na D., que é "viver a morte<br />

do eu", isto é, a negação da possibilida<strong>de</strong> do<br />

eu na vã tentativa <strong>de</strong> torná-lo auto-suficiente<br />

ou <strong>de</strong>struí-lo em sua natureza (A doença<br />

mortal, 1849, esp. parte I, C). Também para<br />

Jaspers a D. é um dos aspectos fundamentais<br />

da existência (Phil, II, 266 ss.; II, 225 ss.).<br />

DESIGNADO (kit. Designatum; in. Designate).<br />

Na lógica contemporânea enten<strong>de</strong>-se por essa<br />

palavra o objeto qualquer, existente ou inexistente,<br />

que o signo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>notar. O <strong>de</strong>notado,<br />

ao contrário, é algo <strong>de</strong> existente. Entre "<strong>de</strong>signação"<br />

e "<strong>de</strong>notação" estabelece-se distinção<br />

análoga, mas ambas significam a referência <strong>de</strong><br />

um signo ao seu objeto (cf. DEWEY, Logic, cap.<br />

XVIII; trad. it., p. 473; MORRIS, Foundations of<br />

lhe Theory of Signs, § 7; trad. it., p. 69) (v.<br />

SEMIÓTICA).<br />

DESIGNADOR (in. Desígnator). Termo<br />

empregado por Morris para indicar uma espécie<br />

<strong>de</strong> signo, mais precisamente aquela pela<br />

qual "o intérprete dispõe-se a seqüências <strong>de</strong><br />

respostas <strong>de</strong>terminadas por um objeto que tem<br />

certas características" (Signs, Language and<br />

Behauior, 1946, III, 3). Carnap empregou esse<br />

termo para indicar "todas as expressões às quais<br />

se aplica uma análise semântica do significado,<br />

<strong>de</strong> tal modo que a classe dos D. seja mais vasta<br />

ou mais restrita conforme o método <strong>de</strong> análise<br />

empregado" (Meaning and Necessity, § 1).<br />

DESMITIFIÇAÇÃO (ai. Entmythologisierung,<br />

fr. Démythisation, it. Demítizzazione). Corrente<br />

teológica <strong>de</strong> Rudolf Bultmann que ten<strong>de</strong> a libertar<br />

a mensagem cristã (ketygma) do mito<br />

cosmológico com que está unida no Novo Testamento.<br />

Libertada das imagens e dos símbolos<br />

do mito, a mensagem cristã é um diagnóstico<br />

da existência humana no mundo, ou seja, do<br />

homem existente historicamente nas ocupações,<br />

na angústia, no instante <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão entre<br />

passado e futuro. A uma existência assim<br />

entendida a salvação apresenta-se como<br />

acontecimento que <strong>de</strong>ve ocorrer no futuro e<br />

com o qual Deus põe fim ao mundo e à sua<br />

história (R. BULTMANN, Offenbarung undHeilsgeschehen,<br />

1941; Geschichte und Escatologie,<br />

1958; Kerygma undMythos (<strong>de</strong> vários autores),<br />

5 vols., 1948-55].<br />

DESORDEM (in. Disor<strong>de</strong>r, fr. Désordre, ai.<br />

Unordnung; it. Disordine). Numa análise célebre<br />

(Évol. créatr, cap. III), Bergson mostrou o caráter<br />

e a função positiva da noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

Ela não exprime a ausência absoluta <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m, mas só a ausência da or<strong>de</strong>m procurada<br />

e a presença <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m diferente (do mesmo<br />

modo como se diz "Não há versos" quando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!