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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SILOGÍSTICA 899 SILOGÍSTICA<br />

Segundo Boole, "os processos elementares da<br />

lógica são idênticos aos processos elementares<br />

da aritmética" (Ibicl., p. 11): afirmação que serviu<br />

<strong>de</strong> base para toda a evolução posterior da<br />

lógica matemática. Mas com isso o S. era <strong>de</strong>finitivamente<br />

<strong>de</strong>rrubado <strong>de</strong> seu trono <strong>de</strong> tipo fundamental<br />

do raciocínio <strong>de</strong>dutivo, feito que a<br />

crítica empirista não lograra totalmente. Des<strong>de</strong><br />

então, o S. <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um capítulo autônomo<br />

da lógica, e a preocupação dos lógicos<br />

em relação a ele consiste unicamente em<br />

mostrar que ele po<strong>de</strong> ser resolvido e expresso<br />

nas fórmulas <strong>de</strong> cálculo que preferirem:<br />

preocupação que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser acompanhada<br />

por perplexida<strong>de</strong> (cf., p. ex., W. v. O.<br />

QHNK, Metbodsof Logic, 1952, § 14: A. CHIRCH,<br />

Introduction to Mathemutical Logic, J 956.<br />

§ 46.22).<br />

Como já dissemos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

discussão sobre seus fundamentos, a valida<strong>de</strong><br />

do S. foi questionada várias vezes do ponto <strong>de</strong><br />

vista do empirismo. Para Sexto Empírico, o S.<br />

ou era a repetição inútil do que já se conhece,<br />

ou um círculo vicioso: isso porque a premissa<br />

maior ("Todos os homens são mortais") implicaria<br />

já a verda<strong>de</strong> da conclusão ("Sócrates é<br />

mortal") (Pirr. hyp., I, 163-64; II, 196). Stuart<br />

Mill observava a propósito que não existe círculo<br />

vicioso, porque, ao se chegar à proposição<br />

geral, a inferência terá terminado, e só nos<br />

restará "<strong>de</strong>cifrar nossas observações" (Logic, II.<br />

3. 2). Mas isso significa reduzir o S. á simples<br />

<strong>de</strong>cifraçào <strong>de</strong> notas já possuídas. Bacon observara<br />

que "o S. torça o assentimento, mas não a<br />

realida<strong>de</strong>" (Nor. Org., I, 13). Foi essa a idéia<br />

que, graças a Loeke, prevaleceu no que se refere<br />

á natureza do S.: este não <strong>de</strong>scobre nem<br />

idéias nem a correlação entre idéias, que só a<br />

mente po<strong>de</strong> perceber, mas "<strong>de</strong>monstra apenas<br />

que, se a idéia do meio concorda com as outras<br />

a que se refere imediatamente <strong>de</strong> ambos os<br />

lados, então essas duas idéias distantes (ou das<br />

extremida<strong>de</strong>s) certamente concordam". Assim,<br />

"a conexão imediata <strong>de</strong> cada idéia com aquelas<br />

a que se aplica <strong>de</strong> ambos os lados — conexão<br />

<strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a força cio raciocínio — é bem<br />

percebida tanto antes do S. quanto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le,<br />

pois ao contrário quem faz o S. nunca po<strong>de</strong>ria<br />

enxergá-la" (Ensaio, IV, 17, 4). Essa famosa crítica<br />

<strong>de</strong> Locke <strong>de</strong>u início á perda <strong>de</strong> supremacia do<br />

S., o que terminaria com o predomínio da lógica<br />

matemática na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX.<br />

SILOGÍSTICA (in. Syllogislic, fr. Syllogistique,<br />

ai. Syllogíslik it. Sillogistica). É a teoria<br />

do silogismo (v.). Desenvolvida pela primeira<br />

vez por Aristóteles em Analylica priora, em<br />

poucos anos transformar-se-ia no cerne da lógica,<br />

continuando como tal até o advento da lógica<br />

matemática contemporânea. A parte mais<br />

antiga é a teoria do silogismo <strong>de</strong>dutivo categórico,<br />

exposta pelo próprio Aristóteles. Este fixa<br />

os quatro modos válidos da primeira figura (as<br />

figuras são caracterizadas pela posição do termo<br />

médio: na primeira, funciona como sujeito<br />

na premissa maior e como predicado na menor;<br />

na segunda, é predicado em ambas as<br />

premissas; na terceira é sujeito em ambas, don<strong>de</strong><br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> converter uma das<br />

premissas. Os modos dispòem-se assim: em<br />

primeiro lugar, os que concluem com uma proposiçào<br />

universal afirmulivn, <strong>de</strong>pois o.s que<br />

concluem com uma universal negativa, em seguida<br />

os que concluem com uma particular<br />

afirmativa e finalmente os que concluem com<br />

uma particular negativa). A seguir, passa à análise<br />

dos modos possíveis da segunda e da terceira<br />

figuras, <strong>de</strong>monstrando sua redutibilida<strong>de</strong>.<br />

principalmente por meio da técnica <strong>de</strong> conrcrsào(v.),<br />

a modos correspon<strong>de</strong>ntes da primeira.<br />

Depois disso, Teofrasto formulou os modos da<br />

quarta figura, mas parece que seu reconhecimento<br />

e sua exposição como figura in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

couberam a Galeno. Todavia, mais tar<strong>de</strong>,<br />

vários lógicos como Averróis, Zabarella e. na<br />

ida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, Wolff e Kant, pronunciaram-se<br />

contrários a ela, pois a consi<strong>de</strong>raram substancialmente<br />

inútil. De fato os modos <strong>de</strong>ssa figura<br />

não passam <strong>de</strong> modos indiretos da primeira,<br />

com permuta das duas premissas; além disso,<br />

alguns <strong>de</strong>les (o primeiro e o quarto) não "concluem<br />

necessariamente" (condição essencial,<br />

segundo Aristóteles, para que haja silogismo).<br />

A essas quatro figuras, o.s lógicos mo<strong>de</strong>rnos<br />

acrescentaram os cinco modos "fracos" obtidos<br />

da primeira e da segtinda (e quarta) por subalternação<br />

(substituição da conclusão universal<br />

por uma particular).<br />

Essa teoria, já amplamente explorada pelos<br />

fomentadores cio fim da Antigüida<strong>de</strong>, peripatéticos<br />

e neoplatônicos, e <strong>de</strong>pois sintetizada<br />

por Boécio, foi reelaborada pelos lógicos medievais,<br />

tornando-se extremamente formalista.<br />

Com efeito, coube aos gran<strong>de</strong>s terministas medievais<br />

transformar todos os modos em fórmulas,<br />

<strong>de</strong> acordo com uma técnica complicada:<br />

com quatro vogais (a, e, i, o) indicaram os quatro<br />

tipos <strong>de</strong> proposição (respectivamente: universal<br />

afirmativa [a], universal negativa \el, par-

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