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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EMANATISMO 310 EMINÊNCIA<br />

Emanation; it. Emanazione). Uma forma <strong>de</strong><br />

causação com as seguintes características: I a<br />

necessida<strong>de</strong> do efeito em relação à causa ou<br />

força que o produz; 2 a continuida<strong>de</strong> entre causa<br />

e efeito, pela qual o efeito continua a ser<br />

parte <strong>de</strong> sua causa; 3 a inferiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valor do<br />

efeito em relação à causa; 4 a eternida<strong>de</strong> da relação<br />

entre causa emanente e efeito emanado. As<br />

características I a , 2 a e 4 a diferenciam a E. da criação,<br />

ao passo que a característica 3 a é comum à<br />

E. e à criação. As características 2 a , 3 a e 4 a diferenciam<br />

a E. das formas comuns da causação.<br />

O conceito <strong>de</strong> E. foi elaborado pela primeira<br />

vez por Plotino: "Todos os seres, enquanto permanecem,<br />

produzem necessariamente em torno<br />

<strong>de</strong> si e <strong>de</strong> sua substância uma realida<strong>de</strong> que<br />

ten<strong>de</strong> para o exterior e provém <strong>de</strong> sua atualida<strong>de</strong><br />

presente. Essa realida<strong>de</strong> é como uma imagem<br />

dos arquétipos dos quais nasceu: é assim<br />

que do fogo nasce o calor e que a neve não<br />

retêm em si o frio. Mas são principalmente os<br />

objetos perfumados que provam isso, pois, enquanto<br />

existem, algo emana <strong>de</strong>les e em torno<br />

<strong>de</strong>les, uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que usufruem todos os<br />

que estão próximos. Além disso, todos os seres<br />

que chegaram à perfeição geram; por isso,<br />

o ser que é sempre perfeito gera sempre: gera<br />

um ser eterno, mas inferior a ele" {Enn., V, 1,<br />

6). Esse trecho <strong>de</strong> Plotino contém a noção clássica<br />

<strong>de</strong> E., que permaneceu inalterada na história<br />

da <strong>filosofia</strong>. De fato, apresenta-se com as<br />

mesmas características em Proclo {Instituições<br />

teol., pp. 27 ss.), em Scotus Erigena {De divis.<br />

nat., III, 17) e em todos os que utilizam essa<br />

noção. Em geral, caracteriza a relação que o<br />

panteísmo antigo (antes <strong>de</strong> Spinoza) estabelece<br />

entre Deus como força ou princípio animador<br />

do mundo e as coisas ou os seres do mundo.<br />

Emanatista é, p. ex., a relação entre o artífice<br />

interno, <strong>de</strong> que fala G. Bruno, e as coisas naturais,<br />

que são manifestações suas, necessárias e<br />

eternas {De Ia causa, I). Mas não é emanatista,<br />

embora conserve algumas características da E.<br />

(a I a , a 2 a e a 4 a ), a relação que Spinoza estabelece<br />

entre Deus ou a Natureza e as coisas do<br />

mundo: relações por ele i<strong>de</strong>ntificadas como<br />

aquelas graças às quais "da natureza do triângulo<br />

resulta que a soma dos ângulos <strong>de</strong> um<br />

triângulo é igual a dois retos", ou seja, com<br />

necessida<strong>de</strong> geométrica {Et., I, 17. scol); que<br />

é, <strong>de</strong> resto, uma forma <strong>de</strong> causação ordinária<br />

(v. CAUSALIDADE).<br />

EMANATISMO (in. Emanationism; fr. Emanatisme,<br />

ai. Emanatísmus; it. Emanatismó).<br />

Toda doutrina que reconheça como válida a teoria<br />

da emanação. Devem ser consi<strong>de</strong>rados como<br />

formas <strong>de</strong> E. o neoplatonismo antigo, o<br />

naturalismo <strong>de</strong> Giordano Bruno, o panteísmo <strong>de</strong><br />

Schelling e outras formas <strong>de</strong> panteísmo contemporâneo.<br />

EMERGÊNCIA (in. Emergence, fr. Émergence;<br />

ai. Emergenz, it. Emergenza). Termo<br />

empregado pelos anglo-saxões para indicar<br />

o caráter criativo da evolução (v. CRIAÇÀO).<br />

EMINÊNCIA (lat. Eminentia; in. Eminence,<br />

fr. Eminence, ai. Eminenz-, it. Eminenza). Priorida<strong>de</strong><br />

ontológica, ou seja, a perfeição. Eminente<br />

significa "mais perfeito"; e eminentementesignifica<br />

"<strong>de</strong> modo mais perfeito". Essa noção tem<br />

origem na hierarquia dos seres, estabelecida<br />

em Instituições teológicas <strong>de</strong> Proclo e repetida<br />

nos escritos do Pseudo-Dionísio (cf. especialmente<br />

De div. nom., VII). S. Tomás dizia:<br />

"Quando se diz 'Deus é bom' ou 'sábio', enten<strong>de</strong>-se<br />

não só que ele é causa da sabedoria<br />

ou da bonda<strong>de</strong>, mas que essas coisas preexistem<br />

nele <strong>de</strong> modo mais perfeito (eminentius)" {S.<br />

Th., I, q. 13, a. 6). Na escolástica tardia, começou-se<br />

a <strong>de</strong>signar via Eminentiae a prova da<br />

existência <strong>de</strong> Deus que, da existência <strong>de</strong> graus<br />

diversos <strong>de</strong> perfeição no mundo, interfere a existência<br />

do grau eminente ou mais perfeito <strong>de</strong><br />

todos (v. DEUS, PROVAS DE): sua expressão se<br />

encontra, p. ex., em Duns Scot {Op. Ox, 1, d.<br />

2, q. 2, a. 1, n. 17), que se preocupa, em outro<br />

passo, em <strong>de</strong>finir essa palavra no sentido <strong>de</strong><br />

"aquilo que é mais perfeito e mais nobre segundo<br />

sua essência e, nesse sentido, prece<strong>de</strong>nte"<br />

{Deprimo principio, ed. Roche, p. 4).<br />

Descartes emprega esse termo com o mesmo<br />

sentido: "A pedra que ainda não existe não<br />

po<strong>de</strong> começar a existir agora, se não for produzida<br />

por uma coisa que possui em si, formal<br />

ou eminentemente, tudo aquilo que entra na<br />

composição da pedra, isto é, que contém em si<br />

as mesmas coisas ou outras mais excelentes,<br />

que estão contidas na pedra" {Méd., III, 2; II<br />

Rép., <strong>de</strong>f. IV). Por sua vez, Spinoza diz.- "Entendo<br />

por 'eminentemente' que a causa contém<br />

toda a realida<strong>de</strong> do efeito mais perfeitamente<br />

do que o próprio efeito" {Ren. Cart. Princ.<br />

Phil, I, ax. 8). Generalizando essa noção e<br />

expressando-a em termos negativos, Wolff dizia:<br />

"Por E. enten<strong>de</strong>-se o ente que, a rigor, não<br />

existe, ao passo que existe algo que faz as vezes<br />

<strong>de</strong>le e que propriamente não lhe po<strong>de</strong> ser<br />

atribuído" {Ont., § 845).

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