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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SABEDORIA 2 864 SABEDORIA 2<br />

Hegel acentuava o caráter humano e terreno<br />

cia S., ao falar <strong>de</strong> uma 5. terrena ( Weltweisbeit),<br />

que o Renascimento teria oposto como razão<br />

humana, à razão divina, à religião (Geschichle<br />

<strong>de</strong>r Pbilosophie, ed. Glockner, 1. pp. 92 ss.).<br />

Schopenhauer acentua ainda mais o caráter terreno<br />

da S., enten<strong>de</strong>ndo por ela "a arte <strong>de</strong> levar<br />

a vida da maneira mais agradável e feliz possível"<br />

(Aphorismen zur Lebensweisbeil, Pref.).<br />

Para os filósofos contemporâneos a palavra<br />

S., em suas duas acepções, parece solene <strong>de</strong>mais<br />

para que eles se <strong>de</strong>tenham na tarefa <strong>de</strong><br />

esclarecer seu conceito. No entanto, para eles.<br />

assim como para os antigos, a S. continua ligada<br />

à esfera dos afazeres humanos, e po<strong>de</strong>-se<br />

dizer que é constituída pelas técnicas antigas<br />

ou novas <strong>de</strong> que o homem dispõe para a melhor<br />

conduta <strong>de</strong> vida.<br />

SABEDORIA 2 (gr. oocpía; kit. Sapieniia-, in.<br />

Wisdom, fr. Sagesse, ai. Weisheit; it. Sapieiiza).<br />

É o conhecimento superior cias coisas excelentes.<br />

Caracteriza-se: 1" por ser o grau mais elevado<br />

<strong>de</strong> conhecimento, ou seja. o mais sólido<br />

e completo; 2" por ter como objetivo as coisas<br />

mais elevadas e sublimes, que são as coisas divinas.<br />

Esse, pelo menos, foi o conceito inicial para<br />

distinguir os dois tipos <strong>de</strong> S., o que ocorreu em<br />

Aristóteles. Até ele, e mesmo em Platão, o conceito<br />

era um só e i<strong>de</strong>ntificava-se com o <strong>de</strong> sabedoria<br />

como conduta racional da vida humana<br />

(cf. PLATÀO, Rep. 428 b; 4-33 e). Aristóteles<br />

distinguiu e contrapôs as duas coisas: "A sofia é<br />

o mais perfeito dos saberes. Quem o <strong>de</strong>tém<br />

<strong>de</strong>ve saber não só o que <strong>de</strong>riva dos princípios,<br />

mas também conhecer os princípios. Assim, a<br />

5. po<strong>de</strong> ser chamada ao mesmo tempo <strong>de</strong> intelecto<br />

e ciência, e, encabeçando todas as ciências,<br />

será a ciência das coisas mais excelentes"<br />

(Et. nic, VI, 7, 11 4 Ia 16). Intelecto e ciência<br />

têm aí o sentido específico <strong>de</strong>finido por Aristóteles:<br />

intelecto (voüç) como conhecimento direto<br />

dos princípios da <strong>de</strong>monstração (Ibid.. VI,<br />

6, 1141 a 7), ciência como "hábito cia <strong>de</strong>monstração"<br />

ou faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar (Ibid., VI. 3<br />

1139b 3D. Portanto, a S. (aocpíoO é o conhecimento<br />

mais certo e perfeito, por ser, ao mesmo<br />

tempo, conhecimento dos princípios e das <strong>de</strong>monstrações<br />

que <strong>de</strong>les resultam. Além disso,<br />

como tal, também é a ciência das coisas mais<br />

elevadas e sublimes. "Por natureza, há outras<br />

coisas muito mais divinas que o homem, como<br />

os astros luminosos <strong>de</strong> que se compõe o mundo.<br />

(...) Por isso se diz que Anaxágoras, Tales<br />

e outros homens <strong>de</strong>sse tipo são sábios, porque<br />

não conhecem as coisas que lhes são úteis,<br />

mas as coisas excepcionais, maravilhosas, difíceis<br />

e divinas, porém inúteis, visto que não<br />

indagam acerca dos bens humanos" (Ibid.<br />

VI, 7, 1041 b 1). Portanto, o objeto específico<br />

da S. é o necessário, aquilo que não po<strong>de</strong> ser<br />

cie outro modo (Ibid., 1041 b 11), ao passo<br />

que a S. tem por objetivo as ativida<strong>de</strong>s humanas<br />

mutáveis e contingentes. Essa doutrina <strong>de</strong><br />

Aristóteles constitui um dos aspectos que mais<br />

acentuam a divergência entre ele e Platão, porquanto<br />

a <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> Platào tem em mira a<br />

sabedoria humana, enqtianto a <strong>de</strong> Aristóteles<br />

opõe a esta a sabedoria divina. A afirmação cio<br />

primado <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> S. caracteriza as <strong>filosofia</strong>s<br />

cie tipo contemplativo, tanto quanto a afirmação<br />

da superiorida<strong>de</strong> cia sabedoria prática<br />

caracteriza as <strong>filosofia</strong>s orientadoras (v. FILO-<br />

SOFIA. II).<br />

Em vista do caráter "divino" da S. (oocpía),<br />

não admira que nas <strong>filosofia</strong>s <strong>de</strong> fundo religioso<br />

da época alexandrina e posteriores, ela tenha<br />

sido substancializada e entendida como uma<br />

espécie cie intermediária entre Deus e o mundo;<br />

um equivalente do logos (v.). Segundo<br />

Plotino. há uma S. que é substância, e nenhuma<br />

outra S. é melhor que ela: "cria todos os seres,<br />

todos emanam <strong>de</strong>la; ela mesma é os seres<br />

que nascem com ela e com ela se i<strong>de</strong>ntificara,<br />

<strong>de</strong> tal maneira que S. e substância são uma única<br />

coisa "(A'»»., V, 8, -í). Esta concepção já se<br />

encontrava no livro bíblico cia Sabedoria, on<strong>de</strong><br />

se cliz; "É um vapor da virtu<strong>de</strong> divina e uma<br />

emanação sincera da luz <strong>de</strong> Deus onipotente. É<br />

esplendor cia luz eterna, espelho imaculado da<br />

majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus e a imagem <strong>de</strong> Sua bonda<strong>de</strong>.<br />

Embora sendo una, po<strong>de</strong> tudo, e, permanecendo<br />

em si, inova todas as coisas e transportase<br />

cie nação a nação nas almas santas, que<br />

constituem os amigos <strong>de</strong> Deus e os profetas"<br />

(Proc. VII, 25-27). Por outro lado, os gnósticos<br />

haviam personificado a S., transformando-a na<br />

última emanação ou co>i. que quer sair <strong>de</strong> seu<br />

estudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e alcançar o conhecimento direto<br />

do Pai URINEI', Adi', llaer. II, 5). Os próprios<br />

estóicos chamaram Deus, como alma do<br />

mundo, cie "perfeita S." (CÍCERO, Acad., I, 29).<br />

A <strong>filosofia</strong> medieval, com S. Tomás, retoma<br />

o conceito aristotélico <strong>de</strong> S. Segundo ele, a S.<br />

tern em comum com todas as ciências a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir conclusões <strong>de</strong> princípios,<br />

mas também tem algo mais que as outras ciências,<br />

"porquanto julga todas as coisas, não só<br />

quanto às conclusões, mas também quanto

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