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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EXPERIÊNCIA 414 EXPERIMENTO<br />

xões lógicas, ao mesmo tempo que as leis lógicas<br />

são outras tantas asserções do sistema, outros<br />

tantos elementos do campo... Mas o campo<br />

total é tão sub<strong>de</strong>terminado pelas condições<br />

limítrofes, ou seja, pela E., que há gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong><br />

na escolha das asserções a serem reavaliadas<br />

à luz <strong>de</strong> uma E. contrária isolada"<br />

(From a Logical Point of Vietv, II, 6). Portanto,<br />

mesmo uma afirmação muito próxima da periferia<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>ira se comparada<br />

a uma E. recalcitrante, consi<strong>de</strong>rando esta<br />

como ilusória ou reformando algumas das<br />

asserções chamadas <strong>de</strong> leis lógicas (como ocorreu,<br />

p. ex., com o princípio do terceiro excluído).<br />

Mas nenhuma asserção está imune à revisão.<br />

É significativo que justamente um dos<br />

maiores lógicos contemporâneos tenha liquidado<br />

o pressuposto lógico da doutrina da E. como<br />

intuição, e que um dos maiores expoentes do<br />

neo-empirismo contemporâneo tenha procurado<br />

liqüidar esse mesmo conceito <strong>de</strong> experiência.<br />

Na realida<strong>de</strong>, este segundo intento não foi<br />

levado a cabo por Quine. Admitir para o campo<br />

total do saber a composição <strong>de</strong> conceito e sensação<br />

que se nega aos componentes individuais<br />

do saber só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma posição<br />

provisória. Quine fala ainda do "fluxo <strong>de</strong> E."<br />

(Jbid, II, 6) no mesmo sentido em que Hume<br />

podia falar do fluxo das impressões, e afirma<br />

que os objetos físicos, <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong>sse fluxo,<br />

por seu caráter mítico, não são diferentes dos<br />

<strong>de</strong>uses <strong>de</strong> Homero. Nesse aspecto, ele sofre a<br />

influência da obra <strong>de</strong> Duhem (La théorie physique,<br />

1906). Mas pelas mesmas observações<br />

feitas por Quine o fluxo da E. <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado<br />

um conceito mítico, pois seria uma sucessão<br />

ou corrente <strong>de</strong> intuições instantâneas,<br />

um suce<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s empíricas elementares,<br />

e suporia, portanto, a existência <strong>de</strong> tais unida<strong>de</strong>s<br />

elementares que a crítica <strong>de</strong> Quine contribuiu<br />

para eliminar.<br />

Em conclusão, hoje se entrevê a exigência<br />

<strong>de</strong> passar da teoria gnosiológica da E. para uma<br />

teoria metodológica. Para a teoria gnosiológica,<br />

a E., como forma, elemento ou categoria em si,<br />

é formada por elementos próprios, característicos<br />

e irredutíveis, aos quais, portanto, <strong>de</strong>ve ser<br />

reduzido, direta ou indiretamente, todo enunciado<br />

empírico. Uma teoria <strong>de</strong>sse gênero tem<br />

como pressuposto uma classificação preliminar<br />

e rígida das formas <strong>de</strong> conhecimento e também,<br />

portanto, das formas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> humana<br />

(teoria-prática; lógica/linguagem/razâo-E.;<br />

enunciados empíricos-unida<strong>de</strong>s empíricas ele-<br />

mentares; lógica centro-E. periferia). Uma teoria<br />

metodológica da E. <strong>de</strong>veria, ao contrário,<br />

prescindir <strong>de</strong> qualquer classificação preliminar<br />

e, em todo caso, <strong>de</strong> qualquer rigi<strong>de</strong>z classificatória<br />

das ativida<strong>de</strong>s humanas em seu conjunto.<br />

Suas análises <strong>de</strong>veriam ser aplicadas aos procedimentos<br />

efetivos <strong>de</strong> verificação e averiguação<br />

<strong>de</strong> que o homem dispõe, seja como organismo,<br />

seja como cientista. A análise <strong>de</strong>sses<br />

procedimentos <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>terminar as condições<br />

e os limites <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um. Só <strong>de</strong>sse<br />

modo, o exame dos componentes lógicolingüísticos<br />

nunca se separaria do exame dos<br />

componentes factuais, segundo a exigência <strong>de</strong><br />

Quine. A própria distinção entre tais componentes<br />

<strong>de</strong>veria ser supérflua em qualquer nível.<br />

Infelizmente, embora a psicologia contemporânea<br />

esteja bem à frente na análise dos<br />

procedimentos <strong>de</strong> verificação e confirmação<br />

<strong>de</strong> que o homem dispõe como organismo (pense-se<br />

sobretudo nas contribuições que a psicologia<br />

funcional tem dado à análise da percepção),<br />

a metodologia científica, ou seja, o exame<br />

dos procedimentos <strong>de</strong> verificação e confirmação<br />

<strong>de</strong> que o homem dispõe na ciência, ainda<br />

não passa <strong>de</strong> intenção. Está claro que, do ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma tal metodologia, a E. seria<br />

somente o conjunto dos campos em que as<br />

técnicas <strong>de</strong> verificação ou averiguação <strong>de</strong> que<br />

o homem dispõe se revelassem eficazes.<br />

EXPERIÊNCIA PURA. V. EMPIRIOCRITICISMO.<br />

EXPERIMENTO (lat. Experimentam; in.<br />

Experiment; fr. Expériment; ai. Experiment;<br />

it. Esperimento). Embora essa palavra às vezes<br />

seja usada para indicar a experiência em<br />

geral, seu valor específico é o <strong>de</strong> experiência<br />

controlada ou dirigida, ou seja, <strong>de</strong> observação<br />

(v.). Já na Ida<strong>de</strong> Média esse termo foi<br />

usado com esse sentido (cf., p. ex., OCKHAM,<br />

In Sent., Prol., q. 2, G), mas esse significado só<br />

foi fixado por Bacon, que contrapôs o E.<br />

como experientia litterata, ou seja, guiada e<br />

sustentada por uma hipótese, à experiência<br />

que vai espontaneamente ao encontro do<br />

homem e é casual (Nov. Org., I, 83, 110).<br />

Wolff, por sua vez, dizia: "O E. é uma experiência<br />

que diz respeito a fatos naturais que<br />

só acontecem quando intervém nossa ação"<br />

(Psychol. Empir., § 456). Kant falava no mesmo<br />

sentido <strong>de</strong> um "E. da razão pura", que consistia<br />

em ver se a hipótese da existência do incondicionado<br />

conduz ou não a contradição; se<br />

conduz a contradição, o E. <strong>de</strong>monstra que a razão<br />

não po<strong>de</strong> superar os limites da experiência

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