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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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RAZÃO DE ESTADO 830 REAIS CIÊNCIAS<br />

climento só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada em relação à<br />

situação específica que ele permite enfrentar. E<br />

a consi<strong>de</strong>ração da R. remete <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo (como<br />

queria Husserl) à consi<strong>de</strong>ração das esferas ou<br />

dos campos específicos, unicamente em relação<br />

aos quais se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir sobre a racionalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um procedimento. Deste último<br />

ponto <strong>de</strong> vista, a teoria da R. hoje não po<strong>de</strong> ser<br />

dada por uma metafísica da R., mas por investigações<br />

metodológicas e críticas que, do exame<br />

<strong>de</strong> procedimentos autônomos <strong>de</strong> que o homem<br />

dispõe em cada campo <strong>de</strong> pesquisa, remontem<br />

às condições gerais em que esses procedimentos<br />

po<strong>de</strong>m *er projetados.<br />

RAZÃO DE ESTADO. João Botero, que introduziu<br />

essa expressão como título <strong>de</strong> um livro<br />

seu (Delia rcigiou di stcito, 1589). usou-a<br />

para <strong>de</strong>signar "a resenha dos meios aptos a<br />

fundar, conservar e ampliar um Estado", que é<br />

"o domínio firme sobre os povos". Mas na realida<strong>de</strong><br />

essa expressão passou a indicar o princípio<br />

do maquiavelirimo vulgar, e isso graças<br />

ao próprio Botero, que, mesmo se opondo a<br />

Maquiavel, admitia o princípio <strong>de</strong> que os fins<br />

justificam os meios em política (v. MAQTIA-<br />

VKI.ISMO).<br />

RAZÃO PREGUIÇOSA (gr. àpyòç A.óyoç; kit.<br />

Ignararatkr.A. Fan/e\'eniiiuft;'tt. Kagionpigra).<br />

Raciocínio ou arguniento que leva à inércia.<br />

Já Platão chamava <strong>de</strong>' preguiçoso o argumento<br />

sofista <strong>de</strong> que é inútil indagar por que não se<br />

po<strong>de</strong> indagar aquilo que se sabe (uma vez que<br />

se sabe) nem aquilo que não se sabe, uma vez<br />

que não se sabe o que indagar (Meu., 86 b).<br />

Mas com o nome <strong>de</strong> R. preguiçosa chegou até<br />

nós especialmente um argumento <strong>de</strong> provável<br />

origem megárica, exposto pelo estóico Crisipo<br />

(Pu TAKCO, Moralia, II, p. 5 7 4 e: cf. Stoicorum<br />

fragmenta, II, p. i 7 " 7 ), que Cícero assim relatou:<br />

"Se for teu <strong>de</strong>stino curar-te <strong>de</strong>ssa doença,<br />

vais curar-te recorrendo ou não a um médico.<br />

Assim também, se for teu <strong>de</strong>stino não te curares<br />

<strong>de</strong>ssa doença, não vais curar-te recorrendo<br />

ou não ao médico. Ora, teu <strong>de</strong>stino é uma <strong>de</strong>ssas<br />

duas coisas; portanto, <strong>de</strong> nada te adianta recorrer<br />

ao médico" (Defalo. 12. 28). Leibniz fez<br />

alusão a esse velho argumento megárieo ou<br />

estóico ( Tcod.. I, 55). Mais genericamente. Kant<br />

chama <strong>de</strong> R. preguiçosa "todo princípio que<br />

leve a consi<strong>de</strong>rar como absolutamente cumprida<br />

a investigação, <strong>de</strong> tal modo que a R. se<br />

tranqüiliza, ao dar por cumprida sua tarefa"<br />

(Crít. R. Pura, Dialética. Apêndice à Dialética<br />

transcen<strong>de</strong>ntal: do objetivo final, etc). E neste<br />

sentido mais geral que essa expressão costuma<br />

ser usada até nossos dias.<br />

RAZÃO PURA. V. Pr RO.<br />

RAZÃO SUFICIENTE. V. FUNDAMENTO.<br />

RAZOÁVEL Vlat. Ralionabihs ou RiUioimin-,<br />

in. Reasonable. fr. Raisonable, ai. Venuinftig,<br />

it. Ragiouerole). Aquilo que está em conformida<strong>de</strong><br />

com a razão ou com ;is regras que ela<br />

prescreve em <strong>de</strong>terminado campo <strong>de</strong> pesquisa<br />

ou em geral. Neste sentido. Locke talava da<br />

"racionabilida<strong>de</strong> do cristianismo". Fala-se também<br />

<strong>de</strong> "certeza R." para <strong>de</strong>signar a certeza que<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida das regras do domínio a<br />

que se faz alusão, mas não é absoluta. Devvey<br />

diz: "A racionabilida<strong>de</strong> é questão <strong>de</strong> relação<br />

entre os meios e os fins. (...) F R. buscar e escolher<br />

os meios que, com toda a probabilida<strong>de</strong>,<br />

produzirão os efeitos <strong>de</strong>sejados" (Logic. I; trad.<br />

it., pp. 4l--t2).<br />

Como correlativo cie racionabilida<strong>de</strong>. o termo<br />

R. implica uma conotação limitativa que,<br />

em primeiro lugar, exclui a infalibilida<strong>de</strong> da razão<br />

e, em segundo, inclui a consi<strong>de</strong>ração dos<br />

limites e das circunstâncias em que a razão<br />

vera a agir. Portanto, "ser R." significa, na língua<br />

comum, dar-se conta das circunstâncias c das<br />

limitações que elas comportam, renunciandose<br />

a atitu<strong>de</strong>s absolutas, sejam elas teóricas ou<br />

práticas.<br />

RAZÕES SEMINAIS (gr. AÓyoi OKepuaxtKOÍ:<br />

lat. Nalionesseniinales). Partes da razão divina<br />

que dão origem às coisas. Segundo os estóicos,<br />

assim como todo ser vivo é produzido por uma<br />

semente, todas as coisas são produzidas por<br />

uma partícula da razão divina, que por isso é<br />

uma semente racional. Essa noção ressalta a<br />

pre<strong>de</strong>terminaçào daquilo que é gerado (AKCIO,<br />

Plac. ir. 33; cf. J. STOBKO, I-cl., I, P. 3); foi<br />

retomada pelos neoplatônicos (cf. PI.OTINO, Emi.<br />

II. 3. 16) e por S. Agostinho (Pe diivrsisc/itaestionibns.<br />

83, q. 46),<br />

REAÇÃO (in. Reaction-. fr. Réactioir. ai.<br />

Reac/ion: it. Reazione). 1. Ação igual e <strong>de</strong> sentido<br />

contrário a <strong>de</strong>terminada ação. E neste sentido<br />

que a física nevvtoniana utiliza essa palavra.<br />

2. Em psicologia: qualquer resposta a um<br />

estímulo. Tempo <strong>de</strong> reação: intervalo entre estímulo<br />

e resposta.<br />

.3. Em política: movimento que ten<strong>de</strong> a anular<br />

ou a neutralizar os efeitos <strong>de</strong> uma revolução<br />

ou <strong>de</strong> uma mudança qualquer, ou mesmo impossibilitar<br />

a ocorrência <strong>de</strong> mudanças.<br />

REAIS CIÊNCIAS. V. CIÊNCIAS, CLASSIFICA-<br />

ÇÃO DAS.

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